A FORÇA DE UM AMOR

O homem que guiava o automóvel desce e ajuda Bianco a colocar Aidê dentro do veiculo e sai em disparada, o carro em direção oposta levava Aidê, Bianco, Mion e Manuela para a cidade.

Ricardo com medo do que podia acontecer com sua madrinha, pega as coisas do padrinho e algumas peças de roupa da madrinha, para em frente a moto e pensa nas palavras do padrinho, como ele podia ter tanta certeza de que ela não resistiria. Mas não mais titubeia e sai em disparada, no caminho avista seu Nabisco na porta da casa grande que grita:

- meu filho o que ouve? O cavalo de Aidê está aqui. E o Mion levou ela para o hospital, na cidade.

- ela sofreu um acidente, e está ferida, precisando de socorro, minha madrinha pode morrer se eu demorar mais um pouco, assim que puder trago noticias para o senhor.

E sai em disparada agora sabendo onde está sua madrinha e seu padrinho, a entrada da cidade nunca foi tão distante, mas ao avistar o hospital sente um alivio na alma, agora sua madrinha podia ainda ter chances de sobreviver. O carro de Mion na porta mostra que eles já haviam chegado.

Ricardo entra na porta com uma força em direção a Mion e pergunta:

- cadê meu padrinho? E a minha madrinha!

Antes que Mion respondesse Manuela sai de lá de dentro correndo apressada:

- você é o Ricardo? Dá-me as coisas do Dr. Bianco, é essa mochila que está em suas mãos!

Pega o artefato e sai em disparada voltando pela porta do centro cirúrgico:

- quem é ela? O que ela faz aqui? Quem é o Dr. Bianco?

- esta é Manuela, minha esposa, Dr. Bianco é o Bianco, seu padrinho. E a sua madrinha, está lá dentro...

Ricardo sentou-se na cadeira ao lado de Mion, à sua frente havia um relógio de ponteiro, que girou por varias voltas, já passava do meio dia quando, a porta se abre e sai Bianco avental sujo de sangue, mascara caída sob o pescoço e se senta no chão, em silencio e olha para a imagem de Nossa Senhora de Fátima, e diz baixinho:

- me ajuda Deus o que eu faço agora! Não leva ela de mim! Ela não leva a minha vida! Eu divido, minha lama com ela se for preciso. Mas Deus não me abandona nessa hora.

Ricardo para e olha o padrinho sentado no chão com as mão lavadas e olhar lagrimoso, cabeça baixa, sem forças, sem ação e diz:

- padrinho? Cadê a madrinha o que foi? Como está a minha madrinha? Ela morreu?

- não, mas está em coma! Não sei como ela pode acordar, pode ser hoje de noite, amanhã, daqui a uma semana, um mês um ano... Não sei quando ela vai acordar, nem como ela vai acordar. Acho que a pancada na cabeça pode ter afetado alguma parte letal do cérebro dela... Ela pode até mesmo nem acordar...

- ela pode morrer? Ela está condenada a morte, padrinho!

Bianco levanta e abraça o filho, dizendo baixinho no seu ouvido,

- reza pra Santa Sara, pede pra ela devolver a vida da tua madrinha, pode meu filho.

Os dias seguiram e Bianco diariamente monitorava as funções vitais tudo, ele estava sempre ali, olhando para ela, com vontade de que a qualquer momento ela acordasse. Manuela passava os dias ali a seu lado.

Passaram-se 10 dias até que seu Nabisco fosse até o hospital, Manuela estava ali ao lado dela quando, seu Nabisco entrou no quarto e falou a sua nora que saísse ele queria falar com ela sozinho, a enfermeira sai pela porta.

O velho homem encosta a bengala em uma cadeira que está ao lado da cama, e diz bem devagar:

- minha filha você se parece com sua mãe demais! Tem os mesmos olhos, tem as mesmas, mãos e a boca são iguais. Por favor, minha filha acorda. Sabe ontem a noite eu sonhei que a Telma, ela estava linda, lembra de um vestido, verde branco, com umas flores azuis, e sorrindo, você vinha na direção dela com um vestido lindo, sorrindo e cantando uma musica. Éramos uma família finalmente, sabe Aidê eu estava olhando Ricardo, meu neto está tão crescido, ele parece muito com o Bianco, mas ainda tem as mãos muito parecidas com você, seu sorriso, minha filha me perdoa por todos esses anos que fiquei longe de você. Eu queria poder mais uma vez, olhar teus olhos e dizer que eu sou seu pai, e que você é o fruto de um amor lindo, o verdadeiro amor de minha vida, o único. Quando você e seu irmão o Mion é incrível como vocês se parecem. Até a teimosia, minha filha quando você acordar eu espero que lembre de tudo que eu falei. Sinto tanta falta de sua mãe, e de você...

Antes que ele voltasse a falar, os olhos de Aidê se abriram devagar:

- então o senhor é meu pai? Eu vivi a minha vida inteira acreditando que o senhor fosse o vilão da historia? Eu odiei o meu próprio pai a vida toda? Seu Nabisco meu pai.

Nesse instante, Mion entra no quarto e diz:

- é serio pai, a Aidê é minha irmã? Nos somos irmãos?

Fez-se um silencio cavernoso no quarto quando Bianco entra na porta acompanhado de Manuela perguntado sobre o quadro clinico de Aidê ao vê-la acordada diz:

- você acordou? Como se sente?

- eu me sinto outra mulher! Eu agora ganhei um pai! O pai que eu odiei a vida toda. Eu tinha que viver até descobrir quem era meu pai.

- o Radamés...

- eu sei ele também é seu filho. Eu pensei que a minha mãe tivesse ficado grávida do Radamés a força, sem querer.

