O Dinheiro Une ou Destrói?

Será que o dinheiro é capaz de melhorar a vida das pessoas? Será que o dinheiro tem o poder de unir, ou será que ele separa? Às vezes pessoas mudam ao ganhar muito dinheiro, mas isso é algo que vem de cada um, onde será que está a influencia? Será que todos nós nascemos com uma necessidade de ceder a luxuria e deixá-la predominar nosso ser? Será que somos tão fracos, aponto de deixamos de lado coisas bem mais importantes, por causa de um simples papel, sim existem coisas mais importantes que um pedaço de papel, um exemplo é a própria felicidade, alguns podem até achar que ela é comprada, mas se nós nos aprofundarmos bem e tentarmos percebermos iremos entender, a verdadeira felicidade não se compra, se conquista, aquele pedaço de papel não tem poder nenhum sobre os sentimentos de pessoas justas e verdadeiras, pode até influenciar no meio dessas pessoas corruptas, sem honra e amor próprio, porém tenha certeza que essa felicidade, desse modo inútil, um dia se acaba, o papel pode um dia se acabar, inteligentes aqueles que buscam construir as coisas com o coração e não com um simples pedaço de papel. É apenas um simples pedaço de papel, que a te tem sua importância, mas ele não deveria estar influenciando tanto, algumas pessoas mudam completamente seu modo de agir, pensar, mudam seu modo de viver, será que isso é correto? Será que essas pessoas estão se sentindo completa com essas atitudes? Ou será que a cada dia que passa elas se sentem mais sozinhas, se sentem mais carentes?

Fico tentando projetar cenários ou até mesmo pensar em palavras para descrever Maria Clara, fico pensando e me esforçando, mas parece inútil, as palavras que surgem em minha cabeça não são suficientemente boas para descrevê-la, eu vou tentar um pouco mais não sei se vou conseguir, pois a única palavra que vem a minha cabeça ao pensar nela, é incrível. Por que ela é assim, incrivelmente linda, incrivelmente interessante, incrivelmente tudo que eu preciso para ser feliz, seu sorriso e tão lindo, que quando ela sorri até a natureza para pra olhar, seus olhos brilham tanto com aquela pureza, que quando eles brilham até as estrelas se põe a admirar, é simplesmente incrível. Ela gosta sempre de andar com seus vestidos, não muitos bonitos, não muitos novos, mais em meu avaliar, tudo combina com ela, com aqueles olhos verdes que se destacam no escuro, tudo isso é incrível, mais incrível ainda quando ela se põe a falar, me distraio tanto com o mexer suave dos seus lábios que quase não consigo prestar atenção no que ela esta falando, qualquer um consegue perceber minha cara de bobo quando estou perto dela, incrível, tudo isso é incrível, e seu modo de correr com os cabelos soltos ao vendo, com aquele sorriso estampado no rosto, tudo isso muito incrível, tudo pra mim até parece um sonho, o sonho do qual nunca vou querer acordar, ela sempre foi meio travessa quando criança, mas quando foi crescendo foi se tornando cada vez mais mulher, eu queria ter as palavras certas para falar sobre o quanto ela é maravilhosa, mas simplesmente não tem explicação. Maria Clara é uma menina que não tem muitos amigos, mas isso só aumenta minha fascinação por ela, meu desejo e conquistar o coração dela e saber que vou ser o único em sua vida, único amigo, e acima de tudo único amor, eu sei que isso é meio egoísmo, na verdade é muito egoísmo da minha parte, mas eu não sei ceder, meu coração sempre passa a me comandar quando estou perto dela, agora as coisas estão um pouco melhor, antigamente eu não conseguia nem falar com ela, ainda me lembro a primeira vez em que ela se dirigiu a palavra a mim, fiquei igual um tonto parado sem dizer nada, pode ter sido o dia em que mais passei vergonha perto dela, mas também foi o dia mais feliz da minha vida, foi aquele dia o primeiro dia em que falei com Maria Clara.

Uma coisa freqüente em minha vizinhança é a diferença social, uns falam que não existe, mas esta visível e só olhar para perceber, um exemplo muito simples disso é as festas que tem todo mês no barracão de festas aqui da nossa comunidade, por sermos um conjunto muito fechado não temos muito contatos com as outras pessoas, apenas com as que moram aqui, nas festas são permitidos apenas a entrada de dois grupo de pessoas, os donos das terras e os gerentes, funcionários nunca aparecem por lá, tem alguns proprietários de alto nível com vários empregados e tinha outros com apenas um empregado, mas o importante e que a diferença social era freqüente por ali.

Meu nome é Antonio, meus pais gerenciam as terras de meus tios por aqui, minha família tem um certo nome, não somos os mais ricos, nem temos autoridade para mandar fazer nada, apenas damos sugestões, eu sempre fui meio solto pelo mato, gostava de brincar com a criançada e se divertia muito, cresci no meio do milharal e das plantações de minha família, meu pai era um sujeito bravo que seguia as tradições, não culpo ele, é algo passado de pai para filho, porém acho que não herdei quase nenhuma das qualidades dele, apenas a responsabilidade, e talvez a boa memória, não me lembro de nunca ter esquecido nada, e também nunca vi meu pai voltar para trás por que esqueceu algo, ou deixar de fazer alguma coisa para fazer depois. Nossa família era unida, meus tios eram os proprietários das terras, e agente tinha tudo o que queria por ali, na verdade meu pai também tinha um pedaço de terra, mais era pequeno e agente cultivava com meu tio mesmo, eu sempre fui bem na escola, na verdade era mais do que minha obrigação ir bem na escola, eu era um dos únicos meninos que não ajudava a fazer nada em casa.

