Ressacado

Hoje, me acordei ressacado desse teu amor.

Foi meu último porre de você.

Bebi pra esquecer.

Dancei pra me libertar.

Cantei pra não sufocar.

A única coisa que queria naquela noite era beber mais de você pela última vez.

Sem copos.

Sem doses.

Queria te revirar de uma vez, em um gole só.

Sem pestanejar.

Sem fazer caretas por conta do teu alto índice de álcool.

Sempre concentrado.

Por conta, dessa tua auto suficiência sempre me via forçado a ir ao teu encontro. Implorar as migalhas desse teu amor esmiuçado, dado com tanta irrelevância.

Pra mim você era único, enquanto pra Você eu era apenas mais um. Mais um a preencher tua cama. Mais um a satisfazer teus desejos e anseios, tuas necessidades.

Não havia troca.

Enquanto você saia com tudo de mim, eu me contentava com a metade do teu pouco. E por vezes precisei lidar com essa agonia dentro de mim.

Demorei pra perceber que essa agonia era um sufoco, e esse sufoco era você relutando dentro de mim. Que essa dor de cabeça era culpa tua. Que esse aperto no peito, essa inquietação, essa insônia, eram reações contrárias à ingestão por mais de ti em mim.

Já não me importava mais.

Já não me afetava mais e aos poucos a minha necessidade por mais, tornou-se totalmente desnecessária em minha vida, como um todo.

Você passou a ser, apenas, mais um nome a me vir na mente. Mais uma fisionomia dentre tantas outras que eu pudesse encontrar nas ruas em meu dia a dia. Mais uma mera lembrança. Assim como todas as outras.

Mais uma ressaca dentre tantas outras.

Reges Medeiros
Enviado por Reges Medeiros em 30/01/2013
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