Meu primeiro amor
Durante anos eu revirei redes sociais, MSN, fotos e arquivos da escola ( cheguei até pegar emprestado uma foto dele), procurando pelo pequeno rapaz. Magro, moreno, sorriso encantador e misterioso. Dentes fartos, num a boca linda e que não me queria perto dele.
Bem, eu não saberia detalhar a história pois já se foram 16 anos por essa vida e muita coisa foi perdida pelo tempo e rascunhos de meus meros devaneios. Voltando meu pensamento no dia que cheguei ao antigo Educandário, via esse garoto por lá. Formamos juntos no pré , participei como “sombrinha” as águas do mar, foi lindo. Minha mãe sempre dedicada me arrumou de uma forma impecável.
Ele foi o “FLITZ”, um menino diferente que não tinha amigos, pois era diferente, vivia num lugar estranho. A roupa que ele usava era meio transparente, e naquele momento eu sentia pela primeira vez o desejo, o desejo puro e nobre do amor.
Não me recordo se durante as séries inicias fomos colegas de sala. Mas eis que na 4ª série
( quando minha vida mudou, meus pais se separaram ) fomos da mesma classe.
Imagine vida a minha reação quando o vi dentro da sala. Tento imaginar como foi aquele ano de 1996, mas infelizmente as recordações são vagas, eu tinha apenas 10 anos. Adorava comer pimenta com meus enormes sanduiches.
Numa segunda- feira porém, não sai com meus pais, dei a desculpa que tinha um trabalho de português para terminar, separei com carinho as mais lindas cartinhas da minha coleção de Amar É... Sucesso da época. Dedilhava ali meus sonhos e meu amor.
Sim vida minha, pela primeira vez eu sentia o amor brotar no meu peito e exalar sua magia. Assim que passei cola no envelope, eu senti que a partir dali eu sofreria muito no amor. Não saberia explicar, na época como, mas hoje tudo se encaixa. Lembro até que balbuciei isso alto e meus pais chegaram em casa. Escondi a cartinha e no dia seguinte eu fiz com que a carta chegasse nas mãos dele, creio que pedi alguém da sala pra entregar, na aula de matemática.
Essa foi, realmente a primeira de muitas desilusões que tive , dilacerou meu coração. “As letras miúdas escritas rapidamente naquela carta dilaceraram meu coração... ” NÃO QUERO NADA COM VOCÊ, ME DEIXE EM PAZ.” LÁGRIMAS AINDA ROLAM PELA MINHA FACE QUANDO LEMBRO DESTE FATO.
Mas enfim, a vida deveria continuar e meu mundo apenas desabou.
Um certo dia uma colega de classe me afogou e o próprio me salvou... O moreno de cabelos esvoaçantes... Um dia ele caiu jogando bola, mordeu a língua e ficou dias sem ir a aula. E lá foi eu, ajudar, conversava com a mãe dele pelo telefone e de alguma maneira a metéria chegava na casa dele.
Cômico se não fosse real.
Como ele jogava bem, corria de um lado a outro pela quadra na velocidade da luz. Eu preferia o ver jogando a jogar meu adorado vôlei.
Ah mas como me magoou esse garoto... Suspirando feita a Rose em TITANIC, fui motivo de zuação da turma. As meninas mais bonitas que eu num passe de mágica passaram a gostar dele...
Mas enfim, eu já sabia que ia ser assim.
Retomando do ponto de partida desta inusitada lembrança, procurava- o feito agulha no palheiro... Mas como o mundo é um ovo de codorna cozido, eu o encontrei.
SIM, mas não foi no colégio para o qual ele se mudou em 1997, sim vida, até isso eu fiz, ia com minha tia buscar meus primos e aproveitava para tentar ver aquele moreno. Anos depois numa palestra que fui a serviço, no mesmo colégio, tentei encontrar algum vestígio dele, mas nada... Queria ao menos saber se ele ainda era vivo.
A esperança é como o vento no litoral, constante.
Todos que creem alcançam seus sonhos, sendo da vontade de Deus, eles se realizam.
Eis que após algumas tentativas, uma conversa super natural surge aos 28 dias de janeiro de 2012. Uma tarde de sábado vazia, eu navegava perdida pela net. Quando a janelinha com um oi e meu nome surgiu, não pude acreditar. Eu corria pela casa para contar minha mãe, alguém precisava saber o que se passava comigo naquele instante, que parecia ser mágico.
Eu não estava crendo naquilo, tremia, suava muito. Mas era real, foi mais real ainda quando deixei o medo de lado. Quando vi aquele homem formoso diante de mim, falando coisas que eu jamais imaginaria ouvir, tive a certeza que nessa vida, pra qualquer coisa, basta ter PACIÊNCIA!!!
Bom, se foi um sonho que eu tive, sonhei que ele veio até minha casa num gol prata, onde tocavam músicas do Nação Zumbi se não me falha a memória. Sem contar que me arrumei feito jato, tive 30 minutos, imagina só isso me separava dele agora.Eu duvidei, mas se era sonho, ele veio mesmo.
Percorremos as ruas de meu bairro, conversando, e ele fala que veio algumas vezes na padaria perto da minha casa. Surreal imaginar que poderia ir comprar pão e encontrar com ele, rs.
Paramos numa das ruas, uma penumbra instigava minhas ideias, um cheiro diferente exalava no ar, eu tremia e me encontrava hipnotizada por ele, novamente.
Relembrei a história da carta pra ele que disse ”ERA VOCÊ..” Sorriu e num segundo me beijou, o beijo durou a mais linda eternidade de minutos que eu poderia cogitar.
Qualquer palavra que eu tente usar para descrever o momento não seria suficiente.
Eu sentia o amor entrar, aquele amor de menina recolhido n’alma.
Eu queria me render aquele homem que agora me tinha em seus braços fortes, mas eu não deveria, não podia. Talvez, nunca saberei.
Infelizmente depois aquele momento não tivemos oportunidade de nos encontramos pessoalmente mais.
Será que tudo não faz parte da minha imaginação? Encontrar com ele novamente?
Não sei vida minha. Eu desisti de procura-lo. Já joguei minha sorte ao vento uma vez e ele me devolveu agulhas no coração. Hoje eu levo meu destino nas minhas mãos.
Que a vida não me seja dura novamente, mas se for que eu tenha mais uma chance, de fazer ele feliz.
Quem sabe é esse amor que a vida me reserva, o meu primeiro amor.