Maria Clara vinha de uma família pobre, sua mãe trabalhava de dona de casa, na casa do segundo fazendeiro mais rico ali da nossa comunidade e, seu pai era peão do mesmo fazendeiro. Ela não conversava com quase ninguém, por seus pais serem pobres as outras crianças meio que ignorava ela, algumas crianças já haviam criado dentro de si um medo, um bloqueio de sentimentos, muitas vezes os próprios pais não deixavam os filhos se misturarem com os filhos das pessoas mais pobres, mas eu não, eu a dava toda atenção possível, meu pai nunca disse nada, acho que ele não ligava muito para essas coisas, ou ele nunca chegou a prestar atenção. Maria Clara ajudava a mãe a limpar por ali, ela quase nunca saia de lá, mais quando saia eu sempre estava por perto, na verdade eu vivia ali por perto esperando, apenas observando. Ela era uma menina triste por dentro, não dava para saber tudo que ela já tinha passado, porém tinha um coração nobre que não da para comparar, Maria passava a maior parte do seu tempo livre, pensando em um mundo melhor, passava a maior parte do tempo observando a natureza. Isso era uma das coisas que mais me admirava em Maria, uma menina tão simples e com tanta sabedoria guardada dentro de si, ela era a melhor aluna de sua sala. As outras crianças daqui cresceram todas como meu pai, e como os pais delas, conversando apenas com quem fazem parte do seu meio de vida social, não tinha espaço para pessoas pobres com as pessoas ricas, muitos podem negar, mas muitas vezes me pus a pensar e então percebi que às vezes eles estavam tratando seres humanos, não como seres humanos e, sim como qualquer outro tipo de animalzinho, sem importância para o mundo, o que eu achava mais engraçado em tudo, era que tinha senhores que tratavam melhor os seus cavalos do que seus empregados. Ainda não sei por que eu cresci nesse mundo, só sei que tive sorte por ter aprendido a deixar meu coração controlar minhas emoções, não queria ser assim igual a eles, uma espécie de robô, todos pensando e fazendo a mesma coisa, um ciclo vicioso sem fim. Agradeço muito a Deus pela oportunidade de ser um jovem que acredita em um mundo melhor, agradeço a Deus por eu ainda acreditar em meus sonhos.

A única coisa que eu sabia realmente de Maria, era que ela guardava um rancor enorme por sofrer tudo que sofreu, na verdade acho que nenhuma criança deveria passar esse tipo de infância, uma vez ela me contou chorando, que o patrão tinha batido em sua mãe por que ela tinha quebrado alguns pratos, Maria viu tudo e nada pode fazer, seu pai teve que se calar e baixar a cabeça, isso tudo efeito dos maus costumes que por ali existia, era difícil de entender, eles que se diziam tão homem, viviam realmente feitos animais, sem coração agindo por um simples instinto de poder e maldade, a diferença deles para uns animais irracionais era minúscula, se é que existia alguma. Falo isso por que tenho certeza que isso não aconteceu apenas uma vez por ali, tenho certeza que já devem ter acontecido coisas muitos piores, existiam muitos boatos ali, meus pais não comentavam muito, graças a Deus minha família é descente, um pouco ignorante e sem compreensão às vezes, mais uma família respeitável e, com um caráter que admiro muito. Já escutei historias que uma mulher havia sido estuprada por seu senhor, senhor nada, quer dizer por um animal sem noção e sem sentido algum dentro de sua cabeça, nada da o direito a ninguém de fazer isso com uma pessoa, tem também boatos que uma empregada perdeu a mão por que comeu um pedaço de pão que era pra ser servido para as visitas, eu torcia para que tudo isso fosse mentira, mas eu tinha quase certeza que era verdade, às vezes me envergonhava de morar ali, mas fazer o que, eu não tinha outro lugar para ir.

A rotina tomava conta daquele lugar, as pessoas faziam sempre as mesmas coisas, era difícil você ver alguém saindo para outro lugar. Eu tinha uma vida tranqüila, escola e brincar, às vezes mais estudava do que brincava, confesso não ser uma pessoa inteligente que aprendia as coisas rápidas, mais eu me importava em estudar, pensava em um dia poder sair da li e ir para uma cidade de verdade. Meu pai trabalhava de segunda a sábado, minha mãe sempre limpava a nossa casa e ficava maior parte do tempo na casa dos meus tios que era cerca de quinhentos metros da minha, eu tinha uma priminha de três anos, gostava muito dela, aos domingos minha família se reunia e fazia um churrasco, às vezes vinham alguns amigos da família mais era meio difícil, quase sempre era só agente mesmo, meu pai e meu tio usavam o tempo de descanso para falar sobre o que estava acontecendo nas terras. Domingo a tarde eu ia sempre para o pomar que tinha ali por perto, era o local em que as crianças brincavam, eu às vezes me misturava mais era meio difícil, gostava mesmo de ir para perto da casa onde Maria ficava, quando eu dava sorte ela vinha falar comigo, ela sabia que poderia sempre contar comigo, eu sempre vivia falando isso para ela, era interessante, meus olhos brilhavam mais forte quando eu olhava para Maria, mesmo que eu não via eles brilharem, eu podia sentir. Alguns dos meninos filhos do pessoal mais rico, sempre que via eu com ela depois começavam a dar risadas de mim, na verdade eu nunca me importei com isso, às opiniões deles não contava para mim, a única coisa que me importava era conseguir tirar um sorriso de Maria às vezes. Ela se sentia muito culpada quando via os meninos tirarem sarro de mim, às vezes ela dizia até que iria parar de falar comigo, para que acabassem esses comentários, uma vês quando ela disse isso, olhei dentro dos olhos dela e disse que não importava o que os outros falassem, eu me sentiria bem melhor sabendo que ela esta feliz e, que se ela gostasse de falar comigo, para ela nunca parar de fazer isso, por que eu gostava muito de falar com ela, na verdade acho que essa foi a ultima vez em que ela comentou em parar de falar comigo, eu tentava esconder meu medo de parar de falar com ela, por isso as vezes eu não falava as palavras certas, na verdade eu queria começar a chorar e falar para ela nunca sair do meu lado, por que ela era a pessoa mais importante para mim.

