Tentação ( parte IV) (leia o capítulo anterior)
Silveira era um homem alto, robusto, de pele muito clara, mas queimada pelo sol, cabelos louros e vasto bigode. Seus olhos de um azul intenso fazia com que ele parecesse um nórdico. Sempre gostava de boas montarias e seus cavalos eram escolhidos a dedo, uma de suas éguas de raça árabe, tinha sido campeã na sua categoria. Logo que saíram em direção à Fazenda da Solidão, começou a comparar, ele que sempre montava os melhores cavalos, estava ali dirigindo uma charrete e perguntou para Maria Rosa:
- Você sabe guiar a charrete?
- Sei, quer que eu guie?
Ele entregou a rédea e ela continuou a guiar a charrete. Quando chegou numa ladeira, o cavalo parou e ela vacilante não sabia o que fazer. Silveira retomou a rédea e aproveitou para dizer:
- As mulheres não devem comandar as ações, devem deixar para os homens fazer. E riram do acontecido.
Quando passaram perto do regato onde tinham parado na ida, pararam novamente e desceram. Maria Rosa aproveitou, tirou as sandálias e entrou na água, até às canelas,enquanto Silveira ficou a apreciar a cena. Ela voltou toda molhada, com gestos como se fosse uma criança e se jogou sobre ele que estava sentado junto de uma árvore. Quando ele disse:
- Para de brincar, menina! Ela já estava no seu colo, beijando as suas faces.
Silveira tentou se desvencilhar mas ela se enroscou com suas coxas entre suas pernas, e começou a roçar no seu corpo, seus seios se amassando contra o peito de Silveira.
- Menina, para com isso, vamos acabar fazendo um filho, isso seria a pior coisa que poderia acontecer.
- Não sou como minha mãe, eu sei me cuidar, eu me previno, eu tomo ervas para evitar a gravidez. Aprendi com uma índia, só terei filhos quando quiser...
- É, você é muito sabida, debochou Silveira com irreverência.
Seus seios já estavam para fora da blusa e ela ajudava a Silveira a se desvencilhar da calça.
- Quanta maluquice, menina, vamos deixar isso para depois.
- Agora é que eu te quero, você é o meu homem, o melhor homem que já tive...
O elogio fez muito bem a Silveira que continuou a apertá-la, amassá-la, e ficaram os dois no meio do pasto, sem nenhum receio de serem flagrados. Tiveram o gado como testemunha e se banharam no regato.
Já recompostos, ela se aninhou no colo de Silveira e lhe disse:
- Esse foi um momento mágico!
Silveira ficou intrigado, imaginou ter lido algo semelhante em algum livro, e perguntou:
- Você sabe ler?
- O Senhorzinho quer conhecer a minha estória?
- Conte-me, então.
- Sou filha de um fazendeiro muito rico, um nobre, ele era conde, um senhor português, dono de cafezais. Ele teve um caso com minha mãe. Ubirajara sabia de tudo mas nunca brigou com minha mãe, ele aceitou-a como ela é. Ubirajara acredita nas forças da natureza, reverencia a água, a chuva, o trovão, os rios e mares. Referencia o ar, a terra e o fogo. Suas divindades são o sol e a lua, não acredita nos deuses dos homens e para ele, tudo que acontece, faz parte de um plano para que se aprenda e se evolua. É como se fosse uma teoria da aceitação.
- Mas e você?
- Meu pai era um homem bom e a condessa melhor ainda. Devo a ela tudo o que sei. Eu e os meus irmão aprendemos a ler e a escrever e a tratar com os números. Já li toda a obra de José de Alencar, o Ipê, Iracema, a virgem dos lábios de mel, enfim, todos os seus livros. Isso devo à condessa, que nos ensinava.
- E como você se iniciou no amor?
- Isso é uma longa estória...
- Foi o conde?
- Não, não, não... Ele seria incapaz de me tocar, ele era meu verdadeiro pai, me deu muito carinho, mas não misturava as coisas...
- Então, seu padrasto?
- Bira? Não, Bira é como te falei, a verdadeira aceitação em pessoa, seus conceitos estão acima de tudo...
