Yeva

Seu corpo estava pronto.O vestido vermelho cobria quase que até o pescoço o corpo de cera branca e morna,e também se estendia por um pedaço do chão d emadeira tão escura,que já não se sabia se fora sempre assim,ou apenas era mais uma evidência da antiguidade daquela cabana.

"Seu corpo está pronto" pensava ele,"Seu corpo esta pronto!"Quase,faltavam seus olhos,seus lindos e verdes olhos,tão verdes e tão belos quanto os abetos que cresciam mais que a cabana(pois eram mais velhos até mesmo do que ela) em seu jardim selvagem,ou em seu bosque doméstico.

Os olhos dela eram como uma droga que o0 viciava e mesmerizava de uma forma irresistivelmente atraente,era como se elas fossem tudo.Sua visão,seus sentimentos,a sua alma...

"Eu nunca poderia retrata-los como realmente são,é impossível"torturava-se Ivan diante de sua criatura,eram 1,68 metros de puro mistério de pura incógnita,e seus olhos erma como uma charada,pedindo para serem descobertos.

"Yeva" Dizia ele,Yeva sim,porque Yeva é vida,e a vida,a alma e os sentimentos de Yeva eram seus olhos,mas como viveria Yeva sem sua vida,sem seus olhos?E como viveria Ivan sem Yeva,sem sua Yeva,sem sua vida?Era preciso acabar com aquilo.Pinta-se logo duas esferas verdes e pronto!A final que importam os olhos de uma estátua,uma estátua tão perfeita dos pés á cabeça,ou da cabeça até o limite dos olhos?Dos olhos ou da alma?Da alma também,por que suas janelas são os olhos,e os olhos de Yeva eram duas janelas de um cristal limpo e misterioso,no qual qualquer um tinhão prazer de se afogar,mesmo que fosse por alguns segundos,porque os olhos de Yeva afundavam de uma forma discreta de uma forma mansa,de uma forma irresistível,quando se notava afundado,já se estava novamente em pé sobre a superfície e diante da sereia que não encanta com a voz,mas com a alma.

E fora assim,após alguns eternos segundos,que Ivan retorna á superfície e percebe que nunca,nem que retirasse seus próprios olhos(que não eram verdes abismos como os de Yeva) e os colocasse em sua "madona de cera" não seria capaz de ser-lhe fiel.Ela ficaria assim,sem olhos,sem alma,sem vida,sem si.

Yeva era perfeita,a Yeva das telas,dos cartazes,das cenas de amor em preto e branco (em cores a quase dois anos) Ah! as cores.As cores foram grandes aliadas,ou seriam grandes inimigas.Agora até mesmo por uma tela Yeva afogava,conquistava,mas tirava toda e qualquer atenção do filme,dos homens que antes só iam vê-los puxados pelas esposas sedentas do amor que a muito não tinham.Agora porem vinham, para se afogar,para morrer e renascer em um mar verde e cristalino,morno e doce,doce e fatal.

Ivan sabia que sua Yeva de cera quente(agora fria,sem alma,sem vida,sem si.) Nunca seria como a dos amores,das telas e dos doces suicídios momentâneos.Mas seria ela Yeva?Um conflito o destruía pro dentro,uma raiva também.O consumiam como o fogo consome a vela,como o fogo consome a cera,como os olhos de Yeva consumiam os homens,consumia a ele próprio,consumiam a ele próprio aliás.Consumia a raiva,consumia Yeva e consumia o fogo.

As chamas não consumiam somente a cera pensava,consumiam a carne também,consumiam de uma forma dolorosa e demorada,amarga e quente.Não era doce como era o consumo de Yeva,nem rápido nem prazeroso,mas era quente,e somente esse calor consumia Yeva,somente esse calor consumia a vida também,porque Yeva é vida e vida,e vida é morte,

Diogo Machado
Enviado por Diogo Machado em 16/06/2012
Código do texto: T3727363
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