Certo domingo, após o almoço eu decidi que iria falar com Maria, eu estava ansioso, fui até o pomar e fiquei sentado na laranjeira, uma arvore grande e muito velha, eu gostava dela pois no galho em que eu gostava de sentar, dava para olhar perfeitamente a casinha de Maria. A casa dela ficava dentro da propriedade do seu senhor, era uns duzentos metros para trás, ao redor da casa de Maria ficava o galinheiro, e alguns metros para trás ficava o chiqueiro, o dono daquelas terras criava quase de tudo. Eu contava os minutos, mas Maria não saia, passou-se vinte minutos e para mim parecia que já tinha passado algumas horas, eu me distrai com as crianças que brincavam do outro lado do pomar, tinha bastantes crianças, e vi uma cena que quase me fez chorar, tinha um menininho chamado João que o pai era muito pobre e trabalhava não sei nas terras de quem, eu o vi poucas vezes, nunca cheguei a conversar com ele, ele também nunca tentou se aproximar de mim. João tinha uma bola e estava brincando sozinho com ela, a bola não era muito boa, mas ele estava se divertindo, ele chutou a bola e ela parou perto da onde estavam os outros meninos, eles pegaram a bola do João e começaram a fazer ele de bobinho, se aproveitaram por ele ser pobre e um pouco mais novo, João encheu seus olhos de lagrimas e correu atrás dos outros meninos querendo sua bola, eles não a entregaram tão cedo, ficaram fazendo o menino de bobo por uns dez minutos, eu me senti decepcionado com todos e comigo mesmo, eu queria ser mais forte e ter menos medo, ai então eu poderia ajudar o João ou qualquer outra pessoa que fosse passar por isso novamente.

Quando eles entregam a bola, olho de relance para o lado da casa de Maria, avisto ela vindo em minha direção, minhas pernas começam a tremer, por mais que agente sempre conversava, eu ainda não tinha me acostumado com o fato de ter a sorte de uma menina tão linda falar comigo.

_Oi_ Disse Maria enquanto caminhava em minha direção.

_Oi_ Respondi, ela já estava mais próxima.

_Como você esta?_ Maria quando falava me emocionava mais e mais.

_Estou bem e você?_ Respondi com um sorriso leve no canto esquerdo do rosto, não pude ver mais tenho certeza que meus olhos brilharam.

_Bem também_ Maria afirmou.

O sorriso em meu rosto era inegável, não tinha como nem disfarçar, a cara de bobo que eu fazia era inexplicável até para mim. Acho que Maria pensava que aquela minha cara era a normal, sempre que eu estava com ela ficava daquele jeito, sem saber o que fazer, sem saber o que falar.

_Então, me conta o que aconteceu de bom na sua semana?_ Puxei assunto.

_A, nada, para falar a verdade essa deve ter sido minha pior semana, nem quero comentar._ Disse Maria e, sua cara de felicidade foi saindo aos poucos de seu rosto.

_O que esta acontecendo, você sabe que pode contar sempre comigo._ Perguntei, fiquei com medo de ter feito ela lembrar de alguma coisa triste.

_A nada, e você o que me conta de bom?_ Ela sorriu ao perguntar, porem percebi que ela estava querendo mudar o assunto.

Para mim tudo estava bom, eu estava ao lado dela e, isso me completava, eu desviei meu olhar para as crianças que brincavam do outro lado do pomar, foi apenas um desvio rápido, olhei para ela novamente.

_Então, nada._ Dei risadas e se calei por alguns instantes._ Mas estar ao seu lado é muito bom_ Aposto que meu rosto ficou vermelho nesse momento.

_Que bom._ Assim Maria respondeu e, um sorriso enorme surgiu em seu rosto.

Me alegrei com aquele sorriso, com aquele momento, ficar perto dela me fazia feliz, ela era uma menina tão doce. Mesmo passando por tudo que tinha passado e, ainda estava passando, ela não deixava essas coisas ruins dominá-la, ela era incrível. A tarde foi passando e nós se envolvemos em um longo dialogo, era tão bom conversar com ela, tudo parecia mágico, parecia que ela dava um sentido melhor para minha vida, parecia que com ela tudo estava completo. Eu era um jovem, ainda não tinha idade para ir atrás de meus sonhos, se é que existe idade para ir atrás dos sonhos, mas eu fui criado em um sistema meio diferente. Mesmo sem muita historia para contar, mesmo não tendo conhecido varias meninas, de uma coisa eu tinha certeza, Maria era a menina que eu queria para sempre comigo. Eu tinha um pouco de medo, achava que tudo ia dar errado, às vezes minha mãe implicava um pouquinho por eu falar com Maria, ela não ligava muito, mas tenho certeza que nem uma mãe quer que seu filho seja motivo de piada e, ela sabia que o povo daquela região falava, eu não a culpava, eu sabia que ela não tinha culpa de pensar daquele jeito, muitos não tinham, foram criados daquela maneira, o único erro deles era, passar aquilo adiante, aquele modo de vida não deveria existir, deveria ser completamente abolido.

