Estação Mágica

Você sempre manteve uma aparente estabilidade quando se tratava de sentimentos. Sempre firme. Sólido. Sem embrulhos no estômago. Sem calafrios repentinos devido ao clima dessa nossa estação tão mágica. Eu nunca soube discernir outono do inverno. Por diversas vezes o dia de apresentava com um sol imenso estampado no céu. E nem por isso a neve deixou de cair. Nem por isso deixou de fazer frio intenso. Por conta dessa nossa instabilidade tão estável, tentei me adaptar ao clima e às tuas previsões entregues a mim de forma tão aleatória. Mas comecei a sentir como se sempre estivesse frio. Um inverno eterno. Cruel. E embora você sempre me apontasse o sol, eu sempre reparava no cinza intenso das nuvens que tentavam o ofuscar. Sou instável. O oposto de você. Mudo com as estações. Com lágrimas e sorrisos repentinos, sem precisar ao certo de um motivo para tê-los. Sou metal maleável. Sou destino incerto. Sou imprevisível. E parece que nessas mudanças de clima fico mais à flor da pele. Sensível demais. Mas parece que isso não te afeta. Você sempre está tão quente. Teu abraço é sempre tão acolhedor. E o convite em teus olhos sempre me são visíveis. Não tem fim. Somos um extremo. Somos o incerto certo. O improvável que acontece. O oposto que se atrai. A realidade sonhada e agora vivida. É estranho. É nostálgico. É mágico.Eu sei

Por diversas vezes você manteve suas mãos entrelaçadas às minhas para me manter aquecido do frio. Você sempre me ensinou que o melhor a se fazer nessas mudanças climáticas, era tentar se adaptar para não perdermos sequer um dia dessa estação mágica. Acho linda a forma inesperada que você sempre usa para me conduzir pelos caminhos de solo mais estável. Sempre salientando a importância de estarmos de mãos dadas. A darmos passos firmes. Sem pressa. Um de cada vez. Sempre de mãos dadas. Você tem sido o meu transbordar. Meu porto seguro. Aquele que me aponta o sol por detrás das nuvens. O que sempre estará perto no fim de uma ou outra estação. Com as suas mãos entrelaçadas às minhas para me fazer lembrar de sua presença tão marcante. Quem olha de fora talvez enxergue uma certa confusão e tenha dificuldade no que diz respeito a organização e a adaptação. No que diz respeito a entender o nosso modo de lhe dar com as mudanças e a forma que usamos para sobreviver. É, talvez pareça loucura. Uma verdadeira insanidade. Um verdadeiro desafio.

Lembra daquele dia em que saímos animados na certeza de que curtiríamos um dia no campo? Afinal o sol estava lindo! E ao sairmos de casa do nada. Neve. Eu fiquei atordoado. Perdido e um tanto frustrado. –Como assim neve?Indaguei a mim mesmo. Tinha esquecido completamente dessas mudanças repentinas no tempo. Mas você parecia não ser afetado. Entrou em casa, e em questão de segundos saiu agasalhado. – Não tem problema! Vamos tomar chocoloate quente, vendo aquele filme que você adora. Vem amor! Ainda tem brigadeiro de panela. Foi o que você disse. Achei loucura. Fiquei me questionando como você conseguia. Você sabe mesmo lhe dar com essas situações. E sinceramente? Foi o melhor dia da minha vida. O brigadeiro estava ótimo e a sua companhia sempre é maravilhosa. Foi inesquecível!

Nada deixava você pra baixo. Nada ofuscava o brilho em teus olhos. Nada apagava esse teu sorriso que por diversas vezes foi o meu consolo. Nada manteve você longe. Nenhuma distância era tão grande ao ponto de não alcançarmos a mão do outro quando precisássemos. E ainda permanece assim. Como você sempre diz: É importante andarmos de mãos dadas. Em passos firmes. Um de cada vez. Sem pressa. E embora eu sempre me sentisse em um inverno. Você sempre procurou me manter aquecido. Você me dizia que mais importante do que o que víamos, era o que sentíamos. E o que eu sinto... É MÁGICO! Então por favor, levanta daí logo tá? Eu preciso de você para sobreviver a mais esta estação mágica.

Reges Medeiros
Enviado por Reges Medeiros em 26/02/2013
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