Com o passar dos dias, Leandra começou a revezar com sua mãe os cuidados com o pai. Cada noite uma ficava e durante o dia havia uma enfermeira encarregada do enfermo.
Após o tempo certo de internação, seu Pedro foi liberado para ir para casa, desde que completasse o tratamento lá.
Então, ficou acertado o médico da família e duas enfermeiras, no revezamento, para não sobrecarregar d. Márcia, já com certa idade, pois Leandra ficaria encarregada da empresa da família.
Aos poucos, a situação foi acomodando-se e dr. Clóvis ficou fazendo as visitas rotineiras para o acompanhamento do seu paciente.
Leandra voltou ao trabalho, dedicando-se com afinco para colocar todas as pendências em dia, em decorrência da ausência do pai.
Apenas uma coisa estranha estava lhe ocorrendo. Há dias seguidos, vinha sonhando insistentemente com Anselmo.
A cena era sempre a mesma, Anselmo num amplo jardim, com uma vegetação luxuriante e colorida, como nunca visto em nenhum lugar. Uma cascata de água cristalina, cantando em profusão num canto mais afastado.
Quando ela se aproximava, era como se uma parede de vidro os separasse e impedia a comunicação.
Quando chegava bem próximo a ele, não conseguia ouvi-lo e acordava aos prantos e gritos.
Sua mãe, preocupada, insistiu com a filha para ir ao médico ou psicólogo, para tentar entender o que acontecia.
Mas a moça resistiu e assim seguiu por dias. Até que seu pai, já quase recuperado, começou a perceber o que havia. Sensível, notou que a filha não conseguia desprender-se do noivo falecido e isso a prejudicava, fazendo-a ter sonhos tão angustiantes.
Finalmente, conseguiu convencer Leandra a conversar com dr. Clóvis e ouvir dele uma orientação.
Marcada a consulta, Leandra dirigiu-se para a clínica.
Lá chegando, ainda no jardim, a moça encontrou-se com o médico. Jovem, bonito, sorridente, dr.Clóvis saudou a jovem com um firme aperto de mão.
Leandra, perturbada, corou fortemente e baixou os olhos.
O médico convidou-a a dar uma volta ali mesmo nos jardins da clínica, no lugar de fazer uma consulta formal.
E foram caminhando entre os jardins e fontes de água cristalina que formavam um belo ambiente.
Aos poucos, ela foi abrindo o coração e contando tudo o que estava acontecendo. O médico, em silêncio apenas ouvia o que a jovem dizia.
Ao final da narrativa, sentaram-se num dos bancos numa agradável sombra, e o médico põe-se a falar.
Leandra, a Psicologia não é a minha especialidade, mas posso indicar-lhe um colega. Mas antes gostaria de lhe dar uns conselhos.
Ele continuou: a morte é algo irreversível e todos nós vamos passar por ela. Para quem fica,  só resta a conformação. Os seus pesadelos são decorrentes do seu grande amor e apego pelo seu noivo,  que lhe foi tirado de forma violenta pela vida. Lhe digo isso porque passei também por isso, pois também perdi minha namorada de 3 anos, recentemente, e íamos ficar noivos e marcar a data do casamento. Também por acidente.
Passei pelos pesadelos e noites insones, mas graças a ajuda de amigos e da minha fé em Deus, estou recuperado.
Gostaria que você começasse a pensar em fazer algo por alguém. No hospital público, faço 2 dias de atendimento gratuito para as pessoas. É um trabalho realmente voluntário,sem nenhum ganho e dedico esse trabalho em memória dela, que era médica.
Você poderia fazer algo assim e ver o resultado. Caso não solucione seus problemas, voltamos a conversar e lhe indico o meu colega de profissão.
Leandra, assentiu  e agradecida seguiu para casa.

FIM DE SEGUNDA PARTE


Estrela Radiante
"Imagem do Google"

 
Regina Madeira
Enviado por Regina Madeira em 24/08/2012
Reeditado em 20/09/2015
Código do texto: T3846756
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