A tarde se passou e Maria teve que voltar para casa, estranhei por minha mãe ainda não ter me chamado, eu dei um beijo no rosto dela, foi a primeira vez e, foi tudo mágico, eu nunca tinha tido contato maior com ninguém além da minha família, foi um instante mágico para mim, eu poderia ser um jovem e, a maioria dos jovens da minha idade, já tinham beijado na boca e abraçado outras pessoas, para eles eram normal, mas para mim não aquele instante foi único e maravilho, acredito que para Maria também, torço para que ela tenha sentido algo, eu queria muito dizer para ela tudo que senti naquele momento, mais ela se virou e foi embora.

Voltando para casa, minha mãe já vinha em minha direção, como eu disse anteriormente, estava estranhando ela não ter vindo atrás de mim ainda, se encontramos no meio do caminho, e ela perguntou o que eu estava fazendo, se todas as outras crianças já tinham ido embora, olhei para o rosto dela, dei um sorriso, voltei a olhar para o caminho e continuei andando. Minha mãe era esperta, ao ver meu estado de felicidade ela deve ter entendido tudo, sei que para ela isso não era muito bom, mas minha mãe ficava feliz por me ver feliz. Chegamos em casa e fomos para dentro, meu pai estava no banho e eu fui tomar banho no outro chuveiro, minha mãe foi terminar de preparar a janta. Após a janta minha mãe e meu pai assistiram um pouco de televisão, eu estava meio casado e fui dormir, queria estar disposto para mais um dia de aula.

Maria estudava na mesma escola que eu, mas lá agente quase não conversava, quase não dava tempo, sempre que eu chegava ela já estava dentro de sua sala, e na hora do intervalo, ela comia um lanchinho que levava de casa, eu também comia o que trazia de casa, não podia entrar em salas que não fossem a nossa e, como ela não saia de sua sala não tinha como agente conversar, então quase não sobrava tempo, quase não tinham oportunidades, as vezes eu conseguia voltar conversando com ela, mas isso era um fato meio raro, ela voltava sempre rápido para ajudar a mãe terminar de preparar as coisas para o almoço. Eu gostava dos professores, alguns viam da cidade para dar aula, então já tinham outra criação, eles tratavam todos da mesma maneira. Naquela manha eu encontrei Maria uns duzentos metros antes de chegarmos a escola, foi a primeira vez que vi Maria chegando em cima da hora, ela me disse que teve que preparar o café por que a sua mãe estava com um pouco de dor de cabeça, fora isso foi tudo na mesma rotina, voltei para casa e não consegui avistá-la, porém eu já estava contente por ter conseguido conversar com ela aquele dia.

A semana foi passando e nada de novo acontecia, aulas e aulas para mim, meus pais sempre trabalhando, aquela rotina de sempre, eu tentava diversificar um pouco, quando chegava da escola, sempre fazia alguma coisa diferente, mas as vezes era meio difícil, eu já estava ficando adulto e meu pai já estava começando a me colocar trabalhar, não em coisas pesadas, mas sim para mim aprender, ele e meu tio sempre falavam que aquilo tudo ia ser meu, meu tio tinha só uma filha e sua mulher não queria ter mais filhos, meu pai só tinha eu e, como as terras sempre ficavam o nome dos homens, tudo viria a ser meu um dia. A maioria das tardes em que eu não tinha dever da escola, ou que eu não estudava, eu ficava para cima e para baixo com meu pai. Era bom absorvia muitas informações de qualidade, meu pai entendia muito sobre as terras e, eu gostava muito de tudo aquilo ali, eu apenas não gostava do modo como as pessoas agia, meu pai fazia tudo e me ensinava.

Com o passar de algum tempo eu já sabia manobrar até alguns tratores, já cuidava para ver se todos estavam trabalhando certinho, mais o que eu mais gostava de fazer mesmo, era subir no cavalo e galopar até as porteiras e fechar todas, sempre fazia isso para conferir se estava tudo certinho.

A vida foi passando e meu tempo se tornando mais apertado, eu sempre arrumava um jeito de falar com Maria, mas via que as coisas estavam se complicando para ela, quanto mais ela crescia, mais ela tinha que trabalhar, aquilo me cortava o coração, depois de muito tempo de rotina agente se encontrou em um domingo, e resolvi que naquele dia eu teria que abrir meu coração.

Quando vi Maria chegando já tomei a iniciativa de puxar assunto.

_Oi._ Eu disse rápido, antes mesmo de ela chegar.

_Oi, Antonio_ Ela respondeu caminhando em minha direção.

_Como você esta?_ Perguntei, eu estava meio nervoso, acho que isso estava fácil de perceber.

_Estou bem, e você?_ Maria olhava para mim e, estava com aquele lindo sorriso no rosto, tudo isso me dava forças para realmente falar o que eu sentia.

_Estou bem respondi._ Minha voz continuava nervosa._ Então Maria eu tenho que te dizer algumas coisas, só não sei o que dizer._ Então eu dei um sorriso meio de canto e, só de pensar em tudo que eu tinha para falar, meu coração já começou a acelerar.

_A, o que é não me deixe curiosa._ Maria sorriu e se aproximou de mim aquilo foi tudo o que eu precisava para criar coragem de falar.

_Eu gosto muito de você e não sei se você sabe disso._Parei por um segundo e, antes que eu pudesse continuar ela olhou em meus olhos e disse.

