A protetora

Era difícil entender o que realmente havia acontecido. Num piscar de olhos Landra já não era mais a mesma. Observar o mundo era o que ela mais gostava de fazer, vigiava cada passo e também atuava como protetora quando necessário, mais sua função era unir as pessoas perdidas. Não era nada fácil ver seu protegido sofrer mais ela com muita paciência o direcionava até finalmente ele(a) encontrar a pessoa perdida.

Num certo momento de sua missão foi designada a cuidar do Allan um homem de uns trinta e poucos anos que estava a procura de sua filha Bianca de sete anos. Após a separação quando sua filha ainda era um bebê Karla sua mulher mudou-se para outra cidade e perdeu totalmente o contato com ele até saber pelo noticiário sobre a morte dela em circunstâncias estranhas.

Allan era um renomado pintor de artes contemporânea e como se dedicava muito ao trabalho nunca havia se preocupado em rever sua filha até sua própria mãe adoecer e lhe pedir que antes de falecer seu pedido era o de ver sua neta, Allan não havia dado importância até saber da morte da sua ex-mulher. Landra acompanhou sua vida naquele momento e sentiu o sentimento dele aumentar pela pequena Bianca

-Landra

-Mentor.

-Landra, eu sei que suas missões são as mais difíceis, mais O Allan é um humano especial, ele precisa encontrar sua filha é importante.

-sim Mentor, estou ciente disso. Como sempre farei com muita dedicação, ele ira encontrar sua filha.

-Os caminhos que ele irá percorrer são tortuosos. Ele precisa dar valor a esse amor por sua filha. Mais lembre-se nada poderá acontecer a ele.

-Por que Mentor?

- A mãe do Allan será uma protetora como você mais para isso ela precisará conhecer sua neta antes de morrer, isso a fortalecerá. Caso não aconteça ela não sairá da sala da espera.

-Sim Mentor estou ciente de tudo, nada irá acontecer ao Allan.

Ele não hesitou e viajou para o Rio de Janeiro em busca de sua filha. A missão de Landra era acompanhar Allan e unir pai e filha. Certo momento da buscar Allan sofreu um assalto e foi morto num local onde raramente algum iria acha-lo temendo pela falha de sua proteção Landra desobedecendo todas as leis arrancou suas asas e cobriu o Allan trazendo-o de volta vida e tomando a forma humana. Ela o acolheu, cuidou dele e logo ele estava recuperado. Apenas se oferecendo como amiga Landra o acompanhou na buscar por Bianca, mesmo sabendo onde a encontrar ela tinha que deixa o Allan seguir todo o caminho até o encontro dos dois. Durante toda a busca Landra tentou se concentrar na sua missão mais como humana, estava difícil ficar lado a lado com um homem como Allan, a cada dia seu sentimento de missão mudava para um sentimento mais forte, mais mesmo assim ela reunia forças para conseguir prosseguir. Certo momento da buscar numa noite chuvosa onde os dois num quarto de pousada conversavam sobre a Bianca., Allan surpreendeu Landra com um beijo. aquilo não podia ter acontecido ela sabia, mais não conseguia resistir ao contato caloroso do corpo de Allan e fechando os olhos para seu objetivo ela se entregou a uma intensa paixão que até então só tinha ouvido falar.

Era um momento único para Landra, e ela se sentia mais forte para seguir com sua missão especialmente agora que estava sentindo o que era paixão e experimentado o amor com um homem tão especial como o Allan. Nada poderia ser tão perfeito. E finalmente encontraram Bianca num orfanato da cidade e logo que Allan conseguiu provar sua paternidade pode levar sua filha para o Recife onde sua mãe os aguardavam e por insistência do próprio Allan, Landra os acompanhou.

Durante o encontro emocionante de pai, neta e avô Landra se sentiu realizada mais não sabia mais o que fazer oque seria da sua vida agora pois ela teria que prestar conta ao seu Mentor e ela poderia simplesmente desaparecer.

Após alguns dias a mãe do Allan piorou e no hospital curiosamente ela pediu para falar a sós com Landra. ao entrar no quarto Landra sentiu que ela já havia partido e o quarto já não mais.

-Mentor

-O que fez Landra?

-Precisa salvar a vida dele mentor, ele precisa encontrar sua filha.

- não estou falando do seu sacrifício.

Landra baixou a cabeça sem saber o que falar.

-Landra você é muito corajosa.- disse a mãe do Allan. – mais me sinto culpada pelo que aconteceu.

-não se culpe- disse o mentor- é a lei, ela terá que desaparecer. Landra a partir de hoje nunca existiu.

um silêncio reinou e Landra percebeu que nem mesmo seu amor seria lembrado pelo Allan.

-eu renuncio minha missão –a mãe do Allan chamou a atenção dos dois. –tenho esse direito. darei minhas asas para ela.

- se você fizer isso, voltará a vida mais quando morrer será apenas um espírito.-disse o mentor

- acredite, é melhor do que não existir.

-Que assim seja- o mentor finalizou.

Landra não tinha opção, ou aceitava ou não mais existiria, ela voltaria a ser protetora mais ao contrario do Allan e sua família que esqueceriam dela, Landra não esqueceria de nada do que viveu na terra, era como lição para que não acontecesse mais.

Landra as vezes quando não estava em uma missão observava Bianca e sua avó, ela ficava feliz por saber que a menina estava bem com sua recém família. E sempre observava o Allan quando estava pintando, gostava de observar as pinturas, mais era doloroso lembrar de tudo que viveu com ele.

Certo dia ela acompanhou uma surpresa do Allan para sua mãe e sua filha, era um quadro que ele havia feito para uma grande exposição chamada “Anjos”, e para sua alegria e tristeza também a obra principal era de um anjo de asas abertas e mãos para frente protegendo uma pequena criança. Era a face dela. Aquilo era um sinal de que ele não havia esquecido dela ou só coincidência ? Não importava para ela pois nada mais seria como antes.