Ele voa sem abrir as asas
Rodrigo parecia ( não!), estava em outro mundo. A única expressão que conseguia decifrar era “sabe, amorzinho?”. Perdera as contas já. As veias faltavam pular pelo seu rosto. Muitas vezes queria berrar, sair dali para nunca mais voltar.
Maria não poderia sentir-se mais realizada: o homem que amava há anos agora era seu. Notem: seu. Adorava as “conversas filosóficas” que tinham. Abria um sorriso cada vez que ele lhe lançava um olhar.
Talvez fosse por comodidade, por não querer abster-se do sexo ou por pura falta de amor próprio, Rodrigo não encontrava meios de lhe dizer não...de parar Maria. Pensava que seus “nãos” tornaram-se infinitos demais para possuírem alguma afirmação.
Um pensamento a atormentava: aquela noite de amor com seu cunhado. Lágrimas haviam sido derramadas, mas aquele sentimento era mais forte do que pudera suportar. Não encontrava meios de contar a seu amado, que, na verdade era tão amado assim?
Sua cabeça estava prestes a explodir. Nunca pensava que uma doce voz feminina poderia ser tão...ah! “Se eu der um passo à frente, quantos cairei? Sou mesmo tão covarde? Sou um...”
- ...sabe, amorzinho?
Voltou dos devaneios, percebendo a brancura de seus dentes lhe sorrindo.
E contínuas dores de cabeça prolongaram-se...