Tentação    ( parte XIII )       ( continuação do capítulo anterior )
 
 
Silveira conversava com seu sogro sobre os acontecimentos na Fazenda Solidão, a compra dos escravos, o alto valor de mercado de um escravo, apesar das leis abolicionistas aprovadas, como a lei do ventre livre, a lei de regulamentação do mercado de venda dos escravos que obrigava que não poderia haver separação de familiares, enfim,  a repercussão sob a forma de custos da produção e como seria afetada a economia no caso da abolição da escravatura.
- Senhor Silveira, eu não tenho escravos e não os terei...  Não é pelo preço ou custo, tenho dinheiro suficiente para comprá-los e sustentá-los, mas é por uma questão de princípios que não o faço...
- O senhor é um abolicionista, perguntou Silveira, admirado.
- Não, pelo contrário, acho que o governo deveria deixar tudo como está...
- Não estou entendendo,  senhor Adalberto...
- Não quero escravos porque não aceito conviver com eles, são pessoas imundas, mal cheirosas, repelentes, não deveriam ter vindo da África para poluir o nosso continente, lá é que é o lugar deles, entre os leões e as zebras... Conviver com essa gentalha nos contamina, senhor Silveira.   Muito bem fazem os americanos que os segregam de suas vidas, não deixam que eles se misturem, eles são a praga que veio para a América.
- Pois da minha parte, senhor Adalberto, desde que morava no Rio de Janeiro, no meu ramo de comércio empreguei muitos negros alforriados e tive muito boa experiência com eles. Veja como exemplo o Machadão, é um ótimo empregado, responsável e de muita confiança.  Quantas vezes confiei dinheiro à ele para fazer pagamentos ou compras e ele nunca mexeu em um tostão sequer.
Os escravos  que estão lá em casa, senhor Adalberto, embora seja ainda muito cedo para emitir uma opinião final, até agora demonstraram serem trabalhadores, obedientes e competentes no que fazem.
- Pois tome cuidado, o senhor pode ter um desgosto, conheço muitos casos de negros fujões e que sempre foram muito bem tratados onde estavam... Écomo dizem por aí, se não sujam na entrada, sujam na saída!
Foi por isso que não aceitamos a sua negrinha aqui em casa...
- Ela é mulata,completou Silveira, meio incomodado.
- Passou de branco, preto é, senhor Silveira...
 
Ana Luiza que a tudo observava sem emitir opinião, resolveu intervir e desviar o assunto.
- Pois eu estou bem feliz com a chegada dos escravos, estou até pensando, em tão logo as crianças acostumarem com Maria Rosa, para aproveitar e pedir ao meu esposo para me levar para as Águas Minerais de Raposo. A gente poderia se hospedar numa fazenda e  aproveitar dos milagrosos efeitos dessa água. O que o senhor acha, senhor meu marido ?
- Pensei que a senhora iria querer me acompanhar na viagem que terei de fazer ao Rio de Janeiro... Fazer compras de novas roupas... O que a senhora acha ?
- A viagem ao Rio de Janeiro é muito demorada e cansativa, prefiro as Águas de Raposo...
- Mas eu terei que voltar ao Rio de Janeiro para me desfazer do comércio que está em mãos dos sócios que não me remetem os lucros...
E olhou para o senhor Adalberto e completou:
- E são sócios brancos, portugueses, mas não são confiáveis...
A noite foi de reconciliação. Depois de um mal entendido, de uma rusga, cada um quer caprichar mais no seu encontro de amor para afastar de vez aquela impressão daninha.

Ana Luiza estava linda, vestida com uma camisola de leve cor rósea que realçava a sua pele branca e imaculada.  Seus seios, depois do nascimento das crianças, ficaram volumosos e atraentes.
Os dois se abraçaram e beijaram e passaram uma noite perfeita para um casal que ficou por tanto tempo afastado, foi uma verdadeira nova lua de mel. 


                                              ( continua no próximo capítulo)

elzio
Enviado por elzio em 07/03/2013
Reeditado em 23/05/2013
Código do texto: T4176504
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