Jurema & Don
Deu-se ao disfrute, entregou-se a ele, não por completo, a medida que o álcool saía pelos póros caía em si e perguntava-se insistentemente o que estava fazendo ali, não o amava, tudo estava sem graça.
A primeira vista Don não chamava tanta atenção, mas nenhuma mulher jamais resistiu ao seu charme.Usava a inteligência, conhecia bem o universo femimino, caminhava confiante, era cavalheiro, educado, olhava nos olhos ao conversar, seu aparente interesse pelos gostos e preferências eram uma forma de conhecer melhor a presa a ser atacada.
Jurema sabia que ele não seria apenas de uma, ainda assim arriscou-se, queria ser só dele.
Tentou fazer parte do jogo, mas quem acorda para caça não consegue ser caçador, não sabia se entregar sem se dar, realmente acreditou que fosse mais simples ser uma "mulher moderna", inteligente o suficiente para não se apaixonar, " one night stand" era apenas sexo, desde o início esse foi o acordo.
Ah, mulheres! A imaturidade não nos cai bem.
Consumado o ato, acreditando ter agido de maneira incorreta no caminho da conquista de Don, Jurema viajou por seu universo, imaginando como estaria sua imagem diante daquela figura que, até aquele momento, era praticamente um Semideus.
Perfeitamente imperfeito, Don tinha25 anos, e essa era a justificativa que Jurema encontrava para o seu incessante desejo de ter todas as mulheres do mundo, ele tinha que aproveitar enquanto jovem, assim pensava ela.
Desejava sair daquela cama o mais rápido possivel, não aconteceu como ela havia previsto, chegar bêbada em casa e entrar no facebook foi certamente uma roubada.
Deu-lhe um beijo na boca, outro na testa, pronta para levantar é surpreendida com uma perna tocando a sua, Don vira-se e começa a falar.
"Putz, ele quer conversar?! Não acredito que talvez vá da certo"
Pensou instantâneanente, surpreendeu-se pois havia lido nas revistas femininas que quando o casal encontrava-se apenas para satisfazer a lascívia, não há motivos para ficarem batendo papo como se fossem dois namorados.
Don era mais esperto do que ela podia imaginar, alternava carinhos e beijos na face de Jurema ao passo que ia contando-lhes histórias, falou da faculdade, da família, de suas creças religiosas, ou melhor da falta delas.
Ficaram um bom tempo ali, ela adorou ouvi-lo, gostava cada vez e ainda mais dele, como era inteligente e encantador aquele homem, a coitada caiu direitinho na lábia dele.
Trocaram-se e ele foi deixa-la em casa, disse a ela que em outra ocasião a convidaria para dormir, mas que precisaria acordar cedo para arrumas as malas para a viagem que faria dia seguinte, Jurema que é espertamente boba, logo sentiu o cheiro de roubada no ar.
"Por que ele esta se justificando? Não reclamei nem falei nada quanto ao fato de não poder dormir aqui, aliás nem o faria"
Deixou-a em casa, deu-lhe um beijo na boxexa e despediu-se dela que entrou desconfiada, mas como queria se sentir feliz, desligou o sexto sentido e foi pensar em como foi bom ter estado aquelas horas com ele, mesmo sentindo-se culpada por achar que aquela não era a ocasião certa para terem um contato mais íntimo.
No dia seguinte, suas previsões começaram a se consumar.
Jurema ligou para ele, no intuito de quem sabe tomarem um vinho e relaxarem antes dele viajar, havia gostado da companhia dele e tinha "certeza" de que a recíproca era verdadeira, ele nem a atendeu, ela mandou um SMS que ele não respondeu, desejou-lhe boa viajem e ele se quer agradeceu.
Para não chorar, ria de si.
Enlouqueceu, deixou mensagens no facebook de Don e como ele a respondia friamente resolveu soltar o verbo, disse o que estava pensando, cobrou explicações, sentiu-se no direito de ser atendida e que o pedido de desculpas fosse feito em, no mínimo, três laudas e com três vias devidamente reconhecidas e autenticadas em cartório.
Don desculpou-se por ter sido indelicado, mas também disse que não podia dar o que Jurema queria, não podia dar a ela seu amor.
A partir desse dia nunca mais os dois se falaram, ela ainda mandou para ele um SMS desejando "Feliz Natal", pensou enviar um no Ano Novo, mas não teria resposta novamente.
A uns dias atrás, Jurema cruzou com Don quando saía da loteria do shopping, seu coração arritmou-se instantaneamente, na esperança de um cumprimento,procurou o olhar de Don que deu de ombros e virou-se para utilizar um terminal de auto-atendimento bancário.
Sentiu-se suja, decepcionada, achou que havia feito algo de errado, quase chora na frente de todos os que estavam ali, saiu quase correndo e tentando pôr as ideias no lugar, procurava explicação para o comportamento daquele que se mostrou ser o maior dos cavalheiros.
Pensando apenas nas qualidades, lembrou-se do que esqueceu, não podia ter sido diferente, conquistar é um hobby da família, ele é um Juan.
Don Juan!!!