A Mais Bela Flor do Meu Jardim

Existe uma flor no meu jardim que sempre me chamou mais a atenção do que as demais, não visualmente, eu sentia meio que um sopro ou avivamento no coração afiando-se pela alma, porém algo me travava em ir ate lá, aguá-la, cuidar e vê-la crescendo. Seria porque se eu me prioriza-se à ela minha liberdade seria afetada ou ate mesmo findada? Eis a duvida cruel que me deixava perdida naquele belo recanto. A observava e desejava suas pétalas ao meu redor discretamente, meu desejo era sutil e inocentemente avassalador, ficava em meio ao nada durante alguns segundos me indagando como podia eu, sentir um sentimento tão malicioso e constrangedor por aquela flor que tinha essência única, cheiro e uma liberdade dentre as outras inigualável. Sempre que ia ao jardim meu extinto fazia com que meus olhos fixassem diretamente àquela beleza perdida e ilusória de mal-amada... - Oh, pobre flor, não sabe o quanto seu regador lhe deseja, o quanto suas pétalas soam perfeitas no ar que lhe caminha.

Comprei um vaso qualquer, não me importava com sua beleza, o esplendor da pequena flor faria todo o espetáculo quando colocada naquele local. Cada vez mais me apaixonava por aquela suavidade, tão natural, surreal. Me aproximei então meio que com um nó no coração, eu era amargurada, tinha medo do amor, não sabia o que me esperava. Parei na sua frente, sua essência me fitou numa transição de sentimentos que não pude deixar de entrar em transe, ate meus pensamentos não souberam o que processar nesses meios segundos que se seguiram. Fui lentamente com a minha mão ate o seu caule, subindo lentamente para a parte mais esperada, suas pétalas, seu rosto de seda, senti a reciprocidade passando pelos meus poros -Nossa, que sensação de ecstasy. 

Depois de acariciar aquele completo paraíso em minhas mãos, vou tirando lentamente todo o seu corpo suave daquele canteiro que não merecia suas raízes. Preparei o vaso como se fosse o lugar mais aconchegante que ela pudesse repousar, a coloquei, ainda em estado de transe, não parou por nenhum minuto nossa reciprocidade. Depois de tudo feito chega o momento em que não pude mais me conter, eu tinha que sentir a essência daquela flor em meus lábios, me aproximei, a fitei por uma eternidade e com o maior cuidado que tinha possível naquele momento, a beijei, beijei como se não houvesse mais nenhuma outra essência no mundo , como se nada fosse mais importante do que permanecer metaforicamente nos lábios daquela flor sentindo sem nenhuma culpa o esplendor do amor que tanto nos esperava.

Depois dali, em minha janela ela permaneceu durante meses, nosso amor era o mais belo, o contato que tínhamos me fazia esquecer das catástrofes lá fora. Não entendo ate hoje onde o meu medo foi parar, não consigo compreender como aqueles empecilhos sumiram de vista, tudo aconteceu e sumiu como magica, será isso o chamar de amor? Você abrir as portas, se deixa levar, entrar em choque e deixar ele penetrar como uma chaga? Nada me fez tão bem ate hoje, não consigo me lembrar de nada mais intenso e extravagantemente bom para si, do que você amar e ser amado de volta, transbordar e saber que tem um transbordar para você também, que na junção nada mais vai ter sentido a não ser as pétalas jogadas ao seu corpo.

Waleska Manik
Enviado por Waleska Manik em 16/12/2012
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