Manias
Essa mania que você tem em passar pela minha vida e deixar rastros.
Rastros de tudo aquilo que me fere.
Rastros...
Apenas, rastros.
Mania de deixar pegadas no meio de um caminho que não pretende ir até o fim.
Mania de me roubar, sem que eu perceba.
Mania de me estender em varal farpado só para me ver secar ao sol do meio dia.
Mania de deixar teu cheiro nos lençóis,
Em mim
Só pra me ver assim, procurando teu corpo ao lado.
Tuas mãos em mim.
Essa tua mania de me ter preso a ti
Essa minha mania de me prender cada vez mais a ti, sem te pertencer.
Sem você me pertencer.
Mania de procurar em ti alguma parte que me complete.
Mania de querer encontrar em ti, um pouco de mim.
E teus olhos, meu retrato.
Em tua boca, minha redenção.
Essa mania tua.
Essa mania minha, de querer te ver a toda hora.
Te ter a toda hora.
Sem saber se tu me aceitas em teu mundo.
Sem saber se tu aceitas o meu.
Se me aceitas, assim como eu sou.
Minhas manias.
Tuas manias de me esquecer
e
as minhas de esquecer de te esquecer, um pouco
Uma vez a cada dia sem te desaguar de vez
aqui
ali
além
em mim.
Fora de mim.
Mania minha, essa de me esquecer.
De me perder com tanta frequência entre olhares de estranhos.
Vidas desconhecidas, vizinhas da minha tão invadida.
Mania de me apegar até me esfarelar.
Virar pó, rotina da sola do teu sapato no dia-a-dia.
Até virar mais uma, dentre tantas outras, das tuas manias.