- não!- fala dona Galbanita da porta do quarto- sua mãe amou seu pai a vida toda, e morreu por isso.

Manuela neste instante pede que todos se retirem ela e o Dr. Bianco tinham que examiná-la. “Dr. Bianco? Mais essa novidade!” essa e outras duvidas cruéis atormentavam a mente de Aidê.

Após os exames Manuela sai e deixa Bianco no quarto, com Aidê. Que sem forças diz:

- eu estou tonta. Com tanta informação nova. Meu Deus, eu odiei meu pai a vida toda. E agora você é Dr. Bianco Nero? Que mais eu não sei?! O que mais falta!? Me diz?!

- eu estou morrendo de saudade de você! E o Ricardo está namorando com a Melissa, os pais dela ficaram com pena dele deixaram eles namorarem!

- quanto tempo eu fiquei dormindo?

- 10 dias!

- tudo isso? O que eu vou fazer pra me informar de tudo?

- nós contamos tudo! O seu irmão veio todos os dias te ver!

- qual deles?

- o Radamés ele ficou muito nervoso.

- e o Guilherme cadê ele? Não veio?

- não!

- e o Mion? Ele vaio sempre?

- todos os dias! Ele também é seu irmão?! Não é!!!

- é que loucura. Ele e eu temos a mesma idade! Só se formos irmãos gêmeos?!

- é melhor você descansar um pouco!

- descansar eu preciso, é me mexer. Fiquei 10 dias dormindo. E agora o que vai ser. Onde está meu filho. O Ricardo! Cadê o meu filho?

A porta se abre, e Ricardo diz de supetão:

- eu tenho pai e tenho mãe? São vocês dois?

A palidez do menino, deixou os dois nervosos, mas aos poucos a cara de surpresa e susto se transforma em alegria, e ele dispara em risos e alegrias.

- serio! Vocês são meus pais? Eu tenho pai, mãe, tios uma família e agora até uma avó?! Nossa que legal! Eu tenho uma família.

Todos esperavam qualquer reação menos a de alegria no jovem Ricardo que surpreendeu a todos.

- então você não ficou com raiva por não termos contado nada?

- não mãe. Agora eu posso te chamar de mãe, minha mãe... eu pai. Meu pai, eu tenho pai, mãe...

Ele não conseguia falar, nada com nexo a não ser dizer as mesmas frases já ditas antes. Aquele dia era muito especial, uma família verdadeira, agora se apresentava. A verdade começava a vir a tona.

A noite passou como num sopro, e pela manhã dona Galbanita, entra no quarto e diz:

- já acordou minha filha?

- já tia! Sua benção! Agora eu posso ouvir a minha historia! Conta como foi que eu nasci?!

- é uma longa historia que eu vou te contar agora! Quando seu avô meu pai e de sua mãe chegou a essas terras, encontrou aqui um homem que tinha dois filhos e era viúvo duas vezes. Esse homem é seu outro avô, pai do seu Nabisco. Sua mãe era linda como você, e despertou no coração de Nabisco, um sentimento nobre, puro e lindo, os dias passaram e uma noite, seu Nabisco, chegou na nossa tsara e pediu licença a meu pai para falar com ele e com o ancião do clã. Ele vinha pedir sua mãe em casamento. Após o pedido, foi grande festa, seu outro avô veio e a festa de noivado foi linda, muita musica, comida. A alegria reinava em nosso meio.

- até ai, tudo bem como minha mãe casou com o seu Raul?

- os dias passaram e sua mãe preparava o vestido, o enxoval com tanta alegria que dava gosto de ver. Até um dia, eu fui pegar água no poço e vi o Raul brigando com o Nabisco, eles discutiam ferozmente, fiquei quieta e ouvi o Raul dizer pra o Nabisco retirar o pedido de casamento. Nabisco se negou é claro, mas ele insistia que por ser o irmão mais velho tinha mais direito nesse caso de noiva. Na hora não entendi direito e fui perguntar pra Iguimeia, esposa de um tio nosso, ela não era cigana nascida, era por ter casado com o nosso tio, perguntei se na cultura deles existia essa regra, ela me garantiu que não, nunca ouviu ninguém falar dessa historia, fiquei quieta. No final da tarde, sua mãe chegou e disse que Raul havia procurado ela dizendo que ela não ira casar com o Nabisco, nem que pra isso ele tivesse que matá-lo.

- meu Deus!

- os dias passaram até que o pai do seu Nabisco veio dizendo que ele iria visitar uma irmã doente na cidade vizinha. Sua mãe ficou com medo da ameaça de Raul e contou pra ele tudo. Ma ele a tranqüilizou que nada iria lhe acontecer, estava coberto pelo manto se Santa Sara, fez a viagem nesse meio tempo uns 4 dias Raul chega e diz que quer desposar sua mãe ela se nega e a guerra começa, nosso pai pensa em ir embora mas se lembra da palavra dada e volta atrás, ele tinha que esperar Nabisco para entregar sua filha, jamais a outro. A nossa vida tornou-se um inferno até que Nabisco volta da cidade e encontra sua mãe quase morta. Ele fica sabendo de tudo e resolvem fugir com a benção do nosso Kaku (tio) que era o mais velho do clã e do pai dele. Mas Raul descobre e prende o irmão na esperança que sua mãe desista de casar com um e case com o outro. É então que ele viaja e ao voltar traz uma prima uma tal de Helena, que dizia ele o Nabisco ter jurado casamento.

- só pra pirar!

- pra encurtar a historia. Em um encontro secreto sua e seu pai consumam a união já abençoada. O seu avô paterno atormentado com as chorumelas de Helena, decide desfazer o acordo feito anteriormente. E quando nosso pai descobre que sua mãe está grávida de você fica louco e resolve casá-la com seu Raul, que jura que se o filho sua mãe esperava fosse menino ele mataria, jamais criaria, o filho de outro, para que ele não vingasse a separação do pai. 9 meses depois vocês nascem.

