(Conto em Dueto)
Resgate do Bem Amado
(Thoreserc e Elliz Rocha)


Rosa caminhava por entre a natureza que buscava nos momentos que sua alma transbordava lirismo, moça de bons tratos, bonita e cheia de refino, seu talhe belo e seus cabelos ao vento lhes faziam semelhante ao um anjo, que talvez distraído com a beleza das flores deixou para depois a volta ao céu.
Rosa foi surpreendida por uma chorosa flauta, seguiu o som da melodia, encontrou sentado sobre uma pedra oculta pela relva um viajante, um menestrel das ruas, carregava em suas costas, bandolins, pequenos tambores, gaitas, foles, suas roupas eram coloridas e alegres, mas a face do jovem mostrava o contrário, a tristeza derramava-se de seus olhos...
Rosa aproximou-se no exato momento que o jovem Tristão recitou seus versos na esperança de que as borboletas e as flores ouvissem:

 

 

Tristão- Corri mundos encantados
E quando menino
Tive pelas circunstancias
Os mais belos sonhos roubados...

 

Comi do que sobrou...
Sem os braços da madre
Busquei os olhos do pai
Em uma estrela que longe brilhou

Triste destino...
Teria eu amargado a borra do vinho
Mas da dor nasceu a coragem
O homem nasceu e matou o menino...

Todos os dias superados...
Nas melodias o meus medos
Estão guardados...

Notas...
Vozes
Cordas...
Céus...Quantas Provas...

 

O amor feneceu...
A paz de mim se esqueceu
Tudo parece ser tempestuoso
E assim entre raios e trovões
Minha canção nasceu...

De quem sou eu?
De quem nunca me teve?
Ou de quem nunca me pertenceu?

Tristeza...É a Saudade do camponês

Que se contenta com a pouca terra...
E da vida nada mais espera...

No entanto aquele menino morto
Ainda respira...
Ele pede que eu vença...
Sua vingança é minha conquista
O triste menino ainda respira...
Por ele canto e faço canto
Ele quer sorri e por isso me inspira



O coração de rosa condoeu-se por tão triste poetar e mais do que de pressa saiu de entre as relvas, mostrando-se ao menestrel e se pôs a consolá-lo:
 

 

Rosa- Não temas meu amigo

se ainda está contigo

o menino a suspirar

 

A esperança é prato quente

que se saboreia alegremente

O teu pão não irá faltar.

 

Se tua paixão é que te renova

tome por si mais essa prova

De que teu bem irá chegar.

 

 

Não temas meu amigo

pois tens Deus que está contigo

E te leva a caminhar.

 

Jamais deixe fenecer

a luz que brilha em teu ser

Sabendo que a graça eis de alcançar.

 

Tristão se surpreende ao mirar tão bela figura confunde-se com a realidade e pensa estar sendo visitado por um anjo, muito triste responde a caridosa moça, deixando ainda mais a mostra a chaga de seu ferido coração:

Tristão- Quem fala ao meus ouvidos surdos?
Ouço dos anjos o celestial coro
Quem fala ao meu cansaço?
Quem chora com meu desgosto?

Saibas voz dos anjos
Que da vida vivi de tudo um pouco...
Minha graça se esvaiu
Em cada cristal que se quebrou
Cada vez que meu coração se partiu...

Santo Deus das alturas
A fé e a coragem é uma mascara
Que me custa manter na luta...

Eu sou de medo um labirinto escuro
Por tantos e tantos momentos sorvi da solidão
Que hoje nada mais vejo que meu reflexo irresoluto
Nada canta mais alto que minha voz
Nada mais que meus olhos brilham nesta escuridão
Tão sozinho...
Que por mim mesmo resolvi morrer de paixão...

 

Meus lábios queimados nas iguarias quentes
Servidas nos pratos da esperança...
Hoje anseiam o gélido manar da vingança...

Ah! Diga -me como pode
Ser tão perdido, quem já correu livre
Nos mundos mágicos reservado às crianças?


Rosa sente uma ponta de tristeza crescer em seu peito, mas decidida está de roubar o menestrel de seu mundo cinza, trazer-lhe a cor dos dias de primavera, e o amor do céus, apela para Maria a mãe de nosso senhor que de suas mãos vertem o leite e o mel:

 

Rosa- É triste e frio o teu pensar

Mas para que se amargurar?

És homem de bem, sem olha a quem

És chama do pai criador a brilhar.

