Totalmente entregue
Joaquim homem simples, nascido no campo e criado por pais ignorantes. Não teve sequer a chance de estudar, mal conhecia o valor do dinheiro, mas sobreviveu a tudo.
Aos sete anos perdeu a mãe. Sua mãe dava a luz ao seu décimo irmão quando morreu. Aos dezessete perdeu o pai, seu irmão mais velho teve a obrigação de cuidar dos mais novos e ele que já trabalhava e tinha certa condição de se cuidar e se sustentar foi morar sozinho na cidade. Procurou outro emprego e o conseguiu, naquela época a mão-de-obra era de grande necessidade de modo que ele não teve muita dificuldade em conseguir emprego. O início da vida na cidade foi de dificuldade, o salário era curto e as contas a pagar eram muitas ainda havia o maldito vício do cigarro que o destruía pouco a pouco sem que ele tomasse conta disso.
Não demorou até que encontrasse seu amor, uma mulher chamada Rosa com quem namorou por seis meses antes de se casar. Era uma mulher de família humilde, pouco precisava da vida para que se sentisse feliz. Os dois viveram bem por algum tempo, não tiveram filhos pois descobriram depois de 5 anos tentando que ele, Joaquim, era estéril. Foi um baque na relação dos dois, depois da descoberta a relação com sua mulher nunca mais foi a mesma o tempo que antigamente passavam conversando, agora passavam cada um num canto pensando em seus problemas sem dividi-los um com o outro.
Joaquim se tornou depressivo, cada vez mais dependente do cigarro e também se tornara um beberrão. Rosa o buscava nos bares e o levava para casa quase todos os dias. Algumas vezes ele se encontrava num estado tão ruim que não suportava o peso do corpo, nem mesmo com ajuda de sua mulher e lá se iam horas sentado no chão sem dizer uma palavra sequer que soasse coerente até que se sentisse melhor e pudesse ir para casa. Rosa era uma mulher forte e aguentava bastante. Suportou perder seu confidente e melhor amigo após saber que jamais poderiam ter um filho de seu próprio sangue, suportou perder o tempo mesmo que em silencio com seu marido após chegar do trabalho, suportou ter que levá-lo para casa depois da bebedeira. E tentou firmemente suportar a fome, suportar as necessidades básicas, depois que Joaquim perdeu o emprego. Até o dia em que não lhe restou mais nada, até que quando tão desgastante se tornaram seus dias que morreu desgostosamente, sem viver a vida que imaginou ter com seu homem, com seu amor. Perdera toda a beleza que tinha no recorrer daqueles anos, jogou sua juventude fora por aquela pessoa, e valeria a pena se tivesse sido reciproco teria valido totalmente a pena se a reciproca fosse verdadeira, mas não, todas as promessas haviam sido quebradas e nada mais restou de si de tanto que se entregara aquele amor.
Aquele amor era inicialmente tão bonito, mas lhe custou a vida. Aquele amor a matou.