- vocês?

- sim. Você e o Mion.

Nesse instante Mion entra no quarto e diz:

- que historia a nossa não é Aidê? Continua tia!

- no daí do nascimento de vocês fiquei eu e a Liduina uma empregada da casa de seu pai.

- lembro bem dela!

- você nasceu primeiro Mion, forte, valente, em seguida você Aidê tão linda. Mas ao ver que eram gêmeos, eu e Liduina resolvemos dizer até mesmo pra sua mãe que o mais velho não resistira. E elevá-lo para seu pai na fazenda dele. E ele foi pra longe, levando você para te livrar da ira do Raul.

- que historia.

- os anos se passaram e a Aidê crescia forte saudável, até que o Nabisco voltou para a cidade trazendo você de volta. Agora viúvo da tal Helena.

- ela não está morta!

Disse Mion olhando pro chão.

- meu pai conseguiu anular o casamento com ela, provando que ela havia mentido, que havia sido um armação. Mas conta o resto.

- está bem. Quando você voltou sua mãe jurava que você não era filho da tal Helena. Você tinha os mesmos olhos de nosso pai, os mesmos trejeitos da família. Foi então que ela procurou seu Nabisco e ficou sabendo de toda a verdade, que você era filho dela. O Guilherme já havia nascido, sob uma tortura mortal.

- como assim?- quis saber Aidê

- ele disse que matava você caso ela não fosse dele. Mas o mais importante ao saber do retorno do Nabisco, Raul, ficou irado novamente, eu já tinha o Bianco e vocês dois já estavam apaixonados. Um dia sua mãe encontrou com o Nabisco no poço...

- eu estava com ela! –disse Aidê- eu sei o que foi que ouve lá! Mas eu sempre pensei que tudo isso fosse...

- nosso pai fosse o bandido da historia1 não é?

- sim até porque ele queria que eu me casasse com você. Mesmo você já sendo casado.

- quando eu vi você e o Bianco apaixonados e o Guilherme com aquele ódio todo eu fiquei com medo que acontecesse de novo tudo o que acontecera com sua mãe. Foi por isso que eu pedi que o meu filho fosse embora. No dia em que o Ricardo nasceu pedi a Nabisco que nos ajudasse a salvar a criança, foi ai que ele e a Telma e a filha da Liduina pegaram o menino e iam levá-lo pra o nosso clã, depois você iria pra lá e em seguida o Bianco, mas não saiu nada como esperávamos que saísse. Raul descobriu tudo e sabotou o carro, cortou o freio, foi um milagre o menino ter resistido, eu estava em casa com o Radamés um recém nascido e você com ela no hospital. Quando soube o que havia acontecido fiquei horrorizada, você chegar sozinha com seu filho nos braços, de luto, foi massacrante. Tinha que ir embora, meu filho estava na capital, sozinho. Eu fui pra contar pra ele tudo mas...

- mas o que tia? Por que não contou?

- mas ele estava estudando fazendo faculdade, ia ser medico e me jurando que assim que terminasse a faculdade voltaria.eu sei que eu fui covarde. Mas minha filha eu estava com medo que o Guilherme ao saber que meu filho estava de volta tentasse matar vocês três. E o resto da historia vocês já conhecem, foi o que nos trouxe até aqui.

Um silencio extremo fez o quarto parecer pequeno demais, Mion olha Aidê e diz:

- eu fui apaixonado pela minha irmã! Eu não sabia! Queria que você fosse minha mulher, meu Deus será que um dia eu vou me perdoar?

- não se preocupa! Nem eu nem você não tínhamos culpa, éramos a maior vitima da historia... mas agora já sabemos.

- quando eu voltei pra encontrar com a dona Helena, depois que eu fiquei sabendo que era seu irmão, conheci a Manuela e me apoiei nela, nisso nasceu um amor, lindo e forte. Casei com ela e voltei sozinho pra te contar à verdade. Fazem dois meses que eu descobri a verdade. Mas ao chegar, aqui descobri que o Bianco estava de volta, voltei semana passada pra buscá-la. E no dia em que eu cheguei, encontrei você quase morta, nos braços do Bianco, a Manuela é enfermeira, olha o destino e trabalhou durante anos com o Bianco em um hospital na capital.

O silencio reina novamente, Aidê então levanta os olhos e diz:

- em três meses perco a única pessoa que eu tinha como referencia de pai, e ganho: um irmão novo, o Bianco de volta, meu filho, minha tia e meu pai... que destino o meu.

- lindo destino minha filha! Ganhar, tudo o que você ganho é pra poucos, e você, ganhou tudo de uma vez, ganhou uma família. Alias vocês ganharam uma família. Uma família de verdade, a verdadeira, agora sem “véus de Maia” uma real família. Temos que comemorar.

- assim que você sair do hospital, nosso pai quer dar uma festa, uma grande festa, na fazenda. Pra comemorar, a chegada da filha prodiga, e o ganho de mais um neto.

- como assim?

- a Manuela vai ter um bebê. Descobri hoje! Não é maravilhoso?!

- vou ter um sobrinho!!!

- e um genro, uma nora e um neto que ele já paparica... Você tem que ver como o papai trata o Ricardo, ele adora o menino!

- vai adorar o seu filho também, às vezes eu não acredito que estou em paz aqui com você. Chamando seu Nabisco de pai... é tanta loucura é tanta preocupação, é tanta novidade que eu fico tonta... mas ainda bem que está todo mundo me ajudando, a entender...