_Sei sim, você é o único que me compreende e, o único que posso conversar. E você também sabe que eu gosto muito de você.

_ Sei sim_ Respondi aliviado, corria muitos riscos de eu levar um corte._ Eu não sei como falar, só sei que devo falar, já faz muitos anos que agente se encontra aqui todos os domingos, já faz muito tempo que nos conhecemos e, hoje tenho certeza que é você a pessoa certa para mim._ Tomei um ar, parei por alguns segundos._ E com você que eu quero sempre caminhar._ Me calei e então, ela demorou um pouco para falar, então aquilo me deixou muito nervoso, eu não imagina o que ela poderia falar naquele momento, só sei que apenas eu disse o que eu tinha que dizer.

_Antonio,_ Ela se calou por mais uns instantes._ eu gosto muito de você, sabe, você é a única pessoa que eu tenho certo tipo de intimidade e, sempre que venho aqui meu coração bate mais forte, eu não sei explicar. Só que os outros vão falar muita coisa se agente ficar junto e, nunca que seus pais vão deixar você namorar comigo ou ter alguma coisa seria, eu sei como as coisas funcionam aqui, nós dois sabemos._ Ao dizer tudo isso percebi que seus olhos começaram a encher de lagrima, eu fui para perto dela e dei um abraço nela, aquela foi a primeira vez em que eu a abracei, tenho certeza que aquele momento eu nunca irei esquecer.

_Eu sei como é, mas eu estou disposto a fazer tudo o que for preciso para te ter ao meu lado._ Eu passava a mão no cabelo dela, eu estava triste e feliz ao mesmo tempo, tinha quem eu queria nos meus braços, porem essa pessoa estava descontente com toda a situação, que raiva que me da morar em um lugar com tanto preconceito, com tanta desigualdade.

_Eu sei que está, eu queria que esse momento nunca acabasse._ Depois do que ela disse, meu coração disparou._ Eu tenho que ir embora, tenho que fazer algumas coisas para minha mãe._ Disse Maria já se retirando dos meus braços. Ela olhou para mim e sorriu e se virou e foi embora, nem deu tempo de eu dizer mais nada. Eu estava tão emocionado ao saber que o que eu sentia por Maria era correspondido, que minha emoção não deixava eu falar mais nada. Fui para casa, onde tomei um banho, jantei assisti televisão e depois fui dormir.

As coisas pareciam que iriam para frente, mas não foi bem assim. Resolvi conversar com meu pai, nunca tinha pedido para ter uma conversa com ele, sempre ele que vinha até mim, mas aquele dia eu soube que eu tinha que tomar a iniciativa. Meu pai estava sentado na área sozinho, já estava de tardezinha aquela segunda feira tinha sido trabalhosa para todos, mas aquele tinha que ser o momento.

_Pai podemos conversar._ Disse eu indo em direção a cadeira que estava do lado da que ele estava sentado.

_Sim, meu filho, o que foi?_ Meu pai fez uma cara de surpreso. Na verdade até eu estava muito surpreso, raramente eu falava com ele.

_Então, pai, é errado gostar de alguém com um nível social mais baixo do que o seu?_ Após a pergunta eu abaixei a cabeça, meu pai demorou um pouquinho para responder.

_Não meu filho, mas você ainda não ta em tempo para essas coisas, primeiro você tem que fazer sua vida, para depois então decidir de quem você vai gostar._ Meu pai foi objetivo, ele queria passar mais responsabilidade para mim e, achava que eu ainda não estava na idade para namorar.

_A pai, mais eu gosto de uma menina._ Abaixei minha cabeça, eu já não sabia mais o que falar.

Eu respeitava muito meu pai, todo pedido, toda palavra dele direcionada a mim, era uma ordem, eu fazia, muitas feliz até sem saber o porquê, mas a questão e que ele era meu pai e, eu acreditava que ele nunca iria fazer nada para me magoar.

_Filho, você tem muito a viver ainda, você já é um adulto para mim, mas ao mesmo tempo, você tem que decidir o que é prioridade para você, se arrumar uma namorada e, correr o risco de passar necessidades mais para frente, ou de trabalhar agora e nos ajudar, aprendendo tudo que precisa, para um dia você se tornar dono de tudo isso aqui, olha meu filho, o tanto de maquinas, de gado, de terras que temos._ Meu pai era sábio em suas palavras, porém meu coração estava meio partido, eu sabia que tudo o que ele falava era para o meu bem e, tinha entendido também que ele não seria compreensível se eu começasse a namorar naquela idade.

A segunda foi acabando, terça feira não teve nada fora do normal e a semana foi como todas as outras, na sexta feira quando eu voltava da escola, vi uma coisa que cortou meu coração. Alguns meninos pegaram a bolsa de Maria e, não davam para ela, eles ficavam zombando dela, por que ela ia sempre de chinelo para a escola e, os olhos de Maria se encheram de lagrima. Eu vi e fui correndo ajudar, dei um soco na cara de um dos meninos, mas os outros vieram pra cima de mim, eu nunca tinha brigado, mas alguns meninos tinham medo de mim, meu pai tinha fama de ser durão e, era admirado por todos, isso fez alguns meninos recuarem, eu fiquei em postura, não sabia se eles iriam vir ou não, só sei que se eles viessem eu iria apanhar muito, tinha três meninos na minha frente e os outros atrás que ficaram com medo, ficavam falando para eles me bater, eu abaixei e peguei a bolsa que tinha caído da mão do menino que dei um soco, Peguei na mão de Maria e fui caminhando, sempre olhando para atrás, graças a Deus eles não vieram me bater. Levei Maria até a frente da casa dela, e dei um abraço bem forte nela, ela ainda estava chorando, aquilo me cortava o coração.

