Aplausos ao amor que vivemos!
 
 
Hoje você vem me visitar, em pensamentos, no momento em que ouço antigas músicas que fizeram parte de nosso envolvimento. Lembro de seus olhos me acariciando nos primórdios de nossa aproximação quando eu ainda nem tinha percebido seu interesse por mim. Eu, ausente em minha inocente distração. E você do outro lado do balcão conversando comigo e me dando atenção, penetrando em meus olhos e falando tantas frases que eu não entendia; eu não podia entender, pois não havia maldade no meu olhar. Eu apenas queria está ali, perto de você e das demais pessoas que faziam parte de nossa vida naquele período. Eram assim que as horas corriam e eu seguia atendendo e brincando com todos os fregueses no decorrer de noites que não voltam mais; a não ser como agora, em pensamentos cheios de saudades, muitas saudades!
E, foi quando você se cansou de esperar que eu te percebesse que num certo dia olhou firmes nos meus olhos e me disse:
- Eu gosto de você. Por que você não entende que é uma pessoa muito especial em minha vida?
Eu caí; caí, porque jamais tinha me passado pela cabeça sobre nós dois. E, a partir daquele momento meus olhos passaram a te ver de outra maneira. Meus dias eram consumidos sempre com a sua presença a percorrer em meus pensamentos.     Logo senti que eu estava apaixonado e, nossas paixões se juntaram, e nós nos amamos e nos entregamos naquelas noites de bar onde eu era o atendente e você, a pessoa que eu mais queria atender; aquela que chegava e roubava a cena e me roubava de todos. E você ficava lá, ao meu lado no bar, conversando, e a noite fugia sem que percebêssemos, pois não queríamos perceber, não queríamos saber de nada, a não ser simplesmente de nós mesmos, olhos nos olhos. Ah! Como te amei! Como nos amamos! Como éramos jovens! Como éramos apaixonados!
Lembro de um dia em que você chegou com brilho nos olhos e disse que me amava; que me amava muito, que me amava demais! Eu enlouqueci e te amei mais ainda, e te venerei ainda mais. Como eu te quis!
Eu sei! Eu sei! O tempo passou. As coisas mudaram. Os declives do cotidiano nos afastaram. Os acasos nos direcionaram para outros caminhos; outros rumos... Mas hoje ao ouvir essas músicas sertanejas de outrora, é impossível não rever você, impossível! Impossível não rever nós dois, noutro tempo; um tempo especial que marcou muito a minha vida e tenho certeza que a sua também. Por isso, afirmo: você é uma parte muito especial do meu passado. Embora, nem mesmo saibamos mais um do outro, ainda assim lembro de você com intenso carinho; intenso sentimento; intensa saudade daquilo que um dia senti na pele ardendo em meu coração, e que eu sabia, sabia que era uma paixão avassaladora; avassaladoramente existente entre nós.
 Viva! Viva ao que vivemos meu ex-amor. Viva àquelas noites no bar do meu irmão Dorival o qual não povoa mais o cenário terrestre, pois a eternidade já o consumiu. Viva ao que plantamos dentro de nós...
Acho que o sumo da vida são mesmo só esses momentos; todos esses fragmentos que nos tiram lágrimas por termos tido o privilegio de experimentar em todas essas sensações inexplicáveis devido à profundidade que nos atingiu...
Até parece que revejo você, agora, na agitação do “Bar do Dori” na cidade de Marabá no estado do Pará próximo à “Serra Pelada” de cujo lugar saiu tantos homens cheios de ouro noutros tempos. É! Você, olhando-me, sorrindo para mim e eu sorrindo para você e nossos corações ardentes de amor, o nosso profundo amor!
Foi sim, cheguei naquela cidade vindo do Tocantins, da cidade de Tocantinópolis, totalmente inexperiente das façanhas da vida. Fui morar lá na casa do meu querido e inesquecível irmão Dorival! E, lá, eu arrumei o meu primeiro emprego no “Armazém Paraíba” de vendedor, onde conquistei muitos amigos que conservo até hoje, pois são pessoas especiais, muito especiais! E dentre tudo isso me surgiu você, a me conquistar, a roubar meu coração, a me fazer ficar triste quando brigávamos por besteira qualquer.
Ah! Como é bom lembrar que pude viver tudo isso! Quão bom lembrar dessas singularidades de outros tempos. Quão bom! Quão bom! Quão bom!...
Sim, findara nossa relação, e em outras pessoas nos agregamos. Mas as cores que tingiram o quadro do amor sentido em nosso intimo; essas jamais, jamais se apagarão; pois elas estão plantadas na eternidade de nossas existências...
Meu inesquecível amor de outros tempos, hoje, ao ouvir algumas músicas antigas que fizeram parte de nossa vida, eu revejo as loucuras que vivenciamos. Todas aquelas marcas estão pintadas nas paredes do meu coração. Por tudo isso: aplausos ao amor que vivemos!
 

 
 
 
 
 
 
 
Valdon Nez
Enviado por Valdon Nez em 16/11/2012
Reeditado em 20/05/2013
Código do texto: T3988272
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