O preço das escolhas '
--------------------Introdução
‘’ Prostituta não, mas sim uma mulher comprada ‘’.
Ela poderia ter todos os defeitos do mundo, mas tinha que amar e ser dele. E por acreditar que o sentimento sempre poderia falar mais forte ele sempre a perdoava por qualquer motivo, mas o mundo deu voltas e novas atitudes começaram a interferi no que era acreditado. Por amor as pessoas são inconscientes, onde há um veneno sem cor, sem cura mais com portas e chaves únicas. A medida da loucura é não medi-la, o sofrimento determina o tamanho de cada sentimento com dimensões de todos os tipos e diferentes em cada pessoa. Querer mais do que ele pudesse dar, era o mais comum possível, suas escolhas se basearam em dinheiro e prazer e ele por sua vez tinha como base, caráter e uma vontade imensa de amar e ser amado.
Dedico às mulheres que se vendem por um preço baixo e pagam caro, por sua estupidez de acreditar que ‘’ dinheiro é tudo’’, quando na verdade ele as corrompe. Dedico também aos homens que pagam alto por mulheres que não valem nada. E por fim destino um prêmio às mulheres de valor que não se vendem e aos homens que amam por amor o que não pode comprar enfim dedico para todos que gostarem da historia.
------------------------------------------------Milena Miranda
--------------------------O amor nasce entre pedras e espinhos.
---------------------O preço das escolhas
---------------------------------Milena Miranda
‘’ Infelizes os que acreditam na façanha de que dinheiro é tudo, pois o que realmente tem valor não pode ser comprado de maneira alguma ‘’.
Era só olhar para o sorriso dela para perceber que não se interessaria por um garoto de 17 anos como eu. Estar no colegial sempre me fascinou apesar de gostar de estudar, eu não era um garoto isolado, mas também não chamava muito atenção. Tinha olhos verdes, cabelos castanhos quase loiros, pele branca, mas queimada de sol, um típico garoto daquela pequena cidade. Alice costumava me esnobar com frequência, mas mesmo assim tentava ser cordial, ela é o tipo de mulher que gosta de sair com homens que tenham carro ou moto e principalmente dinheiro, porém para sair com ela, eu não me importaria que ela se quisesse estar comigo só por bem estar, afinal gostava dela daquele jeito.
Sentado na beira da cadeira, consigo analisar, suas pernas bem torneadas, seu cabelo loiro e seus olhos cor de mel, pele branca; até parece um lindo cisnes, suas unhas um pouco grande quadrada e vermelha, seu sorriso ‘’ sutil e safado’’, seu andar de menina despreocupada com a vida, assim analisei Alice, a minha Alice. Meus amigos admiravam aquela garota, mas também não esquecia o quanto ela era interesseira.
Estavam todos em um acampamento da escola, e por algum motivo eu e Alice, nos perdemos na mata. Acabamos nos aproximando, não sei como, mas ela me abraçou com medo e é claro que ‘’ não fiz nada ‘’, pois é, eu não fiz exatamente nada, apenas fiquei parado, meu corpo não obedecia aos meus comandos, se eu tivesse ao menos alisando seu cabelo naquele momento ou aproveitado. Alice estava com o corpo tremendo, o frio era muito, os celulares estavam descarregados, não havia fósforo, não havia nada como suprimentos, apenas algumas frutas em arvores altas e madeiras de difícil acesso, precisava bancar o herói, mas eu estava mais para mocinha. Sentamos debaixo de uma árvore, tirei minha camisa de algodão e dei para ela, pois estava fazendo muito frio e devo confessar que foi uma ideia idiota, agora estou todo arrepiado, enquanto ela, esta com sutiã, sua blusa de algodão e ainda com a minha camisa, sou um estúpido mesmo, do jeito que a situação está, vou termina me enterrado aqui, pelo menos estarei aquecido, mas não daria certo. Merda, cadê as unhas quando mais preciso. Ficar exposto a essa floresta é a pior coisa do mundo, mas estou tranquilo, Alice estar comigo e ela tem mais medo que eu, então nada que eu faça ira demonstrar meu medo, pensei isso antes de ouvi uns barulhos e dar um grito como se fosse o fim do mundo. Sinto que ela me observava e para piorar ela me beijou e agora mais do que nunca tenho que proteger ela, mas quero saber quem é que vai me proteger porque assim fica difícil manter a coragem.
