Despedida

[...]

Ele acha estranho seu sumiço. Liga para ela desesperadamente. Ele escuta o celular tocando no quarto e o encontra debaixo do travesseiro junto a um envelope com uma marca de batom escuro. Era uma carta dela que havia escrito:

“Espero que não tenha encontrado esta carta tão tarde. Imagino que não.

Amor, você não sabe como estou me sentindo. Meu coração esta tão frágil que se alguém o segurar nas mãos ele acaba de se despedaçar. A dor que me invade é tão grande que acabou me deixando sem escolhas. Eu pensei e repensei inúmeras vezes antes de fazer o que fiz, e com certeza sei que cheguei na melhor decisão, para nos dois. Não sei como te dizer isso. Ate imagino sua reação. Ficará nervoso, mais tão nervoso a ponto de sair quebrando o que ver pela frente, eu sei. Mas peço que se acalme antes de se precipitar. Eu não sabia o que fazer a não ser fugir para longe de ti. Sei que pensará que estou correndo dos nossos problemas por medo de enfrentá-los. Mas não. Infelizmente tive que partir. Por favor, tente entender o meu lado. Nossa relação não estava mais dando certo, você chegava em casa tarde, todas as noites, não queria saber de mim, nem para perguntar como eu estava. Me senti isolada, como se não fizesse mais parte de sua vida. Você me substituiu por festas, bebida, baladas e outras mulheres, tudo porque cansou de mim e não soube me ouvir. Ficou cada vez mais difícil de aguentar. Todos os dias nós brigávamos e na manhã seguinte você me vinha com desculpas para no mesmo dia cometer os mesmos erros, tudo de novo. Fiquei sozinha em casa por muitas noites, chorando e preocupada enquanto você se ‘divertia’. Custava você me dar atenção? Custava você me ouvir ao invés de criar outra briga, sair de casa e encher a cara para esquecer os problemas? Era tão difícil assim a ponto de deixar as coisas chegarem neste estado? Ah, você me deve mais desculpas do que eu devo a você. Mas eu lamento muito por te deixar. Eu preciso me tornar livre novamente, concertar a minha vida, recuperar o que foi perdido e retomar o meu caminho. Você jogou fora a nossa vida, a nossa felicidade e o nosso amor. Tudo se perdeu.

Lembra daqueles meus problemas que você não queria ouvir? Lembra daquelas vezes em que você fechou a porta na minha cara e me deu as costas? É. Agora sou eu que não quero saber dos seus problemas. Estou te dando às costas e estou levando comigo um filho seu, dentro de mim. Esse era o meu grande problema. Era isso que eu quis dizer todo esse tempo, mas você não quis saber, nem se importou. Estou deixando tudo para trás para criar um novo recomeço. Não temos a menor condição de criar esse filho juntos, e sozinha eu também não tenho. Por isso decidi que não irei tê-lo. Eu não posso. Esta criança chegou no pior momento da minha vida, nosso relacionamento estava por um triz e eu não quero jogar fora o pouco do que tenho. Ainda me restam sonhos e planos para meu futuro, para uma vida melhor. Quero me soltar dessas correntes e voar.

Saiba que ainda te amo, muito, muito mesmo, mas se for para viver aprisionada sem fazer o que quero e seguir minha vida entre ser realmente livre, eu prefiro seguir a segunda opção. Minha vida não depende apenas de ti. Dependia de nós. Mas como agora tudo acabou estou fechando a porta, jogando a chave fora, apagando o passado e me tornando uma nova mulher.

Eu sinto muito, mas cansei de sofrer. Espero que fique bem e supere toda essa dor que também sinto. Adeus.”

[...]

Ingrid Hanley
Enviado por Ingrid Hanley em 12/02/2013
Código do texto: T4136478
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