O  amor...ah, o amor. Sempre olhei para ele com desdém, pois não conseguia compreender a transformação e a dependência que ele causa nas pessoas. Sempre lutei para que isso não acontecesse comigo e exigia que meus amigos fossem fortes e lutassem contra ele.
                 De repente, você apareceu e me deixou numa mistura de sentimentos - feliz, triste, rindo, chorando, gritando - e absolutamente dependente do do seu amor. O flerte, termo não mais usado, mas eu quero usar, começou em Paris. Eu estava lendo um jornal e tomando uma taça de vinho no Cafe de Flore, quando você entrou. Sentimentos que en nunca pensei em sentir, tomaram conta do meu corpo, fizeram tremer minhas bases, destruiram minhas crenças e tive a certeza que você era a pessoa certa.
                  No primeiro diálogo minha voz não saiu - quando saiu falei besteira - suei muito e ouvi extasiado tudo que você disse. Até hoje não sei o assunto de nossa conversa. Lembro apenas que pedimos um copo de champagne para celebrar a vida.
                   Mostrei-me a você por inteiro: meus mistérios, meus segredos, expus minha alma pela primeira vez e senti-me bem sendo um ser humano com qualidades e defeitos. Não tive medo de nada. Nosso primeiro beijo você roubou. Após o susto inicial, você explorou toda a minha boca, como se estivesse marcando território e não tenho a menor idéia quanto tempo demoramos.
                     Com a descoberta do amor, experimentei um sentimento quase desconhecido para mim: o ciúme. Senti um tremor no corpo,  meu rosto ficou em brasas e um medo enorme de te perder. Foi horrível e um amigo me consolou: Seja bem vindo ao mundo dos inseguros cara. O amor é assim:  fatal, passional, incoerente, livre, doce, selvagem e nos libera de qualquer explicação. Tira de nós o melhor e o pior, sem nenhum pudor.
                        Hoje leio Fernando Pessoa e entendo sua poesia, já não sei se admiro o relacionamento de Sartre e Simone de Beauvoir e sou um apaixonado totalmente inconsequente.

 
José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 15/10/2012
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