Mais que qualquer coisa

Algumas coisas foram embora, como: Minha vontade de você, minha esperança sobre você, meu desejo de conquistar coisas com você. E nessa última chance, minha tristeza de saber que você irá voltar. Eu gostaria de ser tudo o que você precisasse. Mas quando você viajou na última semana, eu não senti sua falta. Minha coragem de lutar por um futuro com você se foi com a vontade de ter um futuro. Essa noite eu tive um daqueles desejos. Aqueles desejos que você não tem paciência para identificar um problema. Você apenas disse que tinha medo de que eu o deixasse. E então eu o deixei. Dirigi por horas tentando escapar desse minha vontade de nunca mais te querer novamente. Parei na beira de um mirante, e dei um dos gritos mais desejados do mundo. Sentei naquela grama fria por horas. Dava para perceber que na noite anterior havia chovido naquele lugar. Eu decidi te dar uma nova-milézima-chance, mesmo sabendo que você me faria mal novamente. O cansasso veio se fortalecer em mim. No outro lado sua voz despercebidamente desconformada por você, dizia: Eu te amo. Te amo mesmo. E as coisas apenas aconteceram porque você está tão distante de mim. - Você não pode ver, mas eu sorri como numa daquelas conquistas cheias de certezas. Sua mãe resmungava um pouco baixo sobre estarmos brigando novamente. Você nem hesitou em desligar o telefone. Disse que nunca mais iria vê-lo novamente, mesmo sabendo que eu não acreditaria insistiu. Na minha cabeça passou por um tempo que você tenha ido encontrá-lo, coisa que muito provavelmente aconteceu. Te mandei duas mensagens e você não me respondeu. Desisti. Subi as escadas e fui até o quarto. Acendi um cigarro e a certeza me voltou a cabeça. Você está com ele. Deseja um futuro para vocês dois, porque ele é sua nova mentira. Você encontrou alguém que pudesse criar um novo repertório de mentiras. Vocês se comunicam durante o dia. Ele fica entusiasmado com as suas mensagens, e sua voz ao telefone. Todas as noites vocês se encontram. Você desliga o telefone comigo com a frase: Eu não sei como amar as pessoas que amo -, ou - eu não sei como amar quem eu amo. - Volta a crescer aquele sorriso dentro de mim. Eu sei que você me esconde alguém que logo me dirá. Você não sente a minha fata, já que passa vinte e duas horas no dia sem ter noticias de mim. Quando se sente ameassado, me liga e diz que me ama mais que qualquer coisa no mundo. Então se reporta para o lugar de mentiroso. Você volta para olhar se ele não escutou você dizendo essa frase. Provávelmente ele sabe da minha existência, mas não se importa, já que tem um cara bonito para transar no fim do dia. Sabe que pode te consquistar a hora que quiser. Você não se incomoda com isso.

Lucas de Mattos. O nome de quem me traz todos os dias até em casa depois da aula de filosofia do direito. Às vezes ele esquesse de me dar o capacete. Eu subo na moto dele, e me resguardo para o que pode vir acontecer. Não acontece nada, porque eu amo alguém que está feliz de não permanecer na minha vida. Lucas faz o percurso mais longo possível. Nunca disse uma palavra de descontentamento. Eu fico imaginando sobre uma cícatriz que reside em seu abdomen. Tenho um grande interesse em particular nas pessoas, principalmente em cicatrizes. Quando chega na portaria do condomínio, ele me dá o abraçado mais contraído que ele pode obter nessa estranha existência. Agradeço a carona, tendo em vista que ele mora em lado totalmente oposto ao meu. Ele tem tendência humilde. Hesita algumas vezes ao sair. Nesse último dia ele confessou sua vontade violênta sobre mim. Pedi desculpas, porque meu coração pertence à outra pessoa. Ele entendeu. Disse que se eu quisesse, poderíamos ser amigos. Pedi que se afastasse de mim por um tempo, que seria melhor não entender agora. Que explicações multiplas, e préviamente concebidas são o êxtase para o ódio. Sentiria muito que tivesse ódio de mim. Hoje não me trouxe em casa, mal falou comigo. Melhor assim. Quando na aula de Fundamentos da Economia foi passada a folha de presença, ele estava sentado na última carteira. Eu não havia assinado, apenas eu. Ele se levantou e foi até onde eu estava. Agradeci entre dentes, sem olhá-lo. Saiu antes que a aula terminasse.

Voltei para a casa andando. Não demorou muito tempo e você me ligou. Disse que tudo o que eu sabia sobre você era mentira. Me preparei para a frase que levaria uma vida. Você não a disse. Disse apenas que eu não poderia deixá-lo, porque você me ama mais que qualquer coisa. Sua voz é a voz de um representante de mentiras. Alguém que espera por uma nota coletiva depois de uma apresentação. Me conformei. Disse que não iria deixá-lo antes de pensar seriamente. Seu desespero neutro me acalma. Você sabe que não pode amar alguém que quer amar. Você diz que TEM que me fazer feliz. Digo: Prefiro que me diga a verdade. Se quiser me deixar, logo ficará tudo bem. Me fará feliz me dizendo a verdade... É o melhor caminho para nós. - Sua voz entra em hesitação. Meus ossos doem. Meus olhos estão semisserrados por causa do sono. Você sempre aproveita o melhor horário. Agora entra em desespero. Diz que tem medo de que eu faça o mesmo com você. Digo que não sou como você. Acho que te ofendi. Você pede para que eu não te maltrate. Outra pessoa diria que você é a pior pessoa no mundo. Eu não. Você é apenas você.

Adeus...

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 23/11/2012
Reeditado em 13/03/2013
Código do texto: T4000265
Classificação de conteúdo: seguro