*Você se foi... Simplesmente se foi!*

Tentei de todas as formas, esquece-la.

Quis apagar da memória até mesmo, os momentos mais eletrizantes e felizes em que estive ao seu lado.

Desejei com toda a força do meu ser, transformá-la em mera lembrança, mas, foi impossível.

Você foi a maior alegria que alguém poderia sonhar.

Você foi a mais grata dádiva divina que um homem poderia desejar.

Você foi a mais fascinante sensação que alguém imaginaria sentir.

Você foi! Você foi muito mais que isso, mas, você foi... Foi...

Foi o sorriso matreiro, a piada divertida, a descontração vivida.

Foi o sentimento sorrateiro, o carinho faceiro, o amor verdadeiro.

Foi o melhor do meu sentir... Foi o melhor do meu viver.

Foi... Foi como se nunca tivesse ido, pois em mim, está mais viva do que nunca.

Você queima como a chama que nunca se apaga.

Mas, você foi... Simplesmente foi.

Foi e foi para um lugar que eu não posso alcançar.

A distância que agora nos separa, tornou-se intransponível.

Neste momento, estou olhando para o horizonte, vendo o sol se por, as estrelas salpicar o céu e a lua ir contrariando a escuridão.

Assim as noites se vão... Do poente ao nascente e eu sentado, refletindo sobre, o que farei da minha existência.

Perdi a essência, perdi a vontade, perdi o querer.

Perdi! Perdi tudo... Perdi você.

O vazio se estende de mim ao horizonte... A graça se foi... A beleza esvaiu-se do universo...

Não mais existe o perfume das flores, o frescor da natureza, a graciosidade dos pássaros...

Sentado na grama, encostado em um tronco de uma arvore, no horizonte o sol brinca de colorir o final da tarde, mostrando uma obra de arte, onde o colorido mesclado do céu, das nuvens e do amarelo predominante, forma uma aquarela digna de um cartão postal.

Quantas vezes nos sentamos neste mesmo lugar, de mãos dadas ou encostados um no outro e ficávamos por horas conversando e conversando e o tempo passava na mais harmoniosa e envolvente sensação de bem estar.

Olho para o lado e não vejo você... Você se foi... Simplesmente foi.

Eu a conheci em seu baile de debutante... Meu Deus, como você estava linda.

Você era a flor mais exuberante daquela primavera... A mais doce, a mais deslumbrante, a que exalava o mais inebriante perfume.

O fascínio fez com que eu estagnasse em pleno salão... Só conseguia te olhar e seguir os passos da valsa paradisíaca que dançou com seu Pai... Pasmo fiquei e, pasmo continuei, até acordar para o seu sorriso.

Todos notaram o quanto me embevecia a sua beleza e envergonhado ao ser pego em meu delírio, saí correndo como uma criança ao ser pega fazendo uma arte.

Eu tinha dezoito anos e você quinze.

Só fui ao baile para acompanhar o meu irmão que era seu amigo de classe.

No dia seguinte ao seu aniversário, eu tremia segurando um buque de rosas na porta do colégio... Olhava insistentemente para o relógio, aguardando a sua saída.

Eu suava frio, tremia dos pés a cabeça, repetia mentalmente um repertório de doces palavras que, tive o cuidado de escrever para poder iniciar uma conversa animada com você.

O sinal tocou... O portão se abriu... Estudantes saiam se empurrando, até que...

Você apareceu... Você me viu... Você sorriu... E....

Eu travei... Estático... Paralisado.

Nossa Senhora... Travei e não conseguia sequer dizer-lhe uma palavra... Balbuciei algo sem sentido e comecei a gaguejar e você riu... Uma gargalhada contagiante que teve o poder de me relaxar e sorrir também.

Eu só soube lhe estender aquele lindo buque, sem conseguir dizer-lhe nada do que pretendia.

E foi assim... Foi assim que tudo começou.

A mais bela história de amor.

História que durou exatamente sessenta anos... Sessenta anos coroados de amor.

Milhares de estórias formaram a nossa vida a dois, depois a três, a quatro, a cinco e assim se foi até, virem os netos e os bisnetos.

Você foi alegria, foi paz, foi pura harmonia...

E você se foi... Se foi como todos os seres vivos se vão, como um dia também irei.

Você se foi, tão linda, tão bela como no dia em que a conheci.

No tronco da arvore que estou encostado, um coração desenhado a sessenta anos atrás... Neste coração estão as nossas iniciais... Dois corações que se fundiram... Dois jovens que se uniram e somente a obra do destino, poderia cortar os laços desta união.

Mas... Você se foi.

Olho para o céu e com a força do meu amor tento vislumbrar a sua presença entre as nuvens... Meu rosto banhado em lagrimas e a dor dilacerante em meu peito me faz soluçar.

Porque você se foi? Porque não me esperou? Era para irmos juntos!

Choro... Todas as tardes, sentado no mesmo lugar, choro convulsivamente.

Que saudades de você.

Massss...

Você se foi... Simplesmente se foi...

Aos queridos amigos e amigas... Peço desculpas pela ausência e pela falta de notícias, pois, devido a problemas alheios a minha vontade, afastei-me da frente do computador e esporadicamente me dou ao luxo de ler e escrever... Espero em um período próximo, retornar as minhas atividades e visitar a todos... A saudade é enorme, podem apostar... Um beijo no coração e um forte abraço... Carlos Magno.

Camaro CMRS
Enviado por Camaro CMRS em 30/11/2012
Reeditado em 30/11/2012
Código do texto: T4012283
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