MARA, AMOR E SEDUÇÃO

Os sinos da igrejinha repicavam alegremente naquela manhã bonita de domingo, numa cidadezinha do interior. Da janela do primeiro andar de um casarão antigo, pertencente a uma família que me acolhera tão gentilmente, eu observava a natureza, as pessoas circulando, algumas em direção a igreja para a missa dominical, outras para diversos afazeres, ficando admirado com a simplicidade daquele lugar, diferente da vida agitada da cidade grande. O toque dos sinos soava como um cântico para meus ouvidos e quase não dei conta de que Mara estava bem atrás de mim. Me abraçou sutilmente e segurou firme, não dando chance de me desvencilhar de seus braços. Fiquei sem jeito, pois não queria aquela situação, já que ela era a irmã da anfitriã e eu a respeitava bastante. Estava decidido a ir embora no dia seguinte apesar de dona Mercês e seu Vicente insistirem para que eu ficasse mais alguns dias.

Estava de férias e fora conhecer aquela cidade, onde o clima era agradável e as pessoas muito simpáticas. Não havia encontrado vaga nos dois únicos hotéis ali existentes, fiquei triste com isso, já me preparando para retornar, quando a gentil senhora, dona dos hotéis, depois de uma franca conversa, me convidou para ocupar um aposento no casarão de sua propriedade, com autorização do seu esposo. Dona Mercês e seu Vicente conheceram meus pais há muitos anos, quando moravam nessa cidade, época em que eu ainda não era nascido e eles eram crianças. Fiquei meio sem jeito mas aceitei o convite.

Chegando ao casarão fui apresentado aos demais membros da família e Mara foi a única que se aproximou e apertou minha mão. À noite o jantar foi servido e eu me senti paparicado e ao término resolvi dar uma volta pela cidade. Mara simulou que iria resolver algo e decidiu me acompanhar. Nos tornamos bons amigos e os dias foram passando. Certa noite eu já me preparava para dormir, mas antes fui até a cocheira para tomar um pouco de ar. Mara surgiu e me direcionou um olhar malicioso. Eu já desconfiava de suas intenções e fiquei preocupado, dona Mercês poderia descobrir tudo e eu ficar em maus lençóis. Porém o instinto foi mais forte e não resisti ao seu abraço, tendo a lua como testemunha. Nos beijamos e foi impossível evitar que fizéssemos amor ali mesmo. Sinceramente, eu me encantei com ela, mas queria evitar a falta de respeito com sua irmã, que gentilmente me acolhera ali.

Pela manhã acordei com o sol batendo em meu rosto e uma batidinha na porta do quarto. Estranhei mas abri a porta, me deparando com Mara, que entrou imediatamente, fechando a porta. Disse que todos haviam saído e que não me preocupasse. Fizemos amor com muito tesão, descendo em seguida para o café. Tinha tomado o último gole quando dona Mercês e seu Vicente chegaram. Haviam ido ao centro da cidade para a compra de alguns mantimentos. Me cumprimentaram e receberam um sorriso.

Mara não quis me largar naquela véspera da minha partida. Eu estava preocupado com a situação e ela não queria que eu fosse embora, ameaçando até ir comigo. Eu não sabia o que fazer. Ela se acostumara a invadir o meu quarto à noite, nós nos amávamos intensamente, mas isso me deixava com um sentimento de culpa. Fui forçado a prorrogar a minha ida para a cidade grande, mais por dona Mercês e seu Vicente do que por Mara. Eu já estava exausto de tantas noites com Mara, me deliciando com o seu corpo sedutor, mas tinha que retornar para casa. Foi com muito esforço que consegui, prometendo voltar o mais breve possível. Mara concordou.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 31/07/2012
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