Sentimentos Efêmeros

Olho pela janela do avião e o tempo está nublado, sombrio, porém não mais sombrio que meu coração.

Cheguei a pensar que havia encontrado o grande amor da minha vida, talvez até o tenha encontrado, mas sinto que o perdi.

Ele resolveu me levar ao aeroporto para uma viagem de trabalho, assim aproveitaríamos para ficar mais um pouco juntos, afinal nos sentimos tão ligados um ao outro, nossos corpos sentem tanta necessidade de estar juntos, de trocar calor, fluídos. Nossa manhã foi maravilhosa, nos amamos e como sempre, nossos corpos se ajustaram perfeitamente.

Há muito tempo não me sentia tão envolvida com alguém, seu jeito carinhoso, afetuoso me ofereciam a segurança que tanto em precisava. Hoje de manhã quase disse-lhe que o amava, apesar do desejo, deixei que o momento passasse.

Então resolvemos revirar o passado. Passado que ele sempre disse que não importava. Meu passado causou-lhe desconforto, medo que sua imagem ilibada fosse manchada, afinal, me envolvi por uma noite com um de seus amigos. Uma noite! Uma noite vazia, sem nenhum significado para mim. Nunca imaginei que pudesse causar tamanho estrago.

Quando percebi o que estava acontecendo, foi como se houvessem arrancado um pedaço de mim. Não chorei, não implorei para que pensasse melhor, mas tive vontade de chacoalhar-lhe pelos enormes ombros e dizer “Ei, espere um pouco. Quem disse que o passado não importava? Tudo que estamos vivendo, nossa felicidade, cumplicidade não importam mais?”

Porém calei-me. Deixei que seu silêncio nos separasse como se houvessem construído um muro enorme entre nós.

Ele me deixou no saguão do aeroporto dizendo que conversaríamos quando voltasse, nem ao menos se despediu. Vi-o saindo, deixando um vazio que será impossível preencher.

Chove lá fora agora, as gotas de chuva batendo na janela do avião me dão vontade de chorar a despeito das pessoas que estão a minha volta, porém não o faço, afinal, como diz a música do Peninha “Amanhã será um novo dia, certamente eu vou ser mais feliz”.