Adormecida em meus braços, senti que poderia proteger ela do mundo – Para ser sincero, senti que eu poderia ir embora sem que Alice percebesse. Não quero bancar o herói, eles lutam, mas sempre acabam machucados, prefiro ser o covarde e sai sem arranhões. Deitada no meu colo, consegui notar toda a sua perfeição, o jeito que dormia me encantava mais ainda. No dia seguinte conseguimos chegar até a beira do rio, tomamos banho, trocamos olhares e consegui até ser elogiado. Na primeira oportunidade que tive a pedi em namoro e depois conseguiram nos encontrar.
4 anos se passaram
Estar na faculdade é diferente de estar no colegial, meu relacionamento com Alice se manteve firme, mas sinto que não consigo corresponder suas expectativas, sou pobre e não tenho carro, lembro como hoje que ela não quis que ninguém do colégio descobrisse o nosso relacionamento, escondeu de toda forma possível, tinha vergonha de um cara como eu e não fazia questão de esconder nem para mim. Minha falecida mãe e alguns amigos até hoje não se conformaram com meu relacionamento, nenhum deles conseguem entender ‘’ essa obcessão ‘’, confesso que também não entendo. Casamos, pois ela estava grávida e depois do casamento ela perdeu a criança, ainda me culpa de ter a engravidado e ainda destruído sua vida como modelo, há momentos que desconfio de sua fidelidade, mas acho que até perdoaria, não consigo imaginar minha vida sem essa mulher. Fiquei desempregado e manter o salão e os luxos de Alice não era fácil, então por causa dela, pensei em roubar, mas tudo deu por água abaixo, terminei ajudando um senhor e não me arrependo, pois isso só mostra que roubar não é comigo. Ao chegar em casa, uma fatura de 1000 reais no cartão fez com que roubar fosse comigo, talvez até tivesse me tornando um especialista e Alice concordava, ela queria dinheiro, independente da forma que chegasse até ela. Roubei uma casa em um bairro de luxo e acabei levando o cachorro para cuidar, tentei roubar um banco e terminei ajudando um faxineiro a limpar. Tentei ‘’ saidinha bancaria ‘’ e acabei dando o pouco que tinha no bolso. Eu não tinha jeito para segurar uma arma, não sabia gritar com ninguém ou exigir qualquer coisa. Acabei indo trabalhar em uma lanchonete e como faxineiro em um hospital e tranquei a faculdade, só trabalhava para não limitar os prazeres de Alice, comecei a emagrecer desesperadamente, enquanto as faturas dos cartões aumentavam, não poderia ficar doente de maneira alguma, as dívidas eram muitas, o dinheiro eram poucos demais, já não comprava nada pra mim, mas ainda sim comia em casa e transava com Alice, o passe dela estava ficando cada vez mais caro, fui me debilitando, fiquei gripado e só contei com ajuda de um cachorro, pois meus amigos se afastaram, briguei com cada um deles por causa de Alice, ela é minha rainha. Fui parar no hospital, pode parecer exagero, mas eu estava muito mal, acabei descobrindo que Alice havia contado que eu estava em um bom emprego, ela tinha vergonha de contar que eu era um faxineiro e trabalhava em uma lanchonete como garçom, segundo Diana que era uma amiga médica sua e acabou alertando sobre o fato de que eu me destruía a todo instante por uma mulher que não valia apena, na verdade ela não disse nada além do que eu já estava acostumada a ouvir, porém fiquei em silêncio ela era diferente, era amiga de ‘’ Alice ‘’ e sempre fui submisso e respeitei cada uma delas. Ao ir para casa, encontrei Alice com Carlos, meu melhor amigo, aos beijos, ela virou-se para mim e disse.
- Sou uma boneca de luxo e seu dinheiro, não paga meu cabelo, minhas unhas, minhas roupas e toda minha suntuosidade. Você não serve nem para ser inútil.
Fiquei ali parado ouvindo tudo que ela dizia, olhei para os lados, e notei que a casa já não me pertencia, que o pouco que tinha ela me levou, sai de casa e fiquei dormindo no hospital onde eu trabalhava, ela entrou com o pedido de divorcio através de Carlos que já não era meu amigo e que agora era seu amante e tinha muito mais dinheiro que eu, na verdade ele tinha o que eu não tinha ‘’ dinheiro’’. Sempre achei que dinheiro não era tudo, mas mesmo sem ter ele consegui ser arruinado por ele e perdi a única mulher que amei na vida. Dormi bêbado, confuso e arrependido de ter dedicado minha vida a uma mulher que tirou até o meu coro, sinto dentro de mim que há um pouco dela, mas vejo aquela maldita com outros olhos.