Nós íamos à igreja para a catequese, isso desde criancinhas ... Um dia o padre me alisou, quando estavam nascendo os meus primeiros pelos... E sempre nos alisava, parecia que era um vício dele que passou para mim, até que aconteceu... Mas vamos esquecer essa parte? Isso ficou no passado. Depois o meu pai morreu, a condessa resolveu vender a fazenda e veio a decepção...
- Qual decepção, menina?
- A condessa tinha dito que ia nos alforriar, disse que seríamos livres, mas seus filhos não deixaram, tomaram a frente, venderam a fazenda e depois de muito apelarmos, porque conhecíamos a fama de mau do novo proprietário, eles acederam e nos puseram à venda. Depois passamos por outra fase de angústia... Quem iria nos comprar? Foi então que o Senhorzinho apareceu, e quando olhei nesses seus lindos olhos azuis, eu pensei:
- Esse é o homem da minha vida, meu príncipe encantado... E resolvi dormir com o senhor... Agora o senhor é um pouquinho meu e eu sou toda sua, de mais ninguém, juro! Silveira ficou comovido com a estória de Maria Rosa e imaginou quantas estórias semelhantes deveriam ter no Brasil... A estória de Maria Rosa mexeu tanto com Silveira que ele pensou a se alinhar ao movimento abolicionista. Ao mesmo tempo, seu lado mercantilista lhe mostrava o quanto ele teve de abrir mão do seu patrimônio, quantas vacas teve de vender para adquirir os escravos...Não devia se levar só pelos apelos da emoção, isso deveria ser usado pelos poetas, e lembrou-se da poesia que tinha lido de um poeta baiano, O Navio Negreiro. Por outro lado Maria Rosa estava ali, com sua estória de vida carregada de emoções para lhe mostrar as diferenças entre as vacas e os escravos, porque os escravos eram gentes.
Entraram na charrete, ela com as mãos nas pernas de Silveira e seguiram para a Fazenda da Solidão. Chegaram já de tardinha, quando o sol já se punha.
(continuará no próximo capítulo)
Silveira era um homem alto, robusto, de pele muito clara, mas queimada pelo sol, cabelos louros e vasto bigode. Seus olhos de um azul intenso fazia com que ele parecesse um nórdico. Sempre gostava de boas montarias e seus cavalos eram escolhidos a dedo, uma de suas éguas de raça árabe, tinha sido campeã na sua categoria. Logo que saíram em direção à Fazenda da Solidão, começou a comparar, ele que sempre montava os melhores cavalos, estava ali dirigindo uma charrete e perguntou para Maria Rosa:
- Você sabe guiar a charrete?
- Sei, quer que eu guie?
Ele entregou a rédea e ela continuou a guiar a charrete. Quando chegou numa ladeira, o cavalo parou e ela vacilante não sabia o que fazer. Silveira retomou a rédea e aproveitou para dizer:
- As mulheres não devem comandar as ações, devem deixar para os homens fazer. E riram do acontecido.
Quando passaram perto do regato onde tinham parado na ida, pararam novamente e desceram. Maria Rosa aproveitou, tirou as sandálias e entrou na água, até às canelas,enquanto Silveira ficou a apreciar a cena. Ela voltou toda molhada, com gestos como se fosse uma criança e se jogou sobre ele que estava sentado junto de uma árvore. Quando ele disse:
- Para de brincar, menina! Ela já estava no seu colo, beijando as suas faces.
Silveira tentou se desvencilhar mas ela se enroscou com suas coxas entre suas pernas, e começou a roçar no seu corpo, seus seios se amassando contra o peito de Silveira.
- Menina, para com isso, vamos acabar fazendo um filho, isso seria a pior coisa que poderia acontecer.
- Não sou como minha mãe, eu sei me cuidar, eu me previno, eu tomo ervas para evitar a gravidez. Aprendi com uma índia, só terei filhos quando quiser...
- É, você é muito sabida, debochou Silveira com irreverência.
Seus seios já estavam para fora da blusa e ela ajudava a Silveira a se desvencilhar da calça.
