UM AMOR DIFERENTE (III)
LENA 45/ MARCIO 47
Lena é uma mulher sofrida. Trabalha como doméstica desde que se entende por gente. Filha de pais pobre, do interior, numa cidadezinha esquecida por Deus, como dizem.
O pai lavrador, morreu cedo de tanta lida contra a vida e os poderosos, a mãe, do lar, adoecida pela luta e pelos desgostos, aos poucos vai se entregando a depressão.
Conseguir trazer a mãe para uma cidade maior, após a morte do pai, foi muito difícil, mas a mesma percebeu que teria que ser assim se quisesse viver mais um pouco.
O lugar onde vivem, lavrado pela seca, já não os pertence, pois as terras são do dono da fazenda. Assim, Lena não vê outra maneira de tocar a vida a não ser procurar outro pouso.
Assim as duas partem, após se desfazer do pouco que tinham para pagar as passagens rumo ao seu destino.
A única irmã que Lena tem mora há três horas de viagem dali. E assim, mãe e filha tomam um velho ônibus e partem em direção a nova cidade.
A irmã, as espera na rodoviária, já dando indicação do que vai ser a nova vida.
De maus modos, Júlia diz que é preciso que as duas trabalhem para ajudar nas despesas, que não são poucas, como salienta.
A mãe, mulher trabalhadeira e de fé, sempre teve boas mãos para o bordado e os doces caseiros, mas lhe faltava a oportunidade.
Lena, trabalhava numa casa de família num lugarejo próximo de onde viviam, mas teve que abandonar para ajudar a mãe quando o pai adoeceu e no momento não atinha porque para lá voltar.
Lena, ao ouvir os resmungos de sua irmã, respira fundo e pega a bagagem para começar a caminhada.
Aí começa a sua saga.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, num bairro bem mais bonito e desenvolvido, Márcio observa da janela o movimento da rua. Entristecido pois perdeu recentemente sua mãe, pensa como vai ser daqui para frente. Professor bem conceituado, com livros publicados, dono de cursos variados com convênios pelo país, não tem problemas financeiros, mas vive na solidão. É aquela velha máxima de quem vê cara não vê coração, ou então nem sempre temos tudo que queremos.
Com sua preocupação acadêmica, nunca teve tempo para o amor. As distrações sempre foram relegadas a segundo plano.
Agora, com a morte da mãe, que já era viúva, filho único, Márcio percebe que está muito sozinho e que precisa de um amor em sua vida, para sentir-se completo.
Aos poucos, começa a integrar-se em programas noturnos, assistindo a shows de qualidade e frequentando bons restaurantes. Mas a sensação de solidão não o deixa, mesmo em companhia de outras pessoas amigas.
Lena, por sua vez, procura duas metas ao mesmo tempo: quer recuperar o tempo perdido fazendo cursos rápidos que compensem a sua falta de escolaridade e ao mesmo tempo arrumar um emprego numa casa de família, pois é para o que se encontra preparada no momento.
Aos poucos, começou um curso noturno para completar o Ensino Médio, já que os seus conhecimentos garantem o Fundamental. Numa escola perto de casa, Lena conseguiu matricular-se num curso semi-presencial para aprimorar-se. E começou a procura de colocação.
Incentivada pelo seu sobrinho Bruno de 18 anos(o melhor daquela difícil casa), Lena começou também os primórdios da Informática.
Enquanto isso, Márcio resolveu que contrataria uma pessoa que gerenciasse sua casa. Por ser uma pessoa reservada, contratou uma senhora que já havia sido colaboradora de sua mãe há anos atrás.
E pediu que procurasse as ajudantes necessárias, mas daquela velha moda, sem necessidade de ir em agências de emprego. Que fossem pessoas que ela julgasse realmente fossem próprias para o trabalho.
Dona Lourdes, a governanta, mora no bairro próximo a casa da irmã de Lena e todos os dias vai para o ponto de ônibus perto.
Um dia, numa dessas idas para o trabalho, ia conversando com Lena, pois notou que era novo na comunidade.
Sentadas juntas iam conversando sobre a vida. E dona Lourdes contou que havia retornado ao trabalho e estava precisando de pessoas que trabalhassem na casa do patrão.
Então, para Lena acendeu uma esperança. E assim ela disse: Eu sei que a senhora não me conhece direito, mas gostaria de me candidatar a uma vaga, pois preciso com urgência trabalhar. E continuou contando sua história.
Dona Lourdes ouviu tudo em silêncio e perguntou onde ela ia aquela hora. Lena mostrou os variados anúncios que estavam circulados no jornal que segurava e disse que enquanto aguentasse ia procurando ocupação.
Dona Lourdes olhou-a bem nos olhos e disse que a acompanhasse, pois iria fazer uma experiência com ela.
