Mitologia de duas almas
E numa noite quente e fira ao mesmo tempo...
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Dezembro não sei onde, mas aqui, um tormento de calor e vazio.
Contaram uma vez, que duas almas que já estiveram também não sei onde nem quando,
mas que se olharam e deram as mãos prometendo que não seria uma eterna despedida...
E por fim, quis o destino de cada uma que viessem separadamente em tempos errantes e perdidos no universo
do espaço de cada uma, pois que um dia o cosmos havia prometido um reencontro que se daria em tempo
indefinido.
Uma das almas nasceu em corpo de mulher, mas seu ser guardava adiante, na vida futura as nuances de quem amou
uma outra alma feminina mais que a si mesmo.
Essa nasceu primeiro, após a outra ter prometido lhe dar as mesmas mãos, mas em cores, perfumes, palavras e tempos diferentes.
Seu olhar seria o mesmo , prometeu.
A alma que nasceu primeiro vagou sobre flancos de cavalos e sons de violinos lamentosos.
Me reconhecerás pelo olhar...
E a alma se foi, sumindo em pensamento, e brumas de silêncio, sem muita vontade.
E uma vez aqui vivendo, ela olhava sempre pra janela vazia do coração, como se contemplasse
uma curva do caminho por onde a alma esperada viria...
E passaram-se poucos anos no espaço das almas, pra essa outra alma se banhar num corpo também de mulher
e nascer para uma face do infinito, na terra, e um dia olhar
no espelho do coração, seus anseios por ver o que havia prometido a sí...
Encontrarei onde e quando o que resta de minha vontade e desejo amoroso?
Disse ela em sonho a uma sombra que lhe disse;
Tu és a gêmea de outra gêmea também...
E num verão que mal se inciava, após 36 anos, essa alma já madura foi chamada
pela outra que sozinha a procurava seme saber em que bosques perfumados de saudades e silêncio encontraria a alma que aqui ja estava.
Dizia o que não sabia, e sentia a ansia de cada polegada do corpo desejar um toque seu, alma tardia, mas
que no amor atento e prometido,
se deu o possível e prometido reencontro, por olhares e aspirações num só abraço...
O primeiro de um verão dessas duas almas femininas, que outrora foram não sei se homem ou mulher,
mas corações amantes e partindo sem querer...
E num reconhecimento, deram-se as mãos que nunca quiseram se separar.
E as peles se envolveram sem perguntarem-se quem eram, mas colocando sobre si a dose mais pura do amor deixado tambem não sei onde...
Mônica Ribeiro
12/06/2012