Nesse instante, Manuela entra na porta e diz que é hora de trocar, o soro e dar banho na paciente, ela tinha que estar pronta, pois a qualquer instante poderia receber alta. A noticia deixou todos animados, ao sair Mion dá um abraço na irmã e um beijo na esposa, dona Galbanita sai pela porta de cabeça baixa deixando as duas sozinhas no quarto:

- você é a Manuela? Esposa do Mion, ele tinha razão você é linda mesmo. Quanto tempo faz que vocês se conhecem?

- dois meses,conheci, me apaixonei e casei com ele. Como eu fiquei órfã de pai e mãe, não tinha ninguém, aceitei o pedido de casamento dele e estou aqui, agora estou grávida de 2 semanas mais ou menos.

- nossa que historia. A sua é muito...

- estranha?! Eu sei. Mas não mais que a sua.

- você já conhecia o Bianco?

- já! Fui enfermeira dele no hospital na capital.

- na nacional?

- não na do estado! Ele morou lá os últimos 16 anos. Ele foi outro que sofreu demais. Primeiro você fica pra traz, com medo de morrer ele vai embora... Tudo foi muito triste, ele ama você demais, depois você escreve pra ele dando adeus, e desenganando ele de vocês dois, ele ficou tão triste, tava tudo preparado pra vir te buscar, ele tava trabalhando muito dia e noite pra ter dinheiro suficiente pra cuidar de você e dos filhos que teriam ele tava disposto a morrer se preciso mas ia lutar ele me falou um dia depois de chegar uma senhora que tinha levado um tiro do próprio irmão que não queria o casamento dela... depois disso passou uns 15 dias e ai ele me chega barba crescida, todo desarrumado e dizendo que estava tudo perdido.

- faz quanto tempo isso?

- uns 8 anos mais ou menos. Depois teve a Alma e o bebê...

- que bebê? Quem é Alma?

- falei demais! Não importa ele te fala mais tarde. Ele vem já!

A enfermeira sai do quarto desconfiada e encontra Mion na saída do corredor:

- que ouve?

- falei demais! Falei da Alma para Aidê!

- quem é Alma?

- a primeira esposa do Bianco. Ele casou com ela porque tinha se desenganado com a Aidê ele tava certo de que você tinha casado com ela. A Alma foi consolar e ele casou com ela, ela morreu em um acidente de carro, na verdade ela morreu no parto prematuro, que o Bianco estava conduzindo, ele teve hemorragia e não sobreviveu o bebê era prematuro não sobreviveu ou nasceu morto. Ele não consegue se perdoar, e decidiu largar tudo principalmente à medicina. Foi quando ele sofreu o acidente de moto há uns quatro anos, ficou em coma por três anos e quando acordou só lembrava-se da Aidê.

- meu Deus! A Aidê não sabia dessa tal de Alma! Ninguém aqui sabia dela. Minha irmã deve estar em choque...

Nesse instante Bianco chega, cumprimenta animado aos dois e dá a boa nova de que a Aidê receberá alta naquela manhã. Ao entrar no quarto Aidê o trata na mesma naturalidade de todos os dias. E pergunta com voz suave:

- quem é Alma?

- onde você ouviu esse nome?

- me diz! É a tua mulher legitima?

- ela foi aminha esposa. Casei com ela mas ela está morta.

- você separou-se dela? E veio atrás de mim?

- ela realmente está morta. Ela morreu durante o parto de emergência depois de um acidente de carro. Eu tava como responsável pela sala de emergência cirúrgica naquela noite e ela morreu nas minhas mãos, o bebê...

- o seu filho! Filho legitimo!

- nasceu morto, não suportou a hemorragia interna da mãe e parou de respirar, e tive que pegar meu filho morto e ver a mãe dele agonizar na minha frente, ela nem viu o rosto dele. Eu não sabia que você tava grávida. Mandei tantas cartas pra você, tantas e nunca recebia resposta sua e nem as cartas voltavam.

- mentira. Eu é que passei anos mandando cartas para a capital do país e você estava na capital do estado. Por que você mentiu pra mim? Não me falou onde estava?

- por que você nunca respondeu as minhas cartas?

- eu nunca recebi carta sua! As cartas que eu enviava pra capital é que depois de um tempo passaram a voltar. Eu não entendia, não recebia resposta nem sua nem dos correios, onde você estava?

- um dia a 8 anos eu recebi uma carta sua...- ele puxa do bolso da camisa um papel amarelo- essa carta.

A carta dizia:

“Bianco,

Tenho nos últimos anos recebido suas cartas e esperava que por não receber resposta entendesse que não quero nada com a sua pessoa. Fomos apenas uma aventura mutua. Agora já chega a brincadeira acabou. Estou de casamento marcado. Talvez ao receber esta carta ele já tenha acontecido. Caso-me em 15 dias com Mion Nabisco, lembra dele? Eu descobri que o amo de verdade alem do que ele tem bens, e meu pai e irmãos aceitam-no com alegria. Ele não é um cigano vagabundo sem ter onde cair morto feito você. Por favor, não me importune mais. Se não lhe respondia antes é porque já estava ocupada demais com ele com o nosso casamento. Espero que entenda e não me procure mais.

Adeus até nunca mais. Esqueça-me.

Aidê Couto ”

- entende o que eu senti?

- eu nunca escrevi isso! Era lógico que não era eu! Você devi ter visto que não era eu a autora desse disparate. Bens eu jamais pensei nisto na minha vida.

- na hora fiquei louco, sai do correio atordoado...

- e foi se consolar nos braços dessa tal de Alma?