2 anos depois.
Tentei a sorte da mega da virada, haviam acumulado 100 milhões, tinha a certeza que não ganharia, mas eu precisava dormi bêbado com a sensação de que fiz algo diferente, na verdade pensei em me matar, mas faltou coragem, cogitei a ideia de matar todo mundo, mas não tinha dinheiro para comprar nenhuma arma, era fraco demais para entrar em uma gangue e além do mais, eu tinha mais vontade que coragem. No dia seguinte precisei levantar apesar de não sentir meu corpo fazer parte de mim. E não demorou muito para que eu descobrisse que ‘’ eu era ‘’ o mais novo milionário do pedaço. Quando fui buscar o dinheiro tentei manter descrição. Não deixei que ninguém soubesse sobre a minha fortuna, tentei usufruir da melhor forma possível, então voltei para faculdade e iniciei o curso de direito na melhor faculdade, comprei um carro e uma casa simples, nada que chamasse atenção, iniciei o curso de inglês, a minha vontade sempre foi morar em outro país, onde educação fosse o pilar, estava cansado de gente ignorante e mal educado, estou pensando dessa forma, porque para ser sincero, estou rico demais.
Em um ano fiz o inglês profissional, investi em algumas ações e comprei algumas propriedades, nesse mesmo ano minha fortuna já chegava a 180 milhões, não sei como mais eu tinha talento para os negócios. Ao mesmo tempo em que estudava, tentei multiplicar meu dinheiro, os anos iam se passando e meu dinheiro só rendia cada vez mais, fundei um espaço para ajudar a combater o câncer e treinei jovens para iniciarem ao mercado de trabalho, eles deixariam de fazer parte das ruas e trabalhariam para mim, ofereci uma segunda chance e sem que ninguém soubesse que eu estava por trás. Assim que terminei a faculdade, fui morar em outro país onde o inglês era o idioma local, comecei a ser um investidor de petróleo, plástico e derivados, comprei algumas fazendas, hotéis e em 4 anos eu já tinha 1,9 bilhões como fortuna. Conheci mulheres de todos os tipos, mulheres como Alice me satisfaziam, mas logo iam embora. Nunca mais tive noticias da maldita. Moro em uma mansão cercada por água perto da praia, sem desconsiderar a minha ilha partilhar em ótima localidade que me roubou alguns milhões, mais ainda sim sou muito rico e ninguém sabe quem é o dono dessa fortuna incalculável, mas ficariam curiosos. Voltei ao Brasil já com 33 anos de idade, resolvi provar um pouco da minha cultura, confesso que mais um pouco em outro país e eu esqueceria meu idioma. Ao visitar um dos meus hotéis luxuosos, não contava com a surpresa de encontra Alice limpando o chão do salão principal, fiquei olhando de longe. Não resisti e fui falar com ela, mas para não surpreender, me vesti como empregado local e ela com a mesma arrogância de sempre me destratou. Mas ainda sim eu ainda a amava e logo contei tudo sobre o famoso Campbel. Esperei-a em um das melhores suítes. Ela continuava com o mesmo corpo de sempre, mas sem luxo algum, antes do nosso encontro fui encontrar a médica que abriu meus olhos em relação a Alice e ver como estava administração do espaço para crianças com câncer que deixei sobre a administração dela. Notei que os anos a fizeram muito bem e por sinal aqueles olhos verdes a caiam muito bem, aquela vestimenta branca resaltava todo o rosto, era uma mulher de fibra e sem interesse.
Conversei a tarde toda com aquela bela moça que notei que seus olhos ainda se encontravam inocentes e puros, uma mulher de trinta anos que dedicou toda uma vida ao cuidar de muitas pessoas. Quando levei a em casa, notei que não havia luxo e muito menos qualquer coisa que demonstrasse sua futilidade. Dançamos um pouco, bebemos vinho e tentamos nos manter cordiais, fazia muito tempo, na verdade nunca conheci uma mulher como ela e se não fosse a boa moça tudo seria diferente, notei que tinha uma marca de nascença nas costas muito interessante parecia uma borboleta.
