Tentação ( parte X )       (continuação do capítulo anterior)

De manhã cedo, Silveira acordou com Antonio João deitado ao seu lado, foi um momento de ternura tão grande que ele se comoveu. Era a família reunida novamente, ele, a mulher a as crianças, sentiu-se fortalecido para enfrentar o que viesse pela frente, não haveria obstáculo para impedir a união da sua família.
Ainda na parte da manhã fez uma pausa em tudo para se dedicar aos filhos. Queria se fazer criança novamente e brincar com eles.
Machadão partira para a Fazenda das Pedras  antes do galo cantar, na hora que Silveira fora acordado pelo filho, ele já deveria estar longe.
Ana Luiza tinha ido para a cozinha para colocar Pulcena a par de tudo  como ela gostava de que fosse feito, mostrar-lhe os lugares onde ela guardava os mantimentos, louças, talheres, toalhas, enfim, do material que uma cozinheira tinha de conhecer.

Maria Rosa chegou para cuidar das crianças, colocou as roupas nelas e saiu para brincarem no quintal. Foram para debaixo de um enorme craveiro que ladeava a varanda da entrada e começaram a fazer montinhos de cravos que haviam caído da árvore. E para cada montinho, ela separava e contava:
- Um montinho,dois montinhos, três montinhos, e seguia, parando ao completar o décimo montinho. Assim ficaram brincando até a hora do almoço.

Quando Silveira ficou liberado, mandou selar uma besta e saiu em direção ao rio, indo até a parte mais alta, antes de começar a corredeira. Ao chegar ao lugar que ele tinha eleito como o ponto para a captação de água, ele separou uns galhos de árvore e deslocou-os para servirem como marco de localização. Em resumo,como ele planejara no desenho, a água deveria ser desviada do rio para aproximadamente cinco metros de distância da sua margem, perpendicularmente, através de uma tubulação grossa, de mil milímetros de diâmetro, nesse ponto começaria a canaleta que correria paralela ao leito do rio, seguindo em direção à sede da fazenda. Como havia um bom desnível, ele iria aproveitá-lo para que a água movesse um moinho de roda, que ele havia mandado fazer e que iria instalar a sessenta metros da fazenda. Nesse ponto, um segundo braço do canal, em canaleta bem mais fina, conduziria a água para o consumo residencial. Tudo isso usando o desnível do rio.
O canal principal correria paralelo ao rio e junto à reserva florestal, como se fosse um córrego, perto das árvores.

Voltou e foi buscar Moacir para ouvir a sua opinião. Foram para o local a pé e conversando, Moacir ouviu tudo com muita atenção e lhe disse:
- Patrão, se nós fizermos o canal no formato de V, colocando no fundo telhas meia caneladas em sequência, poderíamos fazer o escoramento lateral com madeira, e selaríamos as ripas de madeira com betume, como fazem no casco de navios...Ficará muito mais fácil e barato, e eu o farei se o senhor me der mais um ajudante, um carro de bois, as serras e material. Não vai ser preciso quebrar pedras e lidar com pedreira, o que é muito perigoso.
Moacir voltou para a fazenda e Silveira, pretendendo analisar a nova proposta, foi novamente para a beira do rio. Quando chegou ao remanso, Maria Rosa estava se banhando.

( continua no próximo capítulo )

elzio
Enviado por elzio em 04/03/2013
Reeditado em 23/05/2013
Código do texto: T4171503
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