- não, ela me encontrou caído numa calçada e me levou pra casa dos pais dela. Cuidou de mim me alimentou, eu fiquei 15 dias sem dar noticia no trabalho, sem saber o que fazer, ela me aconselhou a voltar e te procurar se eu viesse de ônibus chegaria a tempo de impedir o casamento e de tirar a historia toda a limpo, mas eu não fiz isso. Estava tão louco de desengano que pensei em me matar, pra nunca mais ver no espelho a imagem da desgraça. Voltei ao trabalho e lá encontrei mais apoio a Manuela foi uma grande amiga na minha vida. A Alma sempre que podia saia do trabalho pra ver se eu ainda estava vivo.

- você ter feito o que ela falou ter vindo me procurar. Você descumpriu a nossa jura de jamais ficar com outra pessoa o nosso pacto de fidelidade. Casou com ela teve um filho com ela... e eu criando o meu sozinha...

- o Ricardo também é meu filho.

- ele já sabe a sua família que ele é seu filho bastardo?

- ele é meu filho legitimo. O único que eu tenho. E ele sabe da Alma, de toda a historia, que eu te contei!

- como ele reagiu?

- melhor que você eu garanto. Pelo menos deixou pra me crucificar depois de ouvir tudo.

- vai embora eu não quero te ver nunca mais! Me deixa sozinha. Volta pra capital, vai visitar o tumulo da tua esposa!

- me perdoa Aidê eu fui cego. Fiquei pedido. Lembra do nosso casamento. Você é meu chão é o que me sustenta vivo, eu não sou nada sem você. Me perdoa? Eu não sei viver sem você!

- não dá. Eu tava aqui sofrendo. Tive o meu filho sozinha...

- ele é meu também!

- seu?! Seu é o que esta morto. Filho ilegítimo não tem pai! Perdi minha mãe no mesmo dia! Sua mãe estava aqui na fazenda. Ela sabia de tudo. Por que ela não te contou nada?

- ela não sabia onde eu estava! Só ficou sabendo quando eu sofri o acidente, e fiquei em coma. Perdoa-me Aidê eu voltei pra cá. Pra gente poder cuidar do nosso filho juntos.

Aidê vira o rosto de lado, Bianco coloca o papel da alta sob a cama e sai cabisbaixo, passa pó Mion no corredor e diz:

- cuida dela pra mim! Ela não quer me ver. Nem falar, ela me odeia! Mesmo sem eu ter culpa.

- deixa o coração dela acalmar. Deixa-a entender melhor o que se passa. Ela vai entender. Mas meu amigo, essas cartas nunca chegaram aqui. Vai pra casa esfria a cabeça. Vou tentar convencer ela a ir lá pra fazenda, você e dona Galbanita ficam na casa da nossa mãe. Não se preocupe se ela se parece assim como dizem comigo uma noite de sono pode ajudar. Eu cuido dela.

Bianco vai embora em silencio sai pela estrada andando sem paradeiro, as palavras de Aidê ecoam em sua cabeça como os gritos de Alma na sala de cirurgia, ele sentia-se novamente em um filme de terror, um horrendo filme de terror que ele já conhecia. A vontade que tinha era a de sair, pegar a moto e se jogar no primeiro abismo que encontrasse pela frente. Agora ele tinha perdido tudo. Até a mulher de sua vida o mandara embora, pra onde ele iria? Sem ela que chão ele teria pra pisar sem o filho, que planos fazer, que metas cumprir. Como viver?

Os dias passam e Aidê fica na casa de seu Nabisco, lá ela encontrava mais comodidade para se recuperar sem contar que os cuidados ininterruptos de Manuel a sua mais nova amiga. A medida que se seguiam as semanas seguiam ainda os temores de Aidê em relação a reação de Guilherme em saber da historia de sua mãe. Ele podia sim tentar alguma coisa contra seu filho, se ele era filho de Raul homem que jurou matar a ela e a seu irmão... Poderia fazer qualquer coisa:

- se conhece o sabor da uva é pela terra onde ela foi semeada. -Repetia Aidê sempre. - E se ele é filho de um homem tão cruel, é claro que só pode ser igual a ele!

Ricardo sempre ia visitar o pai, até um dia no caminho de volt para a fazenda encontra Radamés:

- como está sua mãe?

- bem tio! Mas muito triste ainda com as novidades do meu pai.

- me conta essa historia!

Sentaram ambos a sombra de um pé de juá e após contar a historia Ricardo diz:

- e aminha mãe não que perdoar meu pai!

- mas se essas cartas não estão com seu pai e nem a Aidê recebeu! E se eu bem conheço o Guilherme as cartas estão com ele. Só ele pra escrever uma carta feito essa que você me disse que o Bianco tem. Você me mostra a carta?

- vamo lá na casa da vovó Galbanita que eu te mostro a carta.

Rumaram em direção ao sitio onde estava dona Galbanita sozinha sentada no alpendre fazendo um crochê:

- vó voltei! Meu pai está?

- não. Ele foi até o rio pegar água pra dar ao cavalo. Mas o que ouve?

- cadê a carta? Aquela carta?

Dona Galbanita abre uma bolsa de couro e pega o papel. Ao abrir Radamés exclama:

- essa não é a caligrafia da Aidê! É a do Guilherme. As duas são muito parecidas, mas essa com certeza não é a da Aidê!

- como você tem tanta certeza?

Quis saber dona Galbanita:

- simples a Aidê não assina Couto, é Ribeiro o sobre nome dela. Mostra pra ela a carta Ricardo sei que ela vai entender o mal que foi feito. Eu vou tentar encontrar as cartas elas devem estar com o Guilherme ele tem bem cara pra isso. Lembro que a mamãe sempre dizia que a gente sabe o sabor da uva pela terra que ela é plantada. Se a terra é fértil uvas doces, mas se o terreno é pedregoso uvas azedas. E o pai dele era pedregoso.

Ricardo sai correndo por um caminho alternativo e chega na casa de seu Nabisco, aos gritos chama a madrinha que está na varanda vendo o por do sol que era lindo:

- o que foi menino?

