ALBERTO

ALBERTO

Sábado, final de tarde. Alberto estava deitado na espreguiçadeira entre a piscina e o gazebo recém construído (mais uma verdadeira obra de arte de sua mulher), lendo os jornais da tarde e pensando.... a direção de uma multinacional, o escritório de advocacia sub locado, duas famílias e tanta solidão. Na verdade um homem de sucesso! Porém, o peso, o preço parecia cada dia mais alto!

Pensou nos filhos, ambos no exterior estudando, namorando, vivendo! A esposa, vinte e um anos de casamento, se superava cada dia na escolha de algo para a casa, no esmero de um novo jantar para os amigos. Eram, aos olhos de todos, um lindo casal perfeito. Amáveis e educados socialmente. Distantes e educados na intimidade.

E havia sua outra " família" , Dora, ah Dora! Tão linda, tão doce nos seus vinte e três anos, com quem passava os finais de quinta feira até as madrugadas de sábado (um arranjo conveniente que sua esposa jamais questionou, se é que alguma vez desconfiou) ... dias, horas sem vida social, mas com uma vida intima sexual (pelo menos até recentemente) de fazer inveja a qualquer garoto cheio de hormônios.No início foi complicado .... Dora é uma menina romântica e sonhava com o amor, vestido de noiva, essas coisas .... No começo reclamava muito, sentia-se só, queria presença constante.

Alias, esse o motivo de ter comprado a Villa e te-la mantido aí, cheia de mimos, agrados que sempre lhe rendiam muito ...ate algum tempo atrás, quando ela resolver que queria um filho. Precisava de um bebê, um bonequinho seu, dissera ela...precisava de companhia. Ele foi taxativo, já tinha os filhos que queria e agora já não tinha tempo, idade, vontade de reiniciar essa etapa da vida. Ela pareceu entender, mas desde então parecia distante a maior parte do tempo, como se estivesse pensando longe, decidindo importantes questões. Ele se preocupava e cuidava cada vez mais. Não podia, não queria engravidá-la. De qualquer forma, a algum tempo já a magia se fora e se questionava porque continuar mantendo as duas casas. Nem era uma questão financeira, mas o tempo passava e um cansaço até então desconhecido ia se apoderando. De repente, mais que as longas e prazerosas horas na cama, o que parecia lhe fazer bem era o sossego, a calma, assim, deitado na espreguiçadeira, sem cobranças, sem pressas.

Talvez fosse chegada a hora de reavaliar suas prioridades.

Ana Janete
Enviado por Ana Janete em 16/10/2012
Código do texto: T3936510
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