Flores e coração

Miguel tomou uma das mãos de Júlia com ternura e disse:

- Pousa aqui em meu peito tua mão. Duvidosa e desconfiada, fez como ele lha dissera. Ele, pressionando a mão delicada da menina na altura do seu coração, assim continuou:

- Sinta agora o que ele diz. Ouça agora. Ouça o grito que ecoa dentro em mim, o grito de cada batida, de cada intervalo, de cada movimento.

Venturosamente, naquela tarde de primavera as flores concordaram em tornar aquele momento pitoresco, emprestando, de muito bom grado, toda sua fineza e encanto.

Após alguns segundos de silêncio entre Miguel e Júlia, onde apenas o que se ouvia era o murmúrio da leve brisa que carregava consigo a alma daquelas mesmas flores, com um movimento inesperado, mas completamente suave, Miguel lançou seu braço na cintura da moça e a trouxe para perto de si, aproximou seus lábios dos lábios dela, olhou-a fixamente como quem esquadrinha a alma e sussurrou-lhe irresistível:

- Sou teu, bato por ti.