Os olhos de Lena encheram-se de lágrimas agradecidas, e segurou com força nas mãos da senhora e lhe disse que ela não iria se arrepender da atitude tomada.
E seguiram para a residência de Márcio, pois já haviam chegado ao ponto final.
Na residência, dona Lourdes apresentou tudo para Lena, que imediatamente colocou o uniforme e começou a agir.
O sua primeira tarefa foi dar início ao que seria o almoço.
D. Lourdes deixou a moça se entender na cozinha e foi ver a arrumação interna.
Ao mesmo tempo que pensava o almoço, Lena preparou o café da manhã, pois a mesa já estava posta deixada pela senhora de véspera.
D.Lourdes foi a procura de Márcio, pois hoje era seu dia em casa e ele levanta mais tarde.
Encontrou o rapaz já de pé, mas ainda de pijama distraído com os jornais do dia. Ao vê-la, Márcio já ia se encaminhando para a cozinha, como faz todas as manhãs, quando D. Lourdes lembrou-se de avisá-lo para vestir-se, pois a nova empregada estava já em suas tarefas experimentais. E dizendo que o aguardaria lá a senhora deixou-o com seus pensamentos.
Márcio tomou um banho e já vestido dirigiu-se para a cozinha, onde encontrou as duas mulheres trocando informações sobre os pratos do dia.
Quando Márcio avistou Lena, sentiu algo como que um choque, que de repente o tirou do prumo. A mulher, também mexida, corou o desviou os olhos prontamente.
D. Lourdes nada percebeu e procedeu as apresentações dizendo a ele que Lena faria experiência por uns dias para ver se daria conta de tudo.
Márcio ainda mudo, estendeu a mão para cumprimentar Lena, sem entender o que acontecia.
Quando encontrou a voz, disse-lhe que era bem-vinda e lhe perguntou o nome.
A mulher, gaguejando um pouco conseguiu identificar-se e dizer que faria o melhor que pudesse para adaptar-se aos trabalhos da casa.
Márcio, deu um sorriso tímido, sentou-se e tomou o café, que reconheceu ser diferente do que D. Lourdes preparava todos os dias, concluindo que fora Lena quem o fizera.
Suspirou profundamente e de olhos fechados, saboreou com gosto os alimentos.
FIM DA PRIMEIRA PARTE ( I )
Estrela Radiante
"imagem do Google"
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Boa noite, amigos Recantistas.
Fiquem com Deus.
Tenham uma noite de paz e amor.
LENA 45/ MARCIO 47
Lena é uma mulher sofrida. Trabalha como doméstica desde que se entende por gente. Filha de pais pobre, do interior, numa cidadezinha esquecida por Deus, como dizem.
O pai lavrador, morreu cedo de tanta lida contra a vida e os poderosos, a mãe, do lar, adoecida pela luta e pelos desgostos, aos poucos vai se entregando a depressão.
Conseguir trazer a mãe para uma cidade maior, após a morte do pai, foi muito difícil, mas a mesma percebeu que teria que ser assim se quisesse viver mais um pouco.
O lugar onde vivem, lavrado pela seca, já não os pertence, pois as terras são do dono da fazenda. Assim, Lena não vê outra maneira de tocar a vida a não ser procurar outro pouso.
Assim as duas partem, após se desfazer do pouco que tinham para pagar as passagens rumo ao seu destino.
A única irmã que Lena tem mora há três horas de viagem dali. E assim, mãe e filha tomam um velho ônibus e partem em direção a nova cidade.
A irmã, as espera na rodoviária, já dando indicação do que vai ser a nova vida.
De maus modos, Júlia diz que é preciso que as duas trabalhem para ajudar nas despesas, que não são poucas, como salienta.
A mãe, mulher trabalhadeira e de fé, sempre teve boas mãos para o bordado e os doces caseiros, mas lhe faltava a oportunidade.
Lena, trabalhava numa casa de família num lugarejo próximo de onde viviam, mas teve que abandonar para ajudar a mãe quando o pai adoeceu e no momento não atinha porque para lá voltar.
Lena, ao ouvir os resmungos de sua irmã, respira fundo e pega a bagagem para começar a caminhada.
Aí começa a sua saga.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, num bairro bem mais bonito e desenvolvido, Márcio observa da janela o movimento da rua. Entristecido pois perdeu recentemente sua mãe, pensa como vai ser daqui para frente. Professor bem conceituado, com livros publicados, dono de cursos variados com convênios pelo país, não tem problemas financeiros, mas vive na solidão. É aquela velha máxima de quem vê cara não vê coração, ou então nem sempre temos tudo que queremos.
Com sua preocupação acadêmica, nunca teve tempo para o amor. As distrações sempre foram relegadas a segundo plano.
Agora, com a morte da mãe, que já era viúva, filho único, Márcio percebe que está muito sozinho e que precisa de um amor em sua vida, para sentir-se completo.