_Obrigado._ Disse Maria engolindo as lagrimas, e chorando muito.

_Você sabe que eu sempre estarei aqui._ Olhei para ela e a abracei, ela tinha que entrar, então fui para minha casa, sempre olhando para os cantos, vendo se os outros meninos não iriam vir me bater, confesso, eu estava com muito medo e, ainda não sei como fiz aquilo, mas foi tudo repentino, meu coração chorou ao ver Maria chorar, eu não entendia muito de sentimento, mas a cada momento que passava eu tinha certeza que ela era a pessoa certa para mim.

O tempo foi passando e aquilo proporcionou uma raiva enorme dentro de Maria, uma magoa enorme dentro de seu peito, que nenhum abraço poderia curar. Nos domingos nós se encontrávamos e ficávamos fazendo planos, ela sabia que era tudo pra mim, eu fazia questão de falar sempre, eu e ela tínhamos alguma coisa incomum, nós nunca tínhamos nos beijado, na verdade nós nunca tínhamos beijado ninguém, mas aquele abraço que durava horas todos os domingo era o mais importante, era aquele abraço que me mostrava que valeria a pena passar por cima de qualquer obstáculo que aparecesse em nossa frente, eu nunca tive muito objetivos em minha vida, mas dos poucos que tive aquele eu tinha certeza, eu queria passar o resto de minha vida com Maria. Passaram-se dois domingos depois do ocorrido então chegou uma noticia muito triste para família de Maria, o seu avo, tinha falecido, eles não tinham contato com ele fazia mais de dez anos, Maria só o viu quando era uma criança. Eles foram ao velório, ficaram três dias fora de casa, era estranho ir para escola e não ver Maria, por mais que eu não conversava com ela na escola, eu conseguia pelo menos olhar para ela, pelo menos eu sabia que ela estava ali.

Os três dias se passaram e algo mudou, Maria chegou com um carro, era estranho por que o carro tinha ficado por ali mesmo, eu não consegui falar com ela naquele dia e, nem no outro, ela continuava a faltar na escola e eu estava preocupado com ela, eu queria poder dar um abraço em Maria e perguntar se estava tudo bem, mas parecia impossível, parecia que Maria nem estava ali, eu sempre ia olhar lá perto de onde ela morava, para tentar descobrir alguma coisa, mas não conseguia nada.

Certo dia à noite no jantar, tudo em silencio meu pai se pos a falar.

_Vocês não sabem o que aconteceram._ ele estava mastigando um pedaço de carne.

_O que aconteceu pai._ Disse eu apreensivo.

_É o que aconteceu amor_ minha mãe falou logo após eu terminar de falar.

_Então sabe aqueles empregados do seu Julio._ Meu coração começou a bater mais rápido, mas eu não quis demonstrar, abaixei minha cabeça e peguei mais comida, porem eu estava completamente prestando atenção no que meu pai iria falar pos seu Julio era o nome do patrão dos pais de Maria.

_Sim, sei sim amor, o que acontecem?_ Minha mãe perguntou. Eu me calei, mas estava quase gritando para meu pai dizer rápido o que tinha acontecido.

_Ficaram sabendo que faleceu um parente deles, não sei pra onde._ Meu pai deu um tempo para mastigar a comida.

_Sei sim amor, o que têm eles?_ Minha mãe estava curiosa.

_Então parece que esse parente deles, era bem rico e, deixou uma herança muito grande em terra para eles, como eles não queriam sair daqui, o seu Julio e eles trocaram as terras e parece ainda que seu Julio teve que pagar mais um pouco em dinheiro._ Meu pai mastigou mais um pouco.

_Nossa que sorte a deles._ Minha mãe olhou para mim, ela sabia que eu vivia falando com Maria.

Eu me levantei pedi, licença e fui dormir, fiquei muito feliz com tudo aquilo que estava acontecendo, agora as coisas iriam se facilitar, já não via mas a hora de falar com Maria.

Chegou o momento esperando, Maria estava em sua casa e me viu chegando ao pomar, ela estava na casa principal, era mais perto e dava para ver mais o pomar, eu sentei no lugar de sempre então ela veio em minha direção. Aquele momento foi mágico como sempre era.

_Maria como você está?_ Perguntei, eu estava um pouco preocupado, eu não cheguei a conhecer meus avos, não tenho nenhuma recordação deles, apenas umas fotos que ficam guardadas no guarda-roupa de meus pais. Deveria ser muito ruim perder o avo.

_Estou bem, aconteceu tanta coisa e, só estou um pouco sem saber o que fazer._ A vida de Maria tinha mudado completamente. A resposta dela me alegrou, era bom saber que ela estava bem.

_Que bom que você está bem._ Eu disse sorrindo.

_E você como esta?_ Perguntou Maria, dava para perceber que ela estava meio inquieta com alguma coisa.

_A foi diferente passar a semana sem ver você na escola, mas eu estou bem, e muito feliz por você está aqui novamente._ Minha cara de feliz era enorme, sempre acontecia isso quando eu estava perto dela.

_Então, alguma novidade?_ Eu perguntei esperando que ela me contasse tudo.

_A, meu avo deixou um dinheiro para meu pai._ Ela foi direta, parecia não estar querendo entrar em detalhes no assunto._ A gente comprou a casa aqui agora.

_E você pretende fazer o que agora?_ Eu estava muito curioso.