-como a senhor assina?

- com o lápis hora essa!

- não mãe como assina o seu nome?! Aidê de que?

- Ribeiro! Hora essa?!

- então porque na carta que o pai tem está Aidê Couto?

Aidê ficou perplexa em ver a descoberta do menino. Sem entender o que acontecia pegou o papel e disse:

- essa letra não é minha! Esse não é meu “A” eu não escrevo assim! Como você descobriu isso?

- foi o Radamés ele foi quem pediu pra ver a carta e disse aquilo... do sabor da uva?! Sabe?

- sei! E o que mais?

- ele disse que vai achar as cartas. Tem certeza que você dois foram vitimas de uma armação!

Na fazenda de seu Raul, Radamés chega, entra na sala escritório e começa sua jornada de busca, de porta fechada é claro ele não queria que ninguém o visse. Procurou muito e encontrou no fundo de um baú uma caixa de papelão cheia de cartas, muitas cartas, tantas as de Bianco como as de Aidê, estavam lá. Eis que a porta se abre e Guilherme o flagra com as cartas na mão:

- o que é isso? Quem mandou você mexer ai?

- quem mandou você brincar de Deus? Separar duas pessoas que se amam tanto! Você não é Deus Guilherme! Você não tinha o direito de brincar assim com os sentimentos das pessoas.

- agora é tarde eles já estão separados e o bastardo não tem mais família.

Começa a rir com cinismo e continua.

- eles não podem ficar juntos! Eu não quero! Se meu pai não teve o amor da mãe de vocês, não merecem ser felizes nem serem amados por ninguém. Seu bastardo. Desgraçado, piegas... Sentimentalista... A vida é muito pouca pra pessoas feito você...

- mas acabou seu reinado Guilherme eu vou entregar essas cartas a eles e todo o mal que você fez vai ser desfeito eu vou concertar mais esse erro seu. Eles vão ser muito felizes, custe o que custar.

- nem que eu tenha que te matar, mas você não vai entregar essas cartas. Eu te proíbo!

- proíbe? Quem é você pra proibir alguém de alguma coisa. Eu sair por aquela porta e entregar as cartas, se alguma coisa me acontecer todo mundo vai saber que foi você.

- não me custa matar. Já fiz isso uma vez vou fazer de novo, quantas vezes forem necessárias.

- já matou? Quem?

- aquela que você chamaria de mãe. Foi tão fácil. Não era pra ela estar no carro, era a Aidê mais o moleque, mas quem estava era ela... foi uma morte necessária.

- assassino!!! Matou nossa mãe e ainda confessa?

-meu pai mandou matar a bastarda e o filho bastardo, mas se quem estava lá era ela.

Radamés sai correndo monta no cavalo ao chegar na fazenda encontra Aidê e entrega-lhe as cartas. Ao ver todas as suas cartas ali ela percebe que fora injusta com seu amado e resolve ir em seu encontro, monta no cavalo de Radamés e sai, com o pacote nas mãos, ao chegar no rio encontra Bianco sentado no chão com as mãos escorando o rostos suado pelo vapor da água ia no fim da tarde evaporando do poço, era frio e úmido. A atmosfera perfeita para um pedido de:

- desculpa! Eu estava errada!

Bianco levanta os olhos e vê Aidê com a caixa nas mãos e pergunta:

- o que é isso?

- são as nossas cartas. Todas elas, o Guilherme as manteve cm ele todo esse tempo. Só hoje o Radamés ao ver a carta que você recebeu como minha foi que descobrimos a verdade. Meu nome é Aidê Ribeiro, não Aidê Couto!

- eu nunca percebi esse detalhe!

- talvez Deus quis testar a força do nosso amor!

- que eu tornei fraco!

Aidê senta-se ao lado dele pega uma carta e começa a ler:

- “ minha linda, me espera eu estou estudando, vou ser doutor, logo volto pra te buscar e juntos viver, criar os filhos que Deus nos der...”

- fui eu que escrevi isso.

- eu nunca havia lido! Me perdoa eu te julguei, mas você devia ter voltado quando recebeu a falsa carta...

Ele pega outra carta e lê:

- “onde você está que não me responde? Eu não suporto mais a sua ausência, sinto que a minha vida se vai aos poucos, mas tem o nosso filho ele vai nascer, volta pra pegar a gente.”

- três meses depois ele nasceu! Lindo e saudável!

- eu também errei em não voltar mas veja só o tanto de cartas minhas. Todas sem resposta, foram 8 anos de espera de um sinal de vida e ai eu recebo a noticia que vai se casar com outro! Queria que eu fizesse o que?

- eu sou osso do teu osso, sangue do teu sangue, e onde tu estiveres é lá que eu estarei. Foi isso que me juraste naquele dia. Eu esperava que você voltasse e me tirasse a força de dentro da igreja...

- eu fiquei chocado, sem rumo, sem saber pra onde ir.

- sempre que a Manuela pode, ela me conta como você ficou. Eu agora entendo tudo.

- você me perdoa meu amor?

Antes que Aidê falasse, surge Guilherme de arma em punho:

- que patético o casalzinho apaixonado, sofrendo de amor! Isso daria um romance, já sei até titulo: “A PATAQUARA DO AMOR” ou “COMO SOFRER E DEFINHAR NO VELORIO DO AMOR” vocês são patéticos.

- porque você odeia tanto a nos dois?

- eu não odeio vocês Bianco eu odeio a mãe dela porque não amou meu pai! Eu quero que vocês sofram tudo que meu pai sofreu por causa dela.

- você está louco!

Admirou-se Bianco:

- não! Ele não está! Esse é o Guilherme que eu sempre soube era. O vil o canalha, sem caráter. Sem escrúpulos. O que você quer? Matar-nos?

