Vestida de flores
Naquela manhã o sol nasceu tímido, a brisa apresentara-se amena, árvores desfolhadas mostravam sua beleza e os Ipês douravam a paisagem.
Jacatirões e Manacás da Serra, floresciam em explosão , paparicados com os circulantes voos de borboletas.
Os campos floridos de Chuvas de Prata,Margaridas, Begônias, Celósias e Bocas de Leão encantavam o cenário incomum.
Os viventes respiravam os leves ares da estação.
Da capelinha o badalar dos sinos anunciava a primeira santa missa dominical.
As andorinhas revoavam entre as torres da casa de Deus e pousavam nos fios elétricos ainda umedecidos pelo orvalho.
O padre devidamente paramentado dava início ao santo e sagrado ofício.
Meus pensamentos entorpecidos levaram minha alma ao no nosso quintal, brincando de roda contigo e com as crianças.
Em dado momento voltei à realidade:
“Olhai os lírios do campo, como são belos, eles não trabalham e nem fiam. No entanto, nem Salomão em toda a sua gloria se vestiu como qualquer deles.”
A mente bloqueou e senti alguém me pegando pela mão.
Então ouvi as amargas palavras: - convido os fiéis a conduzirem o caixão funerário à sua última morada.
Seguindo o féretro, as pessoas murmuravam frias e inaudíveis orações.
O caixão foi colocado sob os travessões no túmulo.
O Padre persignou-se mais uma vez, e antes de encomendar o corpo ao portal celeste, olhou para os céus.
No galho de uma Araucária no alto do morro pousara um Sabiá que pôs-se a cantar.
Seu canto tristonho parecia dar-te o último adeus.
Por instantes os presentes ficaram extasiados com o cantar.
Logo a seguir o Padre prosseguiu com o ritual fúnebre.
Eu e nossos filhos estávamos velando por ti neste triste belo dia.
Estavas vestida de flores, ainda era inverno em nossos corações, mas tu sorrias iluminada, envolta de primavera.
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