Uma gaivota nas mãos de Richard Bach
O curso para obter licença de pilotar avião que concluiria na França, completava as horas mínimas de voos necessárias para conquista do brevê. Ele não queria apenas uma carta para voar. Depois do brevê, ingressaria na Esquadrilha da Fumaça e faria acrobacias assustadoras. Sua coragem e habilidades fariam de Hemor um velho atobá com os pés presos na areia da praia.
Quando Fernão entrou na aeronave, os demais passageiros já estavam sentados e os comissários de voo, preparavam-se para a demonstração de uso dos equipamentos de segurança. Sentiu-se uma gaivota nas mãos de Richard Bach... Abriu o livro com avidez; aguçou a imaginação e foi engolindo cada página como se nunca houvesse lido o livro antes. Ele queria ser diferente dos outros seres de sua espécie: não mataria por vingança, ao contrário, superaria suas próprias forças, quebraria as barreiras e limites individuais, dominaria o céu. Não seria mais um ser qualquer à procura de ração. Queria fazer acrobacias que deixassem Vannini encantada, arrependida de tê-lo trocado por Hemor. Ele era um Fernão! E jamais agiria como Menelau pedindo ajuda a Agamêmnon, para retirar a esposa dos braços de Páris. Faria tudo sozinho, aperfeiçoaria sua técnica de voo, de modo que nenhum piloto voasse tão bem quanto ele. Poderia até simular um acidente aéreo, destruir a Casa Dourada ou o Castelo Branco para retirar sua amada dos braços do rei de Siquém e finalmente ter uma vida de príncipe. Enquanto divagava, um comissário apresentava os equipamentos de segurança e uma voz suave descrevia o modo de usá-los. Aquela voz era de Vannini, não tinha dúvida: Vannini estava a bordo.
O tempo lá fora parecia ruim, de quando em vez uma carga elétrica disparava fleches na pequena janela da aeronave, revelando rostos amedrontadamente pálidos. Interessado no conhecimento de aeronáutica que a leitura oferecia, Fernão leu Capelo Gaivota, muitas vezes no intento de aprender a superar barreiras e limites inerentes à sua espécie. Como o ciúme. Este mau sentimento era o grande obstáculo que precisava transpor. Precisava estar aberto de corpo, alma e mente, quando desembarcasse em Paris e fosse conversar com Vannini. A inveja tinha sido o vulcão aceso com a tocha do diabo que seduziu Siquém a raptar Dina. Vulcão que também ardeu na alma de Hemor quando tomou Vannini para si. Fernão decolaria em voo experimental no porta-aviões Charles de Gaulle e pousaria no coração de Vannini para nunca mais decolar. Queria superar os limites de suas forças; rasgar as páginas que registram a vida de um homem traído e não esconder de si mesmo o segredo que muitos já sabiam: sua mulher o trocou por um piloto que voava sem licença para voar. Pobre diabo este Capelo. Não tinha boas lembranças de Paris...
Quando Fernão entrou na aeronave, os demais passageiros já estavam sentados e os comissários de voo, preparavam-se para a demonstração de uso dos equipamentos de segurança. Sentiu-se uma gaivota nas mãos de Richard Bach... Abriu o livro com avidez; aguçou a imaginação e foi engolindo cada página como se nunca houvesse lido o livro antes. Ele queria ser diferente dos outros seres de sua espécie: não mataria por vingança, ao contrário, superaria suas próprias forças, quebraria as barreiras e limites individuais, dominaria o céu. Não seria mais um ser qualquer à procura de ração. Queria fazer acrobacias que deixassem Vannini encantada, arrependida de tê-lo trocado por Hemor. Ele era um Fernão! E jamais agiria como Menelau pedindo ajuda a Agamêmnon, para retirar a esposa dos braços de Páris. Faria tudo sozinho, aperfeiçoaria sua técnica de voo, de modo que nenhum piloto voasse tão bem quanto ele. Poderia até simular um acidente aéreo, destruir a Casa Dourada ou o Castelo Branco para retirar sua amada dos braços do rei de Siquém e finalmente ter uma vida de príncipe. Enquanto divagava, um comissário apresentava os equipamentos de segurança e uma voz suave descrevia o modo de usá-los. Aquela voz era de Vannini, não tinha dúvida: Vannini estava a bordo.
O tempo lá fora parecia ruim, de quando em vez uma carga elétrica disparava fleches na pequena janela da aeronave, revelando rostos amedrontadamente pálidos. Interessado no conhecimento de aeronáutica que a leitura oferecia, Fernão leu Capelo Gaivota, muitas vezes no intento de aprender a superar barreiras e limites inerentes à sua espécie. Como o ciúme. Este mau sentimento era o grande obstáculo que precisava transpor. Precisava estar aberto de corpo, alma e mente, quando desembarcasse em Paris e fosse conversar com Vannini. A inveja tinha sido o vulcão aceso com a tocha do diabo que seduziu Siquém a raptar Dina. Vulcão que também ardeu na alma de Hemor quando tomou Vannini para si. Fernão decolaria em voo experimental no porta-aviões Charles de Gaulle e pousaria no coração de Vannini para nunca mais decolar. Queria superar os limites de suas forças; rasgar as páginas que registram a vida de um homem traído e não esconder de si mesmo o segredo que muitos já sabiam: sua mulher o trocou por um piloto que voava sem licença para voar. Pobre diabo este Capelo. Não tinha boas lembranças de Paris...