Quando voltei ao Hotel, encontrei Alice, olhar para ela ainda me desconcentrava, agora eu era um dos homens mais ricos do mundo e um dos melhores e quem sabe até o melhor investidor na bolsa de valores, segundo a revista New Time. Ela sentou na cama e disse o quanto sentiu minha falta, confesso que ela era uma atriz incomparável, pensei em mandar ir embora, mas assim não me divertiria. Transei com ela de forma nada sutil e carinhosa, mas muito quente, eu era um ‘’ comedor de galinhas ‘’ insaciável. Depois de todos os movimentos e toda a ‘’ sacanagem ‘’ ela virou para mim e pediu para que eu nunca a abandonasse, olhei bem para aquela vagabunda e me deu até preguiça de xingar ela. Levantei fui até ao banheiro tomei banho com ela e era notável que aquela mulher era mais uma dessas que melhoram muito com o tempo, ao sairmos do banheiro disse a ela que precisava ir a um lugar, mas era uma surpresa e até foi para mim também o excesso de criatividade. Estacionei do Delicatec ela ainda estava com os olhos vendados, quando entramos estava vazio, umas mulheres me esperavam, tirei a venda de seus e quando ela viu, perguntou o que estava acontecendo e calmamente expliquei, aqui é um bordel, sim um lugar onde ficam as mulheres que se vendem por dinheiro; as prostitutas. Ela começou a chorar, pedi para que parasse, pois ela tinha ido bem e por isso receberá como pagamento um emprego fixo e mil reais. Ela parecia não entender, mas eu quis deixar bem claro onde era o lugar daquela vadia sem classe.
- Por favor, pare com isso, não mereço tanto. – Disse Alice nervosa e choramingando
- Devo concordar que isso é pouco para você. Eu te amei como um louco e fiz da minha vida por muito tempo sua serventia, fui teu escravo por migalhas e quando já não tinha como manter seu luxo, você dormiu com meu grande amigo. Deixei minha mãe morrer sem ver o filho dela fazer juízo de tudo que ela fez por ele, perdi amigos e melhores amigos por minha vaidade, por meu luxo de querer ter você a qualquer custo. Só eu sei as noites que chorei e que quase me tornaram um alcoólatra por sua causa, pela depressão que me cercava. – Disse a ela sem muita sutileza, com uma raiva que me corroia.
- Querido, não faz isso comigo. – De joelho falou
Dei as costas e sai do estabelecimento sem muitas delongas. Sentia que estava satisfeito, mas agora que me vinguei, não sei bem o que fazer, eu passei bastante tempo planejando esse momento e agora que consegui o que queria sinto que ficar desnorteado é tudo que me restou.
Fiquei em casa, pensando um pouco, lembrando meu tempo de colegial e faculdade, quantas pessoas conheci, quantas me arrependo de ter conhecido, já cansei de pensar sobre tudo. Levantei e fui até a varanda e logo notei que a médica, estava na portaria, autorizei sua entrada e a esperei na sala principal. Conversamos muito e entre essas conversas, ela acabou tocando fundo em uma antiga ferida minha, quando começou a falar sobre Alice.
- Gostaria muito de pedir para que não falasse sobre isso Doutora. – Me mostrei nada satisfeito.
- Você não percebe querido, que mesmo dizendo que não ama Alice, ela ainda te domina e você destinou anos a se vingar, sem perceber ela te controla, te tornou um homem vingativo e para ser sincera, o que fará nos próximos dias, eu tenho certeza que se questiona, já não tem a quem jurar vingança. – Falou a doutora de tom firme e sem medo algum de me desagradar.
Notei que ela tinha razão apesar da afronta, deveria recuar, pensar um pouco no que havia feito comigo, sinto que estou cru. Mas mulheres como Alice merecem desprezo, pessoas que se comportam como ela não deve ser classificada como ser humano.
2 anos depois
Minha fortuna crescia cada vez mais, mulheres tinha a todo momento. Cheguei a me envolver com a Doutora, mas nos demos conta que entre nos dois, só existe amizade e logo depois de mim ela conheceu Eduardo, um homem que a tem feito muito bem. Fui a praia e perto de uma barraca de bebidas vi Alice, mas continuei correndo na praia e depois de algumas voltas, sentei perto de uma arvore aproveitando a sombra e fiquei observando ela, que estava com uma criança linda e pequena, a coisa mais fofa do mundo. Por sacanagem resolvi me aproximar e cumprimentar a vadia, ela por sua vez se assustou pegou a menina e saiu, indo a sua direção, perguntei o motivo dela estar fugindo.