 

Sabido é que és na terra

Anuncio dado por teu Deus

E que neste mundo de guerras

Teu futuro não é só teu

 

És tu filho amado, querido

Que aos irmãos dás a guarida

No ventre da Matter Dei

Tens tua alma protegida.

 

Teu coração é terra que se pisa

Pois és homem desde o berço

Faz de teus dias um louvor à vida

Alegra a aqueles que te tem apreço.

 

És feito de melodias e rimas

te digo, choro, lamento

Contigo não combinam

Seja firme em teu intento.

 


Tristão parece tocado com as falas de Rosa, talvez o amor de Maria tenha lhe visitado, mas ainda mostra-se um tanto perdido e amargurado:

 

Tristão- Razão tens voz dos anjos
Por sermos homens já somos fracos
E se dermos permissão
A tristeza e a maldição tomam todos os espaços...

É destino de poeta
Coração de menestrel
Por vezes saborear descaso...

Reconheço meus sonhos
Meu amor e bondade
Minha personalidade de aço...

 

É mania do homem temer o fracasso...

Mas quero liberdade
Deus me ajude...
Limpe minh'alma da crueldade...

Sim, sou de Maria um filho
Mas não esqueças tu
Que seu amor de mãe não salvou
Nosso senhor da Cruz...

Mas foi necessário...
Então que minha dor seja aprendizado
À confiança do Senhor
Hei de fazer Jus...



Rosa sorri, Tristão lhe abriu uma porta, a moça volta seu pensamento a cristo e com ele adentra a vida do sonhador rapaz, enfatiza a gradeza e importância de sua alma:

 

Rosa- Sim, sou a voz dos anjos que fala
Aos teus surdos ouvidos,
E enquanto isso se exala
O tempo que tu deixas perdido

Olhe para si mesmo
E veja a pureza que em ti há
Quando falas, de tua boca vejo
O amor de Cristo a brotar.

Não te faças de forte
Porém não esmoreça
E se por acaso perderes o norte
Recolha teus pedaços e amanheça.

Tal qual como pedreiro
Que faz sua própria morada
Refaça as virtudes em seu peito
E faz de tua vida apaixonada.

Se apaixone por si mesmo
Mas dê ao mundo o teu sorriso
Faz de tua vida um louvor
Leva esperança ao aflito.

Olhe para dentro de si
Esqueça os sentimentos viris
Se quiseres com o amor, aí sim,
Poderás viver o que te condiz.

Olhe para dentro de si
Ainda existe esperança
Deixe em ti brotar a criança
Que hora por outra está aí.

Não nascestes tu
Para viver de lamentos
Não nascestes tu,
Para blindar os sentimentos.

És do Pai jóia rara
És da Mãe filho perpétuo
És do Cristo
Aquele que ampara.

Faça juz ao milagre da vida
Faça juz, poeta meu
Seja firme na caridade aí contida
Faça a ti e o mundo feliz
Se é o sonho teu.


O jovem menestrel respira fundo, olha os céus e depois deita seus olhos sobre a bela moça, finalmente um sorriso verdadeiro ilumina o rosto de Tristão, Rosa conseguira resgatar o seu bem amado de seu fosso de tristeza, mal sabem eles que de agora em diante foram abençoados em união pela natureza, que tudo pode ver...Tristão presenteia Rosa com o frescor de suas doces palavras:

 

Tristão- Como frescor de manhã me chega tuas falas
Como nascer de um novo dia
Teus olhos os meus iluminam...
Chega o sol e seu calor...
O anjo é beleza nascida da Flor

Enumera meus bons feitos
Perdoa meus defeitos
E aceita como vida bela tudo que fiz...

E a voz do anjo
Possui o perfume da flor de Liz...

Como sombra do entardecer
Temo o fim do dia...
Sempre me pergunto
“E se o sol não voltar a nascer?”

Mas prometo-te amiga minha
Que serei o servo da alegria
Mesmo que me descubra triste
Não hei de esmorecer...

Fala-me como irmã
E não com o interesse da amante...
Não se enamorou de meus olhos
Mas vê meu coração como diamante...

Tua mão de apreço
Talvez seja mais do que mereço
Mas lhe estendo a minha
Seguro forte na tua...
Tua singela companhia eu aceito.



Por fim, seguiram juntos para uma longa jornada de amor, paz e lealdade...
Dos altos céus, Tristão e Rosa, são guardados e iluminados pela Deidade.

 


Noah Aaron Thoreserc e Elliz Rocha
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 24/11/2012
Reeditado em 25/11/2012
Código do texto: T4002082
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