ENCONTRO COM A MORTE

Dani olhou o relógio e percebeu que estava atrasada para um encontro, havia dormido demais, tivera um sonho bastante agradável e não escutou o despertador do celular depositado na cabeceira da cama. Nem soube explicar porque despertou tão bruscamente, talvez seu instinto mesmo adormecido a tenha trazido para a realidade. O sonho tinha a ver com a noite anterior, quando participou de uma festinha com amigos, tendo se excedido um pouco na bebida ao lado de Teo, um rapaz que conhecera naquela noite tão cheia de encantamentos.

Priscila era sua amiga de faculdade, estavam sempre juntas, adoravam curtir a vida da melhor maneira possível. Ela a tinha convidado para uma festinha regada a bastante bebida e petiscos, pois tratava-se da despedida de solteiro de um amigo, iria casar nos próximos dias. Conhecera Teo, um amigo do despedinte de solteiro, um rapaz que morava em outra cidade, o qual fora convidado para a festa e que logo se engraçou de Dani, tendo ambos ficado sempre juntos, despertando a atenção dos demais amigos, já que ela era uma pessoa um pouco reservada e pouco namorava, apesar da vida agitada que levava. Após algumas doses foram para o jardim, onde praticamente se iniciou um namoro. Beijos ardentes não faltaram, além de trocas de carícias. Dani estava vivendo uma noite como nunca imaginou. Voltaram depois para junto dos outros amigos, dançaram e no final da festa marcaram um encontro no dia seguinte, já que ele viajaria à tarde para sua cidade de origem.

Dani tomou um banho rapidamente e tomou seu café. Estava com um ar bem alegre, apesar da preocupação com a hora, pois o relógio já marcava dez horas da manhã. Preparava-se para sair quando a cigarra tocou. Abriu a porta e deparou-se com sua amiga Priscila, em prantos, além de mais dois amigos. Dani empalideceu com aquela cena sem imaginar o que teria acontecido. Foi então informada que um grave acidente de carro havia vitimado Teo, que falecera no local. Dois outros amigos ficaram em estado grave mas não corriam risco de morte.

Traumatizada, Dani apenas foi visitar os amigos hospitalizados, enquanto o corpo de Teo era transportado para sua cidade por familiares que vieram prontamente após o fato. Nessa noite ela não conseguiu dormir, seu pensamento estava em Teo, naquela noite que jamais irá esquecer, pois será a melhor noite da sua vida por nunca ter experimentado momentos como aqueles, os quais poderiam mudar o rumo dos acontecimentos na trajetória que seguia. Chorou bastante, sentiu sua falta, já o tinha como uma pessoa que iria viver ao seu lado, iria até transformar sua vida.

Passados alguns meses Dani ainda não havia se recuperado desse trauma, sonhava bastante com ele, sempre mostrando aquele sorriso e aquela alegria que lhe eram peculiares. Acordava sobressaltada e chorava, muitas vezes sem acreditar no que aconteceu, imaginando estar sonhando, querendo a todo custo acordar desse sonho que teimava em pensar que existia. Pouco procurava os amigos, passando a se isolar de todos, inclusive da família.

Certa noite Dani teve um sonho impressionante. Teo a convidava para um encontro, pois estava precisando muito falar com ela, queria vê-la e sentir o seu perfume, marcando hora e local. Dani acordou pensativa, já havia se acostumado a não mais chorar, mas mantinha a mesma tristeza, sabendo que o destino assim quis. Não havia dado muita atenção ao pedido de Teo no sonho, achava que era coisa de sonho, ela era quem fantasiava aquela situação. Porém algo a impulsionou para ir ao encontro, talvez alguma coisa acontecesse, poderia sair da rotina, da solidão.

Lá estava ela indo ao encontro e chegando no local não viu ninguém, a estrada estava deserta e se sentiu uma tola, estava dando ouvido a bobagens. De repente ela viu do outro lado da estrada, próximo a uma árvore, a imagem do seu querido Teo. Sem vacilar, abriu um largo sorriso, gritou seu nome e correu ao seu encontro. Não viu um carro que surgiu em alta velocidade que colheu seu corpo, jogando-o a vários metros de distância. Não deu tempo sequer de um gemido. Sua cabeça rodou e ela percebeu que não sentiu nenhuma dor. Um vulto se aproximou e lhe abraçou ainda no chão. Levantaram ambos num abraço afetuoso.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 17/07/2012
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