- Quanta maluquice, menina, vamos deixar isso para depois.
- Agora é que eu te quero, você é o meu homem, o melhor homem que já tive...
O elogio fez muito bem a Silveira que continuou a apertá-la, amassá-la, e ficaram os dois no meio do pasto, sem nenhum receio de serem flagrados. Tiveram o gado como testemunha e se banharam no regato.
Já recompostos, ela se aninhou no colo de Silveira e lhe disse:
- Esse foi um momento mágico!
Silveira ficou intrigado, imaginou ter lido algo semelhante em algum livro, e perguntou:
- Você sabe ler?
- O Senhorzinho quer conhecer a minha estória?
- Conte-me, então.
- Sou filha de um fazendeiro muito rico, um nobre, ele era conde, um senhor português, dono de cafezais. Ele teve um caso com minha mãe. Ubirajara sabia de tudo mas nunca brigou com minha mãe, ele aceitou-a como ela é. Ubirajara acredita nas forças da natureza, reverencia a água, a chuva, o trovão, os rios e mares. Referencia o ar, a terra e o fogo. Suas divindades são o sol e a lua, não acredita nos deuses dos homens e para ele, tudo que acontece, faz parte de um plano para que se aprenda e se evolua. É como se fosse uma teoria da aceitação.
- Mas e você?
- Meu pai era um homem bom e a condessa melhor ainda. Devo a ela tudo o que sei. Eu e os meus irmão aprendemos a ler e a escrever e a tratar com os números. Já li toda a obra de José de Alencar, o Ipê, Iracema, a virgem dos lábios de mel, enfim, todos os seus livros. Isso devo à condessa, que nos ensinava.
- E como você se iniciou no amor?
- Isso é uma longa estória...
- Foi o conde?
- Não, não, não... Ele seria incapaz de me tocar, ele era meu verdadeiro pai, me deu muito carinho, mas não misturava as coisas...
- Então, seu padrasto?
- Bira? Não, Bira é como te falei, a verdadeira aceitação em pessoa, seus conceitos estão acima de tudo...
Nós íamos à igreja para a catequese, isso desde criancinhas ... Um dia o padre me alisou, quando estavam nascendo os meus primeiros pelos... E sempre nos alisava, parecia que era um vício dele que passou para mim, até que aconteceu... Mas vamos esquecer essa parte? Isso ficou no passado. Depois o meu pai morreu, a condessa resolveu vender a fazenda e veio a decepção...
- Qual decepção, menina?
- A condessa tinha dito que ia nos alforriar, disse que seríamos livres, mas seus filhos não deixaram, tomaram a frente, venderam a fazenda e depois de muito apelarmos, porque conhecíamos a fama de mau do novo proprietário, eles acederam e nos puseram à venda. Depois passamos por outra fase de angústia... Quem iria nos comprar? Foi então que o Senhorzinho apareceu, e quando olhei nesses seus lindos olhos azuis, eu pensei:
- Esse é o homem da minha vida, meu príncipe encantado... E resolvi dormir com o senhor... Agora o senhor é um pouquinho meu e eu sou toda sua, de mais ninguém, juro! Silveira ficou comovido com a estória de Maria Rosa e imaginou quantas estórias semelhantes deveriam ter no Brasil... A estória de Maria Rosa mexeu tanto com Silveira que ele pensou a se alinhar ao movimento abolicionista. Ao mesmo tempo, seu lado mercantilista lhe mostrava o quanto ele teve de abrir mão do seu patrimônio, quantas vacas teve de vender para adquirir os escravos...Não devia se levar só pelos apelos da emoção, isso deveria ser usado pelos poetas, e lembrou-se da poesia que tinha lido de um poeta baiano, O Navio Negreiro. Por outro lado Maria Rosa estava ali, com sua estória de vida carregada de emoções para lhe mostrar as diferenças entre as vacas e os escravos, porque os escravos eram gentes.
Entraram na charrete, ela com as mãos nas pernas de Silveira e seguiram para a Fazenda da Solidão. Chegaram já de tardinha, quando o sol já se punha.
(continuará no próximo capítulo)