_Vou ficar tranqüila um tempo, não quero conversar muito com ninguém, quando você querer vir aqui, pode vir, no meio da semana da pra gente voltar juntos da escola agora._ Eu estava feliz, esperava isso dela, ela era gentil e, tudo que eu queria era continuar com ela.

Tudo parecia que iria se encaixar, meus sorriso estavam constantes, eu já não conseguia parar de imaginar tudo, imaginar eu e Maria, juntos na varanda de minha casa conversando como namorados, tudo perfeito.

Eu levei sorte em meu pai ser um cara do bem, ele nunca tinha tratado nenhum funcionário dele e nem dos outros mal, o pai de Maria gostava muito do meu pai por isso, meu pai já conversava muito com o pai de Maria, pois ele era um dos caras que mais entendia de assuntos de fazenda ali da região, eles se tornaram mais amigos a partir de então. Para mim os dois poderiam ser amigos desde sempre, mas fazer o que, se a diferença social influencia tanto nessas coisas.

Certo domingo o pai de Maria convidou apenas nossa família para ir almoçar na casa dele, meus pais não gostavam de sair aos domingos, muito menos meus tios, mas todos foram, eu gostei muito daquele momento, Maria gostou muito de minha priminha, eu e Maria ficamos brincando com ela, enquanto os nossos pais e meus tios conversavam. Tudo parecia perfeito.

Certo dia Maria esnobou uma menina riquinha que tinha na escola, com tudo que tinha acontecido, Maria tinha se tornado a menina mais rica dali. A única coisa ruim que tinha acontecido e que ela estava mudando, Maria por raiva e por ter sido tratada muito mal, agora queria tratar os outros mal, ela começou a esnobar e falar mal de varias pessoas, por serem um pouco mais pobre do que ela, aquilo me fez perceber, eu estava perdendo a Maria, aquela que me fazia sorrir só de saber que ela existia, ela estava mudando, e isso era ruim, muito ruim. Aquela maldade tomou conta dela, quando percebi já não sentia mais prazer em falar com ela, suas atitudes eram irreconhecíveis, seus gestos já não eram mais verdadeiros. Agente foi se afastando aos poucos, tudo aquilo feria meu coração como se alguém tentasse cortá-lo com uma faquinha de será, ou furá-lo varias vezes com uma agulha, eu só sei que tudo aquilo estava me fazendo um mal danado.

Eu já tinha parado de vir da escola com ela, mas certo dia encontrei ela saindo do portão e comecei caminhar ao seu lado, ficamos alguns minutos sem falar nada então eu pergunte.

_Posso falar com você?

_Sim, você sabe que sempre vai poder falar comigo._ Disse ela achando que tudo ainda estava normal.

_Eu não compreendo, como você pode estar tratando as pessoas tão mal, lembra o quanto você me dizia que odiava o que eles faziam com você, agora você faz tudo igual com eles e com os outros, por quê?_ Falei em tom alto.

_Antonio, olha tudo que eles fizeram para mim, quero que eles sofram._ Naquele momento eu realmente não reconheci Maria, meu mundo desabou e meu coração se partiu, eu não tinha mais muitas forças para falar, a pessoa que mais importava para mim, já não existia mais.

_Maria, deixa isso de lado vamos ser felizes?_ Disse olhando dentro dos olhos dela.

_Não tem como deixar isso de lado, olha tudo que eles fizeram para mim._ Disse ela como se tudo fosse normal.

_Se você querer continuar falando comigo, esquece tudo isso e, volta a ser aquela menina linda e gentil que eu conheci._ Eu disse com uma voz decepcionada.

_Mas Antonio não tem como, olha tudo que me fizeram, tudo que me falaram._ Antes de ela terminar de falar eu me virei e fui para casa, ela não se importou comigo, deu as costas também e foi para casa dela, o dinheiro tinha mudado a vida de Maria, as qualidades que eu mais admirava nela, já não existia.

Eu e Maria ficamos sem se falar, eu ficava mais adulto a cada instante e, a cada instante tinha algo novo para mim fazer, cuidar, tomar conta. Meu tio estava ficando velho e já estava parando de trabalhar, eu estava assumindo toda a parte dele, com uma força do meu pai claro, mas tinha muitas coisas que eu já era obrigado a fazer sozinho, meu tempo se tornou mais curto que o normal. Às vezes eu sentia vontade de voltar a falar com Maria, mas ela parecia nem sentir minha falta, parece que a menina que conheci já não estava mais por ali, meus domingos atardes eu ficava com a família, fazia muito tempo que eu não via Maria, mudei meu caminho de ir para escola, mudei meu caminho de voltar, não saia da minha sala no intervalo, então não tinha como encontrar ninguém, aquilo feria minha alma e meu coração, mas a pessoa que Maria se transformou, não sei, acho que não conseguiria viver ao lado dela, eu que sempre fui sozinho, agora estava mais só. Acho eu que Maria não sentia minha falta, o tempo passou e passou, um mês depois do ocorrido eu nunca mais tinha a encontrado, isso era bom por um motivo, mas meu coração sangrava de saudade.

Passaram-se cinco meses e, uma saudade foi acordando em Maria, ela estava sentido minha falta, talvez o ódio que estava em seu coração, não estava mais ajudando, creio eu que todo o mal que ela estava fazendo, não estava fazendo mal somente aos outros, mas sim a ela própria. Maria não estava feliz, ela sabia disso, só não sabia o que tinha que fazer para recuperar a felicidade. Ela foi mudando novamente aos poucos, parou de andar com certas pessoas, parou de maltratar os outros e, seu coração voltou a bater mais puro, o tempo fez despertar novamente aquela menininha doce e incrível que ela era, quando ela se deu conta de tudo isso, já havia muito tempo que nós não se falávamos.

