Até logo.
Naquele baile você me tirou para dançar, eu confiei, afinal era apenas alguns passos, a música já estava chegando ao fim. De repente você me arranca um beijo, não queria, mas de novo confiei, afinal tudo indicava que seria só um. O cantor anunciava o fim, e nos despedimos com um até logo.
Eu sabia, tinha certeza, não deveria ter existido aquele "até logo". Eu não queria compromissos para com o meu coração, ela também não. Mas esse "breve" atrapalhou tudo. Quase não durmo, não poderia dormir, eu dei um até logo, daqui a pouco precisaria retornar para ela, e assim o fez, dormiu perturbado, e no primeiro raio de sol despertou, foi em busca daquela que deixara por um "breve" momento. Pior é que ela esperava. Esperava porque também havia se despedido com a mesma expressão.
Porque usou da minha confiança duas vezes? - indaga ele
Ela, sem pensar muito:
- A gente sente essas coisas.
Por dias eles cultuavam aquele "até logo", sempre que possível, voltando-se um para o outro, já que não assumiam, mas sentiam aquela necessidade de voltar em busca, como se houvesse um vazio em ambos, que só um completaria o outro. E foi assim por semanas.
E por que não meses, anos, décadas?
Ela não permitiu. Saiu da zona de conforto que construíram para ficar enquanto se entendiam e posteriormente se acertariam. Ela saiu sem avisar, bilhete não deixou, sumiu, sem até logo, sem adeus. A dança, o beijo, a confiança.
O até logo os dividiu.