Correnteza

Meus olhos não conseguem se soltar.

Aprisionaram-se a você e a todo esse castelo que construí para nós. A tudo que não ocorreu e que existiu apenas nas noites estreladas em que dançávamos no céu.

Nós dois.

Sobre o negro céu que se bordava sob a forma de estrelas coloridas.

As imagens se formam e se reformam como nuvens na minha mente. Apostando corrida pelo infinito solar que ainda cabe dentro de mim. Parece que nunca saíram daqui. Talvez não tenham, realmente.

Talvez a minha sina seja escrever sobre você. Dedicar-lhe a certeza de caber inteiramente naquilo que eu julgo ser o meu mais precioso dom.

Meus dedos se melam com o lápis e o papel e as folhas e o excesso de linhas que se formam ao meu redor.

E escorregam.

Mas eu insisto. Eu preciso insistir.

Você me sufoca.

Me sufoca com doses relativamente leves da sua existência.

Afogo-me no meio de tudo isso. E acho que gosto.

Quanto mais água eu engulo, mais pesado fica o meu corpo. Que afunda.

Afunda no abismo da imensidão.

Infinitamente.

http://pensando-emvozalta.blogspot.com.br/2013/01/correnteza.html

Louise Hammer
Enviado por Louise Hammer em 29/01/2013
Reeditado em 30/01/2013
Código do texto: T4112904
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