- não eu quero matar ele! Quero ver você chorar feito uma criancinha com o corpo dele aos teus pés, quero ver a dor e o sofrimento nos teus olhos. Você não pode ser feliz! Era pra tudo isso ter acabado a 16 anos atrás, com a sua morte e a do seu filho, aquela vadia da Telma ia pagar cada lagrima que meu pai derramou por ela. Ia sentir muita dor, mas saiu errado era pra ela sofrer não morrer.

- você sabia que o seu Raul matou nossa mãe e não falou nada me deixou a vida toda acreditando que tinha sido seu Nabisco o assassino? Você não tem caráter. Eu odiei o meu próprio pai. Seu... Não tem um nome pra alguém feito você.

Todos os presentes a cena ficaram surpresos tantos com a revelação quanto com a crueldade e frieza com que Guilherme narrava a morte da mãe, ele contou com detalhes como sabotou o carro dela e como torceu para que o bebê de Aidê morresse no acidente.

- agora chega Guilherme – disse Bianco- deixa a gente em paz! Você não vai matar ninguém! Desiste, a gente já descobriu sua armação!

- será que toda?

- como assim?

- a Alma! Uma coitada! Iludida por dinheiro. Mais um pouco e ela mesma te matava! Só mais alguns tostões e ela te matava.

- o que?

- eu conheci a sua falecida esposa, mulherzinha fútil, vazia, faria qualquer coisa por dinheiro. Foi muito fácil te manipular através dela, ela fez tudo direitinho,trocou o endereço do envelope em vez de ir pra casa da dona Galbanita ia pra minha casa. Ai eu guardava. E você não via por que eu as escondia. Até o enxerido do Radamés, o outro bastardinho ir fuçar onde não devia.

- você matou a minha mãe, quase matou meu filho, quase me matou...

- é verdade eu atirei em você naquela noite! Você devia ter morrido, mas não adiantaria nada minha vingança não estaria completa você tem que sofrer, pelo que a sua mãe fez.

Bianco irritado parte em direção a Guilherme que ao ser surpreendido dispara a arma, mas o disparo não atinge Bianco que acerta-o em cheio com um soco no rosto. Ele cai inconsciente. Bianco abraça Aidê e a beija, o sol vai aos pouco tingindo o leito do rio de dourado e as arvores a sua volta ficam com um verde ainda mais lindo, aos prantos Aidê e Bianco se beijam:

- será que o Berte também era plano dele?

- acho que sim! Mas esqueça, o Guilherme vai pra cadeia, e nos poderemos finalmente sermos felizes.

- Bianco! Nosso amor é forte, puro e verdadeiro ninguém vai destruir.

- foi a força dele que me trouxe a vida há um ano, foi o que eu sinto por você me trouxe de volta vida.

- foi à força do amor que nos deixou viver, foi força do amor.

Os dias que se seguiram foram muita alegria na fazenda de Nabisco com a possibilidade de mais um neto a casa se encheu de alegria, musicas e dança, Aidê cantava todos os dias, Mion tocava violão e ela ensinando Manuela a dançar dançava todas as noites, que sempre eram acompanhadas de muitas risadas. Em uma dessas noites seu Nabisco volta-se para Bianco:

- pois bem seu Bianco Nero! Quero saber quais são as suas intenções com a minha filha? Só tenho uma filha mulher! E quero saber são 16 anos de namoro, o que vai ser?

- bem seu Nabisco, não é novidade pro senhor que eu amo a Aidê, que ela é a razão da minha vida, ela e o Ricardo é claro, mas eu quero pedir hoje formalmente ao senhor a mão da sua filha, estou sozinho, por que meu pai morreu quando eu era menino, sou órfão de pai, mas como manda a tradição...

- sozinho não meu filho! Tem sua mãe, eu peço por você. Nabisco meu amigo, quero hoje acertar com você um negocio!

- diga!

- meu filho e sua filha! Meu quer casar com sua filha! E eu na qualidade de mãe quero saber se você concorda?

- Aidê? O que me diz? Concedo sua mão, ao filho da sua tia?

- farei o que o senhor achar melhor!

- a decisão é sua!

- então meu pai! Eu aceito!

Grande alegria invadiu toda a fazenda, comida e bebida a todos os colonos, musica a noite toda, a festa durou três dias. Todos festejavam o amor. O casamento ficou combinado para depois do julgamento de Guilherme que confessava a quem o perguntasse a autoria dos crimes que era acusado.

Aidê estava linda no dia do casamento, seu vestido era branco, com uma calda enorme, todo coberto com renda e muitas flores de pedras coloridas suaves. A cerimônia foi no terreiro da fazenda, onde todos se ajeitavem em cadeiras recobertas por panos vermelhos, flores enfeitavam o pequeno altar que se apresentava na frente da porta principal da casa grande.

De repente um silencio se faz e a voz de Ricardo anuncia a chegada da noiva que sairá por uma por uma porta secundaria:

- lá vem a noiva pessoal!

Todos olharam principalmente Bianco, que virou-se para o terreiro, um longo tapete vermelho foi colocado, como fundo musical Mion tocando o violão e Manuela cantando a Ave- Maria, todos em silencio extasiados com a beleza de Aidê que parecia flutuar, ninguém em tempo algum jamais viu noiva tão linda como ela. Seu pai a conduzia pela mão, olhos cheios de lagrimas mas um sorriso e dizia sempre “eu não estou perdendo minha filha mas sim realizando um sonho da mãe dela.” Era a festa mais esperada em toda a cidade. Todos estavam lá menos o prefeito coma filha, a esposa de Guilherme que ficou tão envergonhada que nem saia mais de casa.