- Por acaso é vergonha Alice, o motivo de estar fugindo de mim.
- Deve ser vergonha mesmo e medo do monstro que você se tornou Sr. Campbel.-Disse Alice nervosa e com certeza do que dizia.
- O que quer dizer com’’ monstro’’ ?
- Um homem cru, e que assim como eu, fez-se escravo do dinheiro.
- Nunca serei com você, sua prostituta. – Disse com olhos enfurecidos, suplicando por atenção.
- Não me importo com o que pensa. Diferente de você eu mudei a tempo, paguei por tudo o que fiz, centavo por centavo.
- Oh, a vadia agora se converteu.
O silêncio reinou quando a ‘’ criança linda que estava em seu braço ‘’ a chamou de mãe. Sem pensar perguntei se era sua filha e por surpresa ela ficou calada e entrou no primeiro ônibus que apareceu. Enquanto me mantive lá em pé, pensando e tentando entender.
No dia seguinte fui conversar com a Doutora que havia se tornado minha grande amiga.
- Não consigo entender porque ela não me respondeu Doutora. – Expressão de confuso.
- Por que se importa tanto em saber se a menina é filha dela ou não. Até parece que a menina é sua filha.
- Filha?
- Campbel, por acaso essa menina pode ser sua filha?
- Não sei. Mas acho que pode, antes de levar Alice por Bordel transei com ela.
- Meu Deus. E isso tem quanto tempo?
- Uns 2 anos. Mas se fosse minha filha, ela já teria vindo pedir dinheiro.
- Talvez ela tenha mudado.
- Pelo amor de Deus, isso já é pedir demais.
Dois dias depois e eu ainda pensava na conversa que eu tinha tido com a Doutora e tratei então de mandar investigadores encontrar Alice e assim que fizeram fui até a casa dela. Quando cheguei até o local, vi um lugar pequeno sem luxo algum, ao bater na porta, ela abriu, com um avental, cabelo bagunçado e unhas precisando de manicure, não parecia a Alice cheia de luxo que eu conhecia.
- Alice, posso entrar – Mostrei surpresa
- Resolveu me ofender dentro da minha casa – Ela parecia irritada
Entrei na casa, a menina dos olhos claros e cabelos longos, ficou me observando talvez revidando meu excesso de olhadas.
- Não. Apenas quero saber se essa menina é minha filha?
- Não é. Por favor se retire. – Parecia mais um pedido de uma mulher desesperada.
Ela me expulsou da sua casa com um olhar desconhecido, era uma mulher fria sem luxos, uma Alice que nunca conheci. Ao ir para casa, pensei em muitas coisas, mas por algum motivo ou por todos os motivos, não consegui tirar aquele olhar de medo que Alice devotou em seus olhos, enquanto segurava a porta de madeira com uma maçaneta quebrada, vidros soltos e uma dobradiça barulhenta. Se a pequena Melissa como Alice chamava aquela menina dos cachos soltos e claros, fosse minha filha, ela com toda certeza já teria vindo me procurar, mas no fundo sabia que tinha algo nessa historia que não fazia sentido. Decidi procurar Alice novamente depois de dois dias.
Nos encontramos em sua varanda que deixava a desejar, ao seu lado um cachorro peludo que abanava o rabo, pronto para me atacar a qualquer momento, apesar de um animal que demonstrava sutileza deitado de sua dona, ainda sim tinha uma semelhança com um lobo e isso desespera qualquer estranho. Aproximei meu corpo da bela moça que apesar da sua falta de luxo e vaidade, ainda continuava muito linda.
- O que deseja Sr. Campbel? – Ela falou comigo como-se eu pudesse ser um estranho.
- Quero conversar. Você mudou tanto !
- Os anos se passaram de forma assustadora, passei por momentos que me fortaleceram e me fizeram ver coisas que em outros tempos nunca enxergaria. – Seus olhos eram sinceros e suas palavras não pareciam ser ensaiadas.
- Essa menina é minha filha, sinto que sim e quero um exame de Dna. – Disse firme, mostrando o poder do meu dinheiro.
- Você poderia ser quem você quisesse. O dinheiro já não me compra, já não me domina e você que bom se dizia, se vendeu por um preço alto e acredita ser o dono da verdade, já vejo em seus olhos aquele brilho de homem inocente que ainda é uma criança em descobertas. – A prostituta me dava lição de moral de forma grossa e sem vontade algo de ser sutil.
