FAÇO TUDO POR AMOR (CAP. 40)

Eu quis matar a Rafa. Puxa, eu havia pedido para que ela não contasse nada aos nossos pais. Cachorra!

- Eu pedi a Rafaela não contar nada para não preocupar vocês.

- E ela fez muito bem em contar. Afinal, Paulinha, o que está acontecendo com você?

Felizmente não estávamos frente a frente. Quando minha mãe resolvia fazer algum tipo de cobrança ela era implacável.

- Não está acontecendo nada, mamãe. Apenas perdi um estágio.

- Apenas? Você disse “apenas”?

- Escute mãe. Não é o fim do mundo.

Eu já sabia que aquela discussão não iria terminar bem. Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava o celular.

- Claro que não. Não é o fim do mundo você ficar sem poder pagar suas contas.

- Mãe, me deixa falar…

- Quem é esse homem com quem você está saindo?

Pronto. Era onde minha mãe queria chegar.

- Fernando – respondi dando graças a todos os santos que o nome “Fernando” era bem comum.

- Por acaso é esse moço que está entortando sua mente?

- Mãe! – exclamei espantada – O Nando não tem culpa de nada.

- Pois eu acho que tem sim. Pelo que sei desde que você começou a andar com ele sua frequência na faculdade caiu. Agora foi o estágio. Qual é a próxima surpresa? Uma gravidez indesejada?

- Mãe! – de novo eu exclamei – O que é isto? Eu sou responsável! Não sei o que a Rafaela anda dizendo para você, mas acho que as informações que estão chegando aí estão equivocadas!

- Então me conte você. Quem é esse Fernando?

O único consolo que eu tinha é que muitos quilômetros nos separavam. Perguntei-me se meu pai estaria escutando a conversa ao lado dela.

- Ele é meu namorado – disse eu firmemente.

- O que ele faz da vida?

- É advogado de um banco.

Minha mãe ficou em silêncio e eu achei que era um bom sinal. Talvez seu medo maior fosse que a sua filhinha caçula estivesse namorando um chinelão.

- É aquele que você conheceu no ano novo?

- É esse mesmo.

- E ele pretende pagar as suas contas?

De novo a voz de aço. Minha mãe era terrível.

- Bem, ele até se ofereceu.

- Escute aqui, Paulinha. Não se iluda com os homens. Eles são uns amores no início. Depois que usam bastante as tontas das namoradas, deixam-nas com uma mão na frente e outra atrás.

- O Nando não é assim – argumentei ficando com raiva.

- Você tem certeza?

- Tenho.

- Não, você não tem. Paulinha, você mal conhece esse rapaz.

Se ela soubesse…

- Eu confio nele.

- Minha filha, você precisa ser mais pé no chão. Enquanto ele fica em uma sala com ar condicionado, você terá que ir para a rua bater pé, atrás de alguma colocação. O rapaz tem dinheiro? De onde é a família dele?

Meu coração disparou.

- Ele é de boa família, mãe. Pare de perguntar sobre ele, está bem? O Nando é um cara maravilhoso.

- Você tem algum plano B?

- Não tive cabeça para pensar em nada, mãe. Amanhã eu vou me acordar e pôr os pensamentos em ordem.

- Sua irmã está muito nervosa.

- Ficar nervosa não adianta nada – eu falei quase gritando.

- Pauline, baixe seu tom de voz.

Pronto. Ela me chamou de Pauline. A coisa estava ruim. Fiquei muda, furiosa.

- Vou passar o telefone para o seu pai.

A casa caiu. Tudo, menos isso.

- Paulinha… você está aí ainda?

- Estou… - murmurei quando escutei a voz dele do outro lado.

- Eu não quero acreditar que você está deixando se levar por um homem.

Meu Deus, que dia horrível. E a voz do meu pai contribuía para tudo ficar pior.

- Ele é meu namorado, pai. Não é um cara qualquer.

Aquilo estava me cansando. Deitei-me no sofá e fechei os olhos, desejando que a conversa terminasse de vez.

- Escute bem uma coisa, minha filha. Você trate de arrumar alguma coisa para pôr dinheiro em casa, está bem? Não é justo que só sua irmã dê duro enquanto você namora, não vai às aulas e fica de papo para o ar. Estou sendo bem claro?

- Está.

- Não foi para isto que me matei trabalhando para mandar você para a capital. O que nós combinamos quando você passou no vestibular?

- Pai, estou me cansando. Eu não sou nenhuma irresponsável. Perdi o estágio. Vou arrumar outro. Amanhã mesmo eu vou atrás de alguma coisa. Está bom assim?

- Eu espero que seja esta mesma a sua atitude, pois se você não der um jeito na sua vida, eu e sua mãe iremos lhe cobrar tudo pessoalmente.

Quase vomitei. O que menos eu precisava era de uma visita deles. Imaginei um encontro dos meus pais com o Nando e a tragédia que seria.

- Não será preciso – respondi rapidamente.

- Você tem quinze dias, entendeu? Quinze dias.

- Ok.

- E responda direito.

- Está certo, pai.

Nossa, eu teria que correr atrás de um emprego urgentemente.

- E por que você não foi à aula hoje?

- Porque não estou me sentindo bem.

“E porque odeio esta droga de curso”. Se ele lesse meus pensamentos seria A Hecatombe.

- Então descanse hoje e vá à luta amanhã. E ligue todos os dias para nos relatar seus passos.

- Quer dizer que serei vigiada à distância?

-É isto mesmo. Tenha uma boa noite, minha filha, e repense seu comportamento.

Desliguei o celular, com ânsias de atirá-lo contra a parede. Eu queria matar minha irmã. Traidora!

Leia os capítulos anteriores no blog www.patidreams.blogspot.com e descubra porque o amor de Pauline e Nando tem tudo para terminar em pizza!

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 12/08/2012
Reeditado em 12/08/2012
Código do texto: T3827098
Classificação de conteúdo: seguro