Às vezes a bondade está dentro de nós, às vezes só precisamos prestar mais atenção em nossas vidas, perceber o que estamos fazendo, para então não nos arrependermos depois. Escolhas em nossas vidas são feitas diariamente, o importante é saber pensar, com a cabeça sim, mas nunca deixar ela comandar totalmente, lembre-se que quem bate vinte e quatro horas por dia para você sobreviver é o coração, ele que tem o poder de fazer as escolhas mais certas. Maria demorou para perceber isso e, sentia vergonha de tudo o que tinha feito, ela tinha voltado a ficar sozinha, mais o só dela, agora era muito mais só.

Certo dia estava eu galopando com meu cavalo, recém tinha ganhado ele do meu pai e do meu tio, eu ainda estava pensando em um nome para ele, ele era todo marrom, muito bonito. Passei galopando rápido por uma estrada que nunca tinha ninguém, eu tinha que pegar algumas coisas em um barracão que ficava nos finais das nossas terras. De repente escuto uma voz bem baixa, vindo lá do meio do milharal que ficava ao lado da estrada, a voz chamava meu nome bem baixinho, quase não dava para perceber, comecei olhar em direção da voz e fui parando o cavalo, de primeiro momento não consegui enxergar nada, dei meia volta no cavalo e, fui voltando bem devagar, consegui avistar uma pessoa, mas estava meio longe não dava para identificar quem era, quando estava meio próximo percebi que era Maria, então olhei com certa decepção no olhar, mas meu coração bateu mais forte. Ela me chamou mais uma vez, eu fui me aproximando devagar.

_O que foi Maria?_ Disse sem expressar nenhum tipo de reação.

_Como você está?_ Seu rosto parecia meio pálido, suas expressões tinham voltando a ser como antes, isso me fez sorrir por dentro, mas eu estava muito decepcionado e não queria expressar reação alguma. Por mais que eu ainda a amasse, por mais que ainda ela era a dona do meu coração, eu tinha medo, medo de que ela ainda não estivesse totalmente normal.

_Estou bem_ Minha voz era firme, mas o que senti ao vê-la novamente não negava, eu a amava acima de tudo._ E você como está?

_Estou bem.

_Maria tenho que ir buscar algumas coisas, agente se vê qualquer outra hora._ Afirmei sem tempo de ela continuar a dizer qualquer outra coisa, virei meu cavalo e já fui saindo.

_Espera só mais um minuto, por favor?_ Maria disse com uma voz suave que me amoleceu, o que eu sentia por ela era imenso, não tinha como evitar, ela esperou um pouco, puxou o ar e começou e voltou a falar._ Eu sei que não te ouvi, e estou muito mais muito arrependida mesmo de ter feito isso com você, eu quero muito que você me perdoe, eu quero muito voltar a falar com você, sabe todo esse tempo eu nunca fiquei feliz._ Interrompi Maria, e disse.

_Eu te avisei Maria eu me entreguei a você e você me negou, por causa dessa vingança, que no final como você esta vendo não fez bem a completamente ninguém.

Maria começou a chorar, ela abaixou a cabeça e pediu desculpas bem baixinho. Eu desci do cavalo e dei um abraço bem forte em Maria, naquele abraço percebi que ela merecia outra oportunidade e que ela estava realmente arrependida, eu enxuguei suas lagrimas e disse que estava ali. Demorou um pouco para ela parar de chorar, mas aos poucos ela foi se acalmando, me lembro que foi naquele instante que ela se entregou completamente a mim e, disse realmente tudo que sentia, eu aos poucos consegui me entregar novamente a Maria. Hoje tenho orgulho de dizer que sou casado com Maria, pois ela voltou a ser, aquela menina incrível que eu conheci. Hoje sei de tudo isso por que eu e Maria sempre conversamos, ela me conta tudo e eu conto tudo para ela, conversar, é com certeza a base e o sustento de uma relação saudável.

“Maria se deixou levar, pela capacidade de poder destruir que o dinheiro da às pessoas, em vez de usar o que tinha conseguido para o bem, pois ela sabia como era ruim ser maltratada por quem tem muito, ela foi estúpida e deixou o dinheiro comandar, quantas pessoas será que já fizeram isso, quantas pessoas se esqueceram de quem eram por causa de dinheiro. Não devemos seguir o exemplo de pessoas que querem nosso mal e, sim fazer tudo ao contrario, fazer o oposto do que elas fazem, não importa a condição social em que vivemos. O poder na mão de pessoas erradas pode ser fatal, é um fato que acontece todos os dias, vários pobres conseguiram chegar ao poder, políticos, governantes, administradores, e em vez de fazerem o certo, continuam com essa forma de corrupção brasileira. Vereadores não aceitam projetos para ajudar estudantes com, melhorias em educação e passe livre de transporte, ou projetos científicos, eles falam que dão prejuízo para a prefeitura, porém quando é para aumentar o seu próprio salário, todos votam positivo, creio eu que isso também causara prejuízo ao município, mas fazer o que se o poder caiu nas mãos erradas, fazer o que se essas pessoas não conseguem pensar com o coração. Se a fome dos outros e a necessidade dos outros não causam sentimento algum nesse tipo de pessoas, posso dizer apenas uma coisa, são pessoa imaturas, despreparadas para a vida e completamente sem coração”

Victor Toninatto
Enviado por Victor Toninatto em 30/01/2013
Reeditado em 05/02/2013
Código do texto: T4113946
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.