Nosso oásis de amor
Hoje a tarde me lembrei de você.
Fazia um sol lindo, dia típico de verão, quente, sensual. A atmosfera carregada de desejos, e os corpos suados, transpiravam sede de viver. As pessoas estavam mais bonitas, mais tranquilas, caminhando com aquela suave alegria do ''fazer nada'', sorrindo sorrisos tranquilos e inesperados.
Eu caminhava devagar,contemplando a cena, que mais parecia ter saído de algum quadro,de algum pintor feliz, que com seu pincel brinca com as cores e suas mil faces. Acontece que esse pintor se esqueceu de algum detalhe nesta tela.
De onde estava, da minha solidão pesada e sufocante, sentia todas aquelas belezas como algo opressivo e hostil à minha triste condição. Como pode toda essa infelicidade em meio a tamanha maravilha da natureza?
A vida é irônica, com nós simples seres humanos, em nossa incapacidade de entender os rumos sem sentido que ela, impiedosamente escolhe pra nós. Não compreendo o que me aconteceu, e acho que nunca compreenderei. De onde estou eu vejo os rostos iluminados, os olhares apaixonados e choro por tua ausência. Choro compulsivamente com a impaciência de uma criança frustrada e a angústia dos que tem a certeza da perda.
Não entenderei por que quis o destino nos unir, para depois nos separar. Não esquecerei os momentos, os perfumes, as palavras. As noites de verão em que no meio de um deserto desconhecido, fazíamos do nosso quarto um oásis de prazer. E ali deliciosamente misturados formávamos uma estranha alquimia, de cheiros e gostos, corpos suados, química perfeita, de uma louca paixão.
Eu desejei, eu quis.Eu juro que quis, do fundo do meu coração, quando de olhos fechados, no silêncio do nosso êxtase, enlaçada em teus braços, eu desejei permancer eternamente assim. Sonhei um sonho lindo, de paz e cor, de amor pra nós. Por um segundo, um instante mágico, vislumbrei um futuro lindo, nosso, onde morávamos eu, você e nossa vontade de sermos um do outro para sempre.
Pra sempre! Isso não existe. O pra sempre nosso foi tão intenso, e tão curto! Me deixou tantos desejos suspensos, sussurros não ditos, silêncio em mim.
Não aceito essa condenação, essa sentença. Estou presa no passado e as grades da distância não permitem que alcance você. E eu grito, grito sem ser ouvida. Você nao virá. Não quero a morte, porque ela seria o fim. Eu quero viver. Viver sempre, lutar sempre e buscar você, a minha felicidade. Quero mudar esta tela, consertar o equívoco de um artista distraído. Fazer desta pintura uma obra-prima, cheia de sorrisos acalentados pelos doces acordes de uma multidão.