O padre era o mesmo que havia batizado Aidê, ele olhou bem os noivos e falou:

- meus irmãos e irmãs hoje estou aqui não só para celebrar uma união matrimonial mas para celebrar a alegria de 16 anos de amor. Vocês já pararam pra pensar o quantos esses dois se amam? Como o amor deles é forte como eles sofreram tantos anos para hoje estarem aqui?! Quantas noites de insônia? Quantas madrugadas de saudade? Quantas vezes eu não encontrei Aidê na igreja, chorando olhando Nossa Senhora pedindo noticias do senhor seu Bianco! Quantas vezes eu não a vi triste e cabisbaixa pelos cantos nas quermesses e sempre tão sozinha... sei que o senhor foi diferente, sofreu, ficou triste quase morreu, perdeu a memória! Mas vejam só meus amigos os planos de Deus. Ele só lembrava dela quando acordou. Vejam como este amor é forte, verdadeiro, nada nem ninguém conseguiu separá-los, nem mesmo mentiras vinganças baixas sem caráter...

Nesse instante Bianco viu passar a sua frente um filme todos aqueles anos longe de Aidê de seu filho, lembrou da saudade de ouvir o riso de Aidê, imaginou como teria sido se estivesse presente no dia do nascimento do filho, imaginou como seria ouvir sua voz pela primeira vez. Aidê então não conseguia conter as lagrimas, afinal eram anos de distancia e solidão, ela sentia tanta falta de Bianco, lembrou do dia do adeus, da dor que sentiu em saber que ele tinha ido embora sem se despedir, do pequeno bilhete, escrito apenas “ADEUS, UM DIA EU VOLTO, PRA TE BUSCAR” ela lembrava de cada detalhe, de cada gesto, lembrou então do nascimento do filho da dor do medo, da vontade de ver se o menino se parecia com o pai ou com ela, era impossível não chorar.

O padre Eugenio, falou um pouco leu algo na bíblia e que eles nem ouviram direito, meditou no texto e eles envoltos em lembranças e pensamentos:

- Bianco Nero de Castro é de livre e espontânea vontade que deseja casar-se com Aidê Ribeiro?

- sim

- Aidê Ribeiro. É de livre e espontânea vontade que deseja casar-se com Bianco Nero de Castro?

- sim

- então! Sei que não vão utilizar as juras tradicionais, serão juras advindas da cultura de seus antepassados. Fuçá-las.

Bianco pegou a mão de Aidê e falou:

-Juro caminhar contigo na nossa União Sagrada

Juro amar-te e dar-te as mãos para amar ao próximo e ao Cristo

Juro seguir teus sonhos e guiar-te nos meus

Juro proteger-te e permitir que me protejas

Aidê falou com os olhos fixos em Bianco

-Juro ser-te fiel, não só no amor, mas nos nossos sonhos, anseios e projetos

Juro semear as mais belas sementes de amor em teu coração

Juro cultivar as flores que delas brotarem, como tesouros imperecíveis

Juro ser tua luz na escuridão e buscar a luz dos teus olhos para iluminar minhas sombras

Juro melhorar-me para ti e para nossos ideais mais santos

Bianco:

-Juro iluminar-me para teus olhos e para nossa caminhada mútua à Deus

Juro fazer teus dias mais doces, felizes, amorosos e ternos

Juro dizer-te sempre a verdade, desnudando minha alma para ti nas luzes e nas sombras

Juro segurar tua mão em qualquer tempestade e em qualquer dia de sol

Aidê:

-Juro dar-me inteira para e por ti, superando-me quando eu me faltar

Juro incentivar tuas virtudes, admirar tuas conquistas e contribuir para teu crescimento

Juro entrar contigo nos porões da tua alma e guiar-te para a saída

Juro caminhar, crescer e buscar Deus contigo, numa estrada única

Juntos falaram:

-Juro, enfim, ser teu (a) companheira (o) eterna, alma de tua alma, jóia única, esposa amorosa, dedicada e devotada à ti, à nosso Mestre, à nossos ideais e aos nossos irmãos, construindo, evoluindo e tentando deixar sempre rastros de luz onde caminhar contigo, por toda a eternidade'.

O padre abismado com a beleza dos votos completou:]

- pelos poderes em mim investidos eu os declaro marido e mulher, que Deus guie os caminhos de vocês com paz saúde e muita união, e que daqui a 16 anos eu ainda esteja aqui para celebrar o amor de vocês. Pode beijar a noiva.

Bianco, volta-se para Aidê falou:

-finalmente nos casamos! Eu te amo mais do que te amei a 16 anos e vou te amar muito mais a 16 anos.

- olha que eu vou cobrar isso!

- pode cobrar eu tenho palavra!

Eles sorriem e acontece o beijo mais esperado de toda a historia da humanidade

Fogos enfeitam o anoitecer e durante a festa, enquanto todos sorriem e cantam e dançam alegremente, em lugar discreto, Radamés faz o pedido a seu namorada, pedia em casamento.

Os dias se passam outra festa de casamento, dessa vez a de Radamés outro filho casado, e nesse mesmo dia a noticia Aidê lhe dará outro neto, dessa vez uma neta a quem deram o nome de Telma, em homenagem a avó.

Os anos se passaram e Ricardo vai estudar fora, volta com uma noiva, linda moça por sinal, e a fazenda continua em festa.

Foram anos! Na verdade são anos de alegria, porque um amor forte como o deles jamais vai acabar. Bianco e Aidê criaram seus filhos, netos e bisnetos na mesma fazenda na mesma casa em que viveram.

E como terminam os contos de fadas: E VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE

CONTINUA NA ETERNIDADE.

Aglae Diniz
Enviado por Aglae Diniz em 25/11/2012
Código do texto: T4004437
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