Um vôo para Londres

A orquestra tocava e eu me espremia entre uns e outros na platéia. O marco zero estava completamente lotado, não cabia tanta gente ali, no entanto, estávamos ali. Lenini entrava no palco e a platéia delirava. Era o show da virada do ano 2000. Uma moça encostou-se a minhas costas tentando se segurar, pois estava mesmo apertado. Não olhei para trás, apenas senti os seios dela roçando em mim. Alguns minutos depois ela falou em inglês – “Meu Deus quanta gente aqui” – Entendi o que ela falou bem pertinho do meu ouvido, por estarmos tão próximos. Virei de fronte para ela e disse em inglês – “Sim muita gente hoje porque todos aqui gostam muito desse artista, inclusive eu.” – De tanta gente e de tão apertado que estava ali naquele momento, os seios dela encostaram em mim e meu nariz quase tocava o dela.

- “Que bom que você fala inglês. Posso ficar assistindo com você? Estou sozinha aqui.” – Disse ela. Respondi que sim e ficamos ali colados um no outro assistindo o show de Lenini. Vez por outra, ela perguntava como traduzia para inglês algumas frases das músicas, disse ela que entendia muito pouco o português. Enquanto Lenini cantava, eu repetia traduzindo para ela algumas frases da música. Ela gostou muito da minha companhia, gostou tanto que depois de uma hora conversando e com os nossos rostos quase colados, nos beijamos.

Quando o show acabou, esperamos um pouco a platéia se dispersar para que pudéssemos sair dali. Convidei-a para ir a um bar na rua da moeda, ela respondeu que sim, pois estava comigo e não conhecia a cidade. Saímos dali e fomos para um bar na rua da moeda. Muitas conversas em inglês, muitas cervejas, alguns beijos e o dia amanheceu. Levei-a para minha casa, tomamos banho, tomamos café, fizemos amor e fomos a praia. Ela adorou a praia de Calhetas, amou Porto de galinhas e se apaixonou pela praia de Maracaípe. Passamos os últimos vinte dias de férias dela juntos, comendo comidas típicas, muito café, muito suor em nossos corpos, muitas praias. Deixei-a no aeroporto num vôo para Londres e nunca mais tivemos contato.

Charles Silva