Todo fim é um novo começo

Nunca mais queria voltar lá. Será possível?! Não fazia ideia de onde estava se metendo naquela noite. Estava se metendo no meio do tiroteio, pequena, sem colete à prova de balas. Lá no telhado de um dos prédios mais altos do bairro, tentava deduzir se pular apagaria tudo aquilo que foi feito e jamais será desfeito, todas aquelas noites em claro, conversas jogadas fora e brincadeiras com maldade quase que despercebida, mas não resolveria, só mesmo o senhor do tempo.

Tempo esse que é sempre a cura segundo todos, mas à ela não foi, pelo contrário, era como um veneno à longo prazo, fazendo-a enlouquecer eventualmente. Enquanto isso ele nem imaginava o quanto ela gostava dos defeitos dele, das suas piadas quando nervoso, das brincadeiras irritantes, até da sua feiura, no bom modo de se dizer.

Tudo havia se transformado numa fumaça preta, antes da tempestade, que devastou tudo, mas ao mesmo tempo deixou claro de que tudo estava quebrado, desmoronado e acabado. Era isso, era isso que estava faltando o tempo todo! A resposta, a conclusão. A primeira arma foi disparada, a batalha final começou.

A pequena então pensou bem, e por ser tão pequena saiu ilesa do tiroteio, em compensação aprendeu que se alguém tem uma armadura grande e bonita para ser mostrada, não significa que ganhará sem saber como usá-la. Colocou seu tênis velho, seu jeans, batom vermelho e rímel, essa era a melhor armadura, a vitória estava garantida.