Por Siempre (Parte 11 – Corações Aos Tropeços)
Alice estava confusa. O pequeno alargador transparentete tremia em sua mão. Ela já não sabia o que pensar. Queria gritar, sentir raiva. Não conseguia. Ela só queria se manifestar, mandar Pablo sair daquele quarto, sair da sua vida. Ela olhou para o pé enfaixado. “Como ele teve coragem?”, pensou. “Como alguém pode ser tão cínico?” Pablo estava observando tudo sem entender muito da aflição de Alice. A garota parecia transtornada. Ele não imaginava o que se passava em sua cabeça, não conseguia ver o que a garota tinhas na mão. Esperava curioso, mas paciente pra saber o que estava acontecendo com a namorada.
- Fuera. – Alice finalmente conseguiu falar com os olhos enterrados em direção ao chão.
- Qué?
- Fuera de aquí AHORA! – levantando a cabeça. Pablo pode ver seu rosto, seus olhos cheios de lágrimas, verdadeiros espelhos de dor e decepção.
- Por qué? Alice, te puedo ayudar, lo sabes!
- ¿Cómo pudiste? COMO PUEDE SER QUE MANERA?
- Qué pasa, Alice? – o garoto, confuso, tentou segurar a mão da namorada, mas ela se desvencilhou e o empurrou com tanta força quanto pode.
- FUERA!
As garotas olhavam o ataque de Alice e também não entendiam. Thais encenava uma cara de preocupação e surpresa enquanto pensava em como as coisas estavam dando certo.
Pablo engoliu seco.
- Me puedes decir lo que pasa? Estoy un poco cansado de esperar a su disposición para decir algo, expresar sus opiniones... Yo soy tu novio e tengo el derecho de saber... Y no puedes salir así a gritar
- Fingir ser lo más débil de esta historia? No seas ridículo!
- Qué estás hablando? – confuso.
- Sabes muy bien, cínico! – indignada com tamanha falsidade.
- Parada, chica! No se puede seguir diciendo estas cosas a mí sin razón. Lo que pasa? – alterando-se.
- Pare usted! No quiero hacer la tonta para usted. No otra vez. Fuera de aquí, por favor! Fuueeeera!
- Te amo, Alice. – rendendo-se, triste e desanimado - No importa lo que hacerlo, y te amare por siempre! – Pablo se virou e deixou Alice desabada. Ele realmente queria ficar e tentar compreender melhor o que tinha acabado de acontecer, o por quê de Alice tê-lo tratado daquele jeito. Mas a grande verdade é que ele estava cansado. Cansado de agüentar os olhares desconfiados que Alice dispusera a ele durante o dia inteiro desde o acidente. Ele tentava ponderar achando que era só uma atitude pós-trauma e que teria a namorada normal quando aquilo virasse passado. Mas nada justificava a forma como Alice começou a tratá-lo no quarto.
A garota ficou olhando para o chão enquanto Pablo saia. Ela não queria ter de explicar para as amigas o que estava acontecendo. Não mesmo. Doía só de pensar naquilo. Verbalizar seria doloroso demais, insuportável. Bruna sentou-se à esquerda de Alice. Carol e Marcela se colocaram no chão, próximas de Alice. Mais distante e com certo desanimo, Thais estava em pé, virada para Alice, ao menos. As garotas, como ato de solidariedade ou não se sabe ao certo o que, se entreolharam e entenderam que qualquer que fosse aquele assunto, Alice não estaria pronta para contar. Não houve comentário algum, nem pergunta alguma. Apenas olhares meigos para uma amiga que precisava. Ficaram ali durante tempo suficiente para estressar.
- Ok, quer parar com isso? Você não pode ficar chorando a vida inteira – Thais rompeu o silencio.
- Para, Thais. Olha o estado da Alice. Pode ser um pouco solidária? Eu pode sair e fazer as suas coisas, caso ficar aqui esteja te incomodando.
- Ela tem razão. É melhor eu tentar dormir agora. O dia foi longo demais.
As garotas se dispersaram e Alice se deitou com a ajuda de Carol. Pensava em como Pablo estaria rindo numa hora dessas. Em como finalmente ela descobriu quem ele era. Ela só queria ter descoberto uma noite antes. Antes de ela ter se dado para alguém que não merecia. Agora isso já não importava mais. A garota esperava um fim completamente diferente para esse dia.
Pablo não queria ter se exaltado, mas não conseguiu se segurar. Arrependeu-se, recuou, mas nem por isso parou de sentir um pouco de raiva. Alice estava transtornada por alguma coisa que ele tinha feito – ou que ela achava que ele tinha feito. O que era? O que deveria ser pra deixar Alice assim? Pablo entrou em seu quarto e sentou-se quase que automaticamente em sua cama. A mesma cama em que dormia quando sua vida cruzou com e Alice pela primeira vez. A mesma cama em que sonhou com aquele reencontro durante anos. A mesma cama em que teve Alice na noite anterior. Deitou e tentou parar de pensar em tudo. Tentou ficar lembrando apenas da noite anterior, quando nada disso parecia existir, quando Alice não estava com o pé machucado, quando eles tinham mil expectativas para o campeonato daquela manhã, quando ainda tinham um ao outro e não corações aos tropeços.
~~CONTINUA~~