Ximelly
E assim foste, deixando meu peito em convulções e o meu coração a palpitar, batendo a alta velocidade. Não chegamos a amadurecer a nossa relação. Nosso amor morreu em bruto, prematuro, virgem, um diamante por lapidar. Do plural passei a singular e aqui fiquei.
Não sei como me refaço dos escombros, das cinzas, não sei o que faço das lembranças. Eramos juntos na injenuidade das traquinices, amamo-nos louca e ingenuamente, profundamente cegos de nós mesmos sem nunca termos pensado na acidental morte em tenra idade.
Vejo-te na ingenuidade dos meus sonhos, imagino teus lindos contormos, penso no destino que teríamos tido sem a súbita barreira da morte. E tu foste lenta e vagamente, provavelmente a viagem tenha sido fácil, mas a saudede é forte e pesada, não me esqueço do teu sorriso, do teu jeito calmo e sereno, longe da vaideda feroz no amor, nos beijos e abraços, feroz no olhar e dona de sí e de mim.
Esteja onde estiver estaremos juntos, pois este amor faz mais sentido hoje que dou mais valor a vida, hoje que tenho a noção do poder do amor, do afecto, do carinho e da lealdade.
Há muito que se diga, mas que direi eu para além do silêncio, as parcas lembranças que levo são vagas, giram em torno dos jogos no jardim, das tranzas no escondidinho e dos calafrios quando estavamos de mãos dadas.
Não sou poeta, pudera eu ser para arrancar as palavras do meu peito e descrever com grafemas maiores os sentimentos que trago, se eu fosse pintor, pintava com todas cores naturais a natureza do nosso amor ainda adormecido e cantar com voz e melodias divinas as letras do meu sentimento.
Mas, sou feito silêncio, o silêncio da pedra, da montanha por vezes solitária. Parte de mim se partiu e partiu pra nunca mais voltar residindo em ti.