::: Apenas Ame - Cap. 2 :::

"E talvez partirei

Para esquecer

Para te esquecer"

-Per Dimenticare - Zero Assoluto.

AS IMAGENS, DE REPENTE, FICARAM EMBAÇADAS. Vi milhões de pontinhos negros em espirais no meu campo de visão, que naquele momento, era um tanto limitado. O mundo estava de cabeça para baixo e meu rosto ardia nos locais onde as pedrinhas do estacionamento pressionaram a pele. Fechei os olhos deixando surgir uma lágrima, um enjoo crescente pungia no meu estômago e eu não consegui me mexer. Senti um braço forte me levantando e me carregando até o refeitório, ouvi zumbidos, mas era tudo muito distante, desfocado e sem sentido que eu não fiz força em entender.

-Pam? Pam? Olha pra mim...

-O que aconteceu Jorge?

-Pam? Você está me escutando?

Abri os olhos lentamente e vi uma roda de pessoas conhecidas me envolvendo, preocupadas. Os olhos arregalados me observavam com cautela. Senti que minhas pernas tremiam, encostei a cabeça no encosto do sofá no hall antes do refeitório e ouvi Jorge pedindo passagem no meio da multidão.

_Pam... Pam... Você está bem, o que aconteceu...?

_Eu.. E-eu tô bem Jor-rge... E-eu...

_O que? - Ele me deu um copo e me fez beber todo o líquido amargo que tinha dentro - Você não está nada bem, vou te levar no médico.

_Não. - Puxei a manga de sua camisa, eu detestava médico, só queria mesmo era ir para casa e deitar - Eu tô bem, só me leve para casa...

-Tem certeza? - Me analisou - Você não parece bem Pam. Vamos no médico rapidinho aí te levo para casa... hein?

Apertei os olhos e neguei com a cabeça, ainda tonta. "Só para a casa!", sussurrei entre meus pensamentos. Jorge me deixou no apartamento e me acompanhou até meu andar. Fez questão de me esperar tomar banho e se certificar de que ficaria bem. Na verdade, eu estava com um pouco de medo. Nunca havia me sentido assim.

Terminei de colocar meu pijama e notei Jorge sentado na poltrona, em frente a TV. Ele me olhou dos pés a cabeça, da cabeça aos pés e arqueou uma das sobrancelhas.

_Pam... - Ele disse, categoricamente - Por favor, me diga que não está grávida.

Olhei incrédula, mas depois soltei uma gargalhada que fez doer a minha cabeça.

_De quem? ... Do Edgar? Sério? Aff Jorge... Nem vou te responder...

_Tudo bem, ninguém iria querer ficar grávida daquele irresponsável...

_Né?

Silêncio. E nos entreolhamos.

_Não, sério... Você não está...

_Não! - Falei sentando no sofá ao lado da poltrona - Claro que não! Eu saberia se estivesse... Não é?

_Acho que sim, quer dizer... Não sei Pam, nunca fiquei "grávido"...

Comecei a rir e acompanhei ele até a porta. Quando Jorge foi embora, sentei na poltrona e liguei a TV em um canal de música. "Zipzapeei" os canais enquanto pensava no que estava acontecendo. Será que eu estava grávida... Do Edgar? Argh, não! Não mesmo...

_Alô? Oi, por favor, queria marcar uma consulta com o Dr. Fernando, ele está disponível?

...

_É, amanhã, bem de manhãzinha... Tem como?

...

_Sei, uhum, tá ok! Pode ser... Ás sete então... Não demora muito não, né? .. Ah tah.

...

_Obrigada. tchau!

Amanheceu frio e peguei meu casaco preto que adorava. Foi então que li o bilhete preso no microondas. Droga! Eu detesto médico, mal sabia que aquela manhã minha vida iria mudar de uma forma intensa e impensável.

Uma notícia, da qual eu não esperaria.

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 25/06/2012
Reeditado em 27/06/2012
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