Amor de cinco minutos

Enquanto esperava meu café esfriar, sentado no banquinho do balcão, vi uma mulher. Ela usava um laço de fita, um lindo laço de fita, tão vermelhos quando os seus lábios, doces e cálidos.

Prendiam os seus cabelos suavemente.

Ah... E como eram claros e longos os seus cabelos, tão lisos e brilhantes que chegavam a refletir a luz matutina que atravessava a janela ao lado de onde sentava. Eu a olhava deslumbrado.

A fresta da janela deixou um sopro de vento da rua passar por ela, tocar um pouco seus cabelos e trazer-me seu cheiro, tão doce quanto os morangos que ela separava no seu prato. Eu respirei fundo para pegar o máximo daquela brisa pra mim.

Ela comia algum tipo de torta coberta de morangos que haviam deixado para ela pouco antes de eu a ver, mas ainda estava inteira.

Ela cortou um pedaço com movimentos tão leves quanto o de uma bailarina, ou uma pintora talentosa e o levou a boca, um pouco entreaberta esperando o pedaço... Que ela recebeu quase que com um beijo. Tive uma vontade incontrolavel de falar com ela, puxar algum assunto, aproximar-me. Apoiei no balcão para me levantar, mas sentei de novo. Ela nao me percebia.

As cores do ambiente além da janela se apagavam perto dela, só as suas cores existiam, e as outras eram apenas do seu reflexo. Seus olhos verdes, lindos e vivos, sua pele branca de delicada... As cores do mundo estavam ali, vinham dali. Eu tinha de falar com ela.

Tomei forças e cheguei a levantar da cadeira e esquecer meu café, dei os primeiros passos em sua direção. No meio do caminho nossos olhares se encontraram por poucos segundos e percorreu-me uma corrente elétrica que me fez pensar," O que eu falaria, porque ela responderia? Nem mesmo seu nome eu sei... Sou um completo estranho." dei meia volta e sentei-me de novo a observa-la.

Que tolo... De nome ela nao precisava, definia-se por si só.

E enquanto eu a olhava e divagava naquele balcão de restaurante, eu a desejei calado, e entristeci-me.

Ela pegou um guardanapo que estava numa caixinha sobre e mesa e o levou a boca para limpar um pouco de glacê no canto, já nao havia mais nada em seu prato, só alguns morangos que ela havia separado e comida enquanto esperava a conta. Até que o garçom chegou e ela pagou, juntou suas coisas não deixando nada sobre a mesa, que eu pudesse usar como desculpa para revê-la. Levantou-se e foi embora do restaurante e da minha vida pra sempre.

Seu nome eu nao sei. Nem se a veria de novo.

Sentei-me calmo e peguei a minha xícara. Tomei o meu café.

Cadu Guerra
Enviado por Cadu Guerra em 26/07/2012
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