Tentação (parte dois) (leia o anterior)



Maria Rosa levantou-se sorrateiramente e foi para a areia do rio onde se banhou, cuidando para não fazer barulho. Silveira ficou deitado, ainda atordoado pelo prazer usufruído, decidido a não pensar nas consequências do que tinha acontecido, estava feito e ponto final, se era certo ou errado ele não queria saber. Ele não havia programado, mas aconteceu e não poderia negar que havia sido prazeroso. A mulatinha sabia conduzir as coisas, fazia os carinhos certos, falava coisas que ele gostou de ouvir, ninguém anteriormente lhe estimulara tanto. Aquelas coxas carnudas, as ancas a se requebrar... Não podia negar, tinha sido muito bom, mas não deveria se repetir.

Levantou-se, foi para a margem do rio, ainda estava escuro, mas logo iria clarear, deu um mergulho e se lavou como pode, quando colocou a roupa os primeiros raios de sol começaram a aparecer, e ele pensou, é outro dia.
Pulcena preparou um café e cozinhou mandioca, foi o que comeram. Jurandir e Moacir selaram os animais e começaram a caminhada rumo à Fazenda da Solidão.

Ubirajara e Pulcena cavalgavam no final da fila e conversavam, Silveira não conseguia ouvir o diálogo dos dois e imaginava a possibilidade de terem percebido os movimentos de Maria Rosa e dele. Aquilo o inquietava. Maria Rosa cavalgava entre os dois irmãos e não parava de falar, dizia do que esperava por eles na nova fazenda.

O dia estava ensolarado e muito abafado, já passava do meio dia e os cavalos estavam ensopados de suor. Silveira sugeriu pararem para o descanso e almoço junto a um bambuzal que oferecia boa sombra. Era uma cerca natural e no outro lado dos bambus, o gado de uma fazenda se abrigava do calor. Mário e Marcos haviam se adiantado e perceberam que mais à frente havia um riacho que vinha de uma cascata, onde um arvoredo seria um bom abrigo e um lugar aprazível para pararem. Todos montaram novamente nos seus animais e seguiram para o lugar que Ubirajara denominara de oásis.

Enquanto Pulcena e Maria Rosa preparavam o macarrão com linguiça, Ubirajara perguntou a Silveira quais as plantações que ele tinha na fazenda, e comentou o que eles plantavam na fazenda de onde vinham. Silveira percebeu que ele era mais dedicado à agricultura e perguntou com quem ele podia contar para o pastoreio do gado. Bira disse que os meninos, Mário e Marcos tinham prática em lidar com as vacas, Jurandir com cavalos e Moacir e Ubiratam também lidavam com plantações, mas que Moacir era ótimo carpinteiro e que poderia também ajudar na manutenção da fazenda. depois daquela conversa Silveira ficou menos preocupado e sentiu que ninguém tinha percebido o acontecimento da madrugada e ousou perguntar:
- E as qualidades da Rosa Maria?
Ubirajara corrigiu:
- Maria Rosa... quem vai gostar dela é a sua mulher, ela é prendada com as crianças, arruma a casa e corta o cabelo de todo mundo...
- Que bom... Ainda faz um ótimo refresco, disse Silveira sorrindo.

Jurandir e Moacir, enquanto Pulcena e Maria Rosa preparavam o almoço, retiraram as selas dos animais e aproveitando a água do riacho, lavaram seus dorsos e deram água para eles.
Quando prosseguiram viagem o calor ainda era muito forte, mas uma brisa refrescava o ambiente, com prenúncio de chuvas; haviam nuvens escuras no horizonte.
Chegaram à fazenda junto com a noite. A cachorrada anunciou a chegada do grupo e Machadão foi recebê-los. Ana Luiza tinha ido com as crianças para a fazenda dos pais porque a avó tinha tomado um tombo e estava acamada.
Silveira apresentou Machadão como o capataz a quem todos deveriam se reportar e disse que Machadão levaria cada um a seu aposento, depois que as roupas de cama estivessem à disposição.
Como pretexto para ficar a sós com Maria Rosa, Silveira pediu que ela fosse ao armário de um dos quartos da casa principal e separasse as roupas de cama e toalhas para servir ao pessoal.

Já no quarto, a sós com Maria Rosa, Silveira lhe disse:
- Olha, Menina, o que aconteceu entre nós, não vai se repetir, entendeu?
- Sinhorzinho, ela ponderou. Não vou lhe trazer problemas, gostei muito do Senhor, seria a última pessoa a quem eu poderia querer prejudicar...
E num tom mais baixo, quase íntimo, continuou:
- Nunca encontrei ninguém como o Senhor...
E olhando bem dentro dos olhos de Silveira, perguntou:
- Posso lhe pedir um último favor?
- Sim, pode, naturalmente...
- Como a patroazinha não está em casa, podemos fazer desta noite a nossa despedida?
- Não, não é conveniente...
Ela olhou para ele com aquele olhar de pedinte e implorou:
- Vai ser nossa última vez, ninguém vai saber, juro!
Enquanto ela falava, a sua mão corria pelo pescoço do Silveira, que não conseguiu negar novamente.
- Está certo, será a última vez... Não adianta pedir novamente, concorda?
- Patrãozinho, o Senhor é um amor...
Então leva o material e prepara os quartos, quando todos estiverem dormindo você volta e venha para esse quarto dos hóspedes, vou deixar a porta aberta.
- E os cachorros?
- Tudo bem, vou te buscar, ou melhor, vou pro seu quarto, reserva o primeiro quarto para você, deixa a porta aberta.
- Vamos nos despedir e o Senhorzinho não vai se arrepender...


Quando o silêncio era total, Silveira abriu a porta do quarto e Maria Rosa estava com a lamparina acesa. Estava nua, sua pele brilhava sob a luz bruxuleante, os cabelos escorridos e úmidos demonstrava que ela havia saído do banho naquele instante. Ela abriu os braços em direção a ele, os seios rijos encostaram no seu peito e ele a beijou toda, sugou seus seios com intrepidez enquanto a sua mão buscava os íntimos carinhos.
Maria Rosa tremia sob suas mãos,toda excitada.
A noite foi pequena para os dois e Silveira saiu antes que os primeiros raios de luz iluminassem o terreirão.
Sua cabeça fervilhava.
- Como pude permitir que isso voltasse a acontecer... Foi muita loucura, mas pela felicidade dos meus filhos, juro, essa foi a última vez!
        
(segue no próximo capítulo)

elzio
Enviado por elzio em 23/02/2013
Reeditado em 23/05/2013
Código do texto: T4155747
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