Naquele tipo de mulher

Escolheu colecionar lembranças boas e como em um interruptor passou a desligar tudo aquilo que de uma certa forma o fazia sofrer, o machucava.

Não se permitiu mais lembrar. Não se permitiu olhar para trás. Não tornou os seus passos em direção aos dela. Decidiu conhecer outras pessoas.

Ele merecia!

Merecia conhecer alguém que, de fato, apostasse tudo nele e não tivesse medo de arriscar, ou que até tivesse mas não desistisse dele por isso. Pq quando a gente quer, mesmo o vento não soprando sempre à favor, damos um jeito nem que seja indo lá dando uma sopradinha. Quando a gente quer não arrumamos desculpas, inventamos soluções, descobrimos meios de fazer acontecer e valer a pena. E desculpas foram tudo que ele recebeu dela.

Hoje, acordou cansado. Seu corpo estava em chamas e antes que fosse consumido por elas lançou-se no mar que se abria pra si. Lançou-se ao vento e deixou que o relento o levasse para longe da imagem dela. Para longe desse pesadelo que se tornou as lembranças vividas em suas memórias.

E ele ainda ouvia seus passos, sentia seu cheiro, seu toque, seus beijos. Ainda sentia ela e não podia sentir orgulho disso.

-Mas que droga!- Pensou.

A verdade é que não podia negar que ainda sentia sim a falta da sua companhia, mesmo sabendo que a dele nunca foi desejada por ela. Eram unilaterais demais. Eram uma farsa querendo se tornar uma realidade. Ela era uma dessas mentiras que veio para balançar as estruturas de suas verdades, romper com elas e mostrar que ele não sabia nada sobre o amor, sobre a dor. Até o dia em que ele a conheceu.

Conheceu e desejou.

Provou e viciou.

Viciou-se em cada mínimo detalhe, em cada palavra rasgada por sua língua felina. Viciou-se naqueles olhos de vidro.

Viciou-se naquele tipo de mulher.

Reges Medeiros
Enviado por Reges Medeiros em 21/12/2012
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