- Até parece que você me conhecia. Condenou parte da minha vida a te servi, aprendi com você o poder do dinheiro.
- Apesar de toda minha futilidade, admirava seu caráter, sua forma de lidar com a vida, não entendia a sua mente, mas enquanto sustentasse meu luxo, sorria para seus defeitos como se fossem diamantes ainda brutos. – Alice abaixou a cabeça, olhou para o cachorro e ficou em silêncio.
- Olhando para você vejo que mudou. – Minha voz já não era tão gelada
- A menina é sua filha, mas seu dinheiro não nos interessa. Quero ensinar valores a ela que não aprendi com minha mãe fútil e meu pai cachaceiro. Sofri para ter essa menina, mas queria ter você por instante ou talvez para sempre, ela me ensinou o amor, quando ninguém mais conseguiu, me ensinou que havia coisas mais importantes que sapatos, bolsas e roupas caras. Dedico todos os meus dias a minha princesa, ela é minha vida e espero que vá embora e me deixe com a única coisa que importa para mim. – Alice derramou algumas lágrimas enquanto falava, poderia ser mais uma de suas mentiras, mas eu queria acreditar que era verdade.
Ao ir embora sem dizer nada, percebi o que estava me tornando, ser um homem frio e rico, nunca foi um dos meus melhores planos. Podia ser um jogo de Alice para aumentar o passe dela e levar todo meu dinheiro, mas seus olhos eram tão sinceros e suas palavras descompromissadas. Decidi esquecer Alice e aquela menina e consegui por 2 ano, até que Alice me procurou.
- Felipe. Podemos conversar? – Tinha ela olhos cansados e inchados.
Ela me chamou pelo nome, algo que a muito tempo não escutava.
- Sim Alice.
- Prometi que nunca iria procurar você mais preciso do seu maldito dinheiro.
Fiquei surpreso com tudo que ouvi da moça que tanto me encantou. Pensei logo que havia ela tira toda sua mascara de boa senhora.
- Explique-se!
- Felipe, nossa filha, tem um problema grave de coração, os médicos dizem que ela não ira viver muito, não sei o que fazer, não tenho dinheiro e tudo que tinha gastei com médicos e remédios, não tenho mais de onde tirar. – Ela estava sendo sincera.
- Exijo um exame de Dna.
- Como quiser.
Depois de dias, descobrir que a menina estava gravemente doente e era minha filha. Ela tinha 4 anos e meu dinheiro não ira salvar Melissa. Dediquei dias no hospital para cuidar dela, criei um vinculo natural de pai, cheguei a chorar com Alice. A menina era maravilhosa e eu poderia ter aproveitado se não fosse meu orgulho e minha vontade de fazer vingança.
- Alice, não chora, isso me desespera.
- Sofri muito. Melissa me deu vida, chegou amar tanto a mim que ensinou o que ninguém conseguiu. Ela plantou em meu coração o amor, outros olhos e uma nova chance.
- Não te amei o bastante, se eu te amasse, teria te mudado com meu amor. Mas era mais fácil ceder aos seus caprichos e te ter sem esforço algum.
Ela se aproximou do meu rosto, ficou de joelhos perante a mim e pediu desculpas.
- Felipe, perdoe por ter sido egoísta. Você me deu um presente inestimável que foi Melissa, você deu outra chance para ser flor sem vida.
Para meu desespero, chorei junto a ela, conseguia até ver nossas lágrimas se encontrando no chão. A menina já me chamava de pai e eu a chamava de milagre salvou minha vida e deu uma a Alice. Ela parecia um anjo, com aquele vestido branco com aqueles olhos claros pedindo amor, aquela pele branca de veludo, lábios carnudos e pequenos, mãos lisas e voz sutil. Era uma princesa de 4 anos de idade.
3 semanas após 1 mês conhecendo minha filha e ela morreu, Alice faleceu 1 ano depois, após uma depressão profunda e eu resolvi escrevi a historia de um homem que tinha pena de si mesmo para se amar, um homem que amou uma mulher que se vendeu e depois se ajoelhou ao dinheiro até que um anjo chamado Melissa salvou sua vida e antes que a velhice chegasse e transparece-se meus atuais 87 anos, eu conheci o amor de perto e tinha pele, sorriso, face e vida.