Aos poucos, começa a integrar-se em programas noturnos, assistindo a shows de qualidade e frequentando bons restaurantes. Mas a sensação de solidão não o deixa, mesmo em companhia de outras pessoas amigas.
Lena, por sua vez, procura duas metas ao mesmo tempo: quer recuperar o tempo perdido fazendo cursos rápidos que compensem a sua falta de escolaridade e ao mesmo tempo arrumar um emprego numa casa de família, pois é para o que se encontra preparada no momento.
Aos poucos, começou um curso noturno para completar o Ensino Médio, já que os seus conhecimentos garantem o Fundamental. Numa escola perto de casa, Lena conseguiu matricular-se num curso semi-presencial para aprimorar-se. E começou a procura de colocação.
Incentivada pelo seu sobrinho Bruno de 18 anos(o melhor daquela difícil casa), Lena começou também os primórdios da Informática.
Enquanto isso, Márcio resolveu que contrataria uma pessoa que gerenciasse sua casa. Por ser uma pessoa reservada, contratou uma senhora que já havia sido colaboradora de sua mãe há anos atrás.
E pediu que procurasse as ajudantes necessárias, mas daquela velha moda, sem necessidade de ir em agências de emprego. Que fossem pessoas que ela julgasse realmente fossem próprias para o trabalho.
Dona Lourdes, a governanta, mora no bairro próximo a casa da irmã de Lena e todos os dias vai para o ponto de ônibus perto.
Um dia, numa dessas idas para o trabalho, ia conversando com Lena, pois notou que era novo na comunidade.
Sentadas juntas iam conversando sobre a vida. E dona Lourdes contou que havia retornado ao trabalho e estava precisando de pessoas que trabalhassem na casa do patrão.
Então, para Lena acendeu uma esperança. E assim ela disse: Eu sei que a senhora não me conhece direito, mas gostaria de me candidatar a uma vaga, pois preciso com urgência trabalhar. E continuou contando sua história.
Dona Lourdes ouviu tudo em silêncio e perguntou onde ela ia aquela hora. Lena mostrou os variados anúncios que estavam circulados no jornal que segurava e disse que enquanto aguentasse ia procurando ocupação.
Dona Lourdes olhou-a bem nos olhos e disse que a acompanhasse, pois iria fazer uma experiência com ela.
Os olhos de Lena encheram-se de lágrimas agradecidas, e segurou com força nas mãos da senhora e lhe disse que ela não iria se arrepender da atitude tomada.
E seguiram para a residência de Márcio, pois já haviam chegado ao ponto final.
Na residência, dona Lourdes apresentou tudo para Lena, que imediatamente colocou o uniforme e começou a agir.
O sua primeira tarefa foi dar início ao que seria o almoço.
D. Lourdes deixou a moça se entender na cozinha e foi ver a arrumação interna.
Ao mesmo tempo que pensava o almoço, Lena preparou o café da manhã, pois a mesa já estava posta deixada pela senhora de véspera.
D.Lourdes foi a procura de Márcio, pois hoje era seu dia em casa e ele levanta mais tarde.
Encontrou o rapaz já de pé, mas ainda de pijama distraído com os jornais do dia. Ao vê-la, Márcio já ia se encaminhando para a cozinha, como faz todas as manhãs, quando D. Lourdes lembrou-se de avisá-lo para vestir-se, pois a nova empregada estava já em suas tarefas experimentais. E dizendo que o aguardaria lá a senhora deixou-o com seus pensamentos.
Márcio tomou um banho e já vestido dirigiu-se para a cozinha, onde encontrou as duas mulheres trocando informações sobre os pratos do dia.
Quando Márcio avistou Lena, sentiu algo como que um choque, que de repente o tirou do prumo. A mulher, também mexida, corou o desviou os olhos prontamente.
D. Lourdes nada percebeu e procedeu as apresentações dizendo a ele que Lena faria experiência por uns dias para ver se daria conta de tudo.
Márcio ainda mudo, estendeu a mão para cumprimentar Lena, sem entender o que acontecia.
Quando encontrou a voz, disse-lhe que era bem-vinda e lhe perguntou o nome.
A mulher, gaguejando um pouco conseguiu identificar-se e dizer que faria o melhor que pudesse para adaptar-se aos trabalhos da casa.
Márcio, deu um sorriso tímido, sentou-se e tomou o café, que reconheceu ser diferente do que D. Lourdes preparava todos os dias, concluindo que fora Lena quem o fizera.
Suspirou profundamente e de olhos fechados, saboreou com gosto os alimentos.
FIM DA PRIMEIRA PARTE ( I )
Estrela Radiante
"imagem do Google"
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Boa noite, amigos Recantistas.
Fiquem com Deus.
Tenham uma noite de paz e amor.