Ele era uma bagunça

Possuía valores diferentes, tinha um jeito um tanto peculiar de enxergar as coisas, as pessoas. Ele gostava de cuidar delas. Gostava de correr debaixo da chuva, era de sorriso largo e olhos vivos. A vida habitava em seus olhos e neles haviam um ar de mistério um tanto inquietante. Quase uma incógnita. Carregava no lado esquerdo do peito o que tinha de mais precioso. Seus passos eram um tanto infalsos, sempre desejou um dia poder vivenciar essa sensação de andar firmemente sobre seu chão de vidro.

Passos incertos.

Um pé na frente e dois atrás.

Sempre!

Ele mantinha uma certa desconfiança de tudo, de todos. A única pessoa que se sentia altamente seguro e confiante em estar era ele mesmo. Era inseguro, inquietante, complexo e uma bagunça total. Ele era uma bagunça.

Seu peito

Sua mente

Sua vida

Tudo estava uma bagunça!

Era também indeciso e um tanto bipolar. Sabia o que queria, ou pelo menos acreditava saber. Era assim que ele vivia. Desejando, conquistando e alternando em segundos seguintes. Desejava, lutava e quando conquistava queria abrir mão de tudo no segundo seguinte, deixar de lado. Estava vestido de príncipe mas na verdade, ele é que precisava ser resgatado. Ele precisava ser salvo...

Salvo de si mesmo.

Salvo dessa insegurança que atravessava seu peito rasgando toda a certeza, dilacerando a alma. Ele precisava reconquistar o que deixará nas esquinas dos caminhos que escolherá aleatoriamente em sua caminhada.

Ele precisava reencontrar tudo que deixou cair, tudo que deixou o vento levar e mais que isso; Ele precisava reencontrar-se.

Costumava gritar em silêncio. Seus olhos falavam de medo, sua boca disfarçava segurança, suas palavras eram adoçadas com um adoçante barato. Seus sorriso era pincelado de um branco manchado pelos altos goles de café (motivo de suas noites mal dormidas). Sua felicidade era uma utopia!

Passava a noite tricoteando seus sonhos e planos entrelaçados com suas histórias, relatava seus medos para as paredes. Imaginava como seria maravilhoso encontrar alguém que o aceitasse assim como era. Essa bagunça disfarçadamente organizada. Essa cara de casa em fase de mudanças. Mudanças que nunca acabaram. Ele sempre gostou de deixar transparecer seu lado forte, suas virtudes, as coisas boas. Nunca gostou de revelar suas fraquezas e quando o fazia setia-se invadido, meio que fora de si. Era de aceitar tuas histórias, teus defeitos, erros e acertos assim como você é para depois ver se você faria o mesmo por ele. Para ver se você o aceitaria sem restrições, sem parcelamentos, sem condições impostas pela falta de incompatibilidade ou algo do tipo.

Ele te aceitava inteiro para ver se você o aceitaria também.

Assim, sem condições especiais, sem tirar nem por nada. Do jeito bagunçado de viver dele.

Reges Medeiros
Enviado por Reges Medeiros em 16/12/2012
Código do texto: T4038069
Classificação de conteúdo: seguro