Uma mulher diante de si.

Ela se olhou no espelho mais uma vez.

Não era feia. Tudo bem, já não era tão nova também. Contemplou seu rosto mais de perto. Havia algumas rugas. Não muitas para uma mulher da sua idade, mas o suficiente para deixá-la insegura.

Estou envelhecendo-pensou. Os cabelos refletiam um brilho castanho escuro contra a luz, e seus olhos ainda conservavam a doçura e a curiosidade de sua juventude.

Diante do espelho havia uma outra mulher, e o reflexo dele obtido, mantinha aprisionada a imagem que ela gostaria de apagar. A prova concreta de que o tempo tinha passado, e com ele,seus sonhos.

Mas ela estava ali. Viva e, de certa forma,bonita. A vitalidade não morava numa forma mais perfeita de seu corpo,mas sim, na sensualidade inata que todo ele exibia. Isso os anos não apagaram.

Deixou sutilmente a toalha cair, e devagar admirou os traços de uma nudez tímida, de uma mulher que se envergonhara muitas vezes de si mesma. Mas agora não havia constrangimentos.

Ela se aceitara como era,verdadeiramente.

Olhou o belo e jovem rosto do rapaz na cama,ainda adormecido. Os lençóis desarrumados caiam ao redor, sobre as roupas atiradas ao chão. Ele é realmente lindo-ela disse a si mesma.E mais uma vez se perguntou o que estava fazendo, que devia estar ficando louca, admitindo uma relação tão condenada antes mesmo de acontecer. A sociedade jamais aceitaria. Ele pode ser meu filho.

Mas nada havia de maternal em seus sentimentos. Havia somente o instante,de magia e emoção, de paixão e de luxúria, onde se entregavam ao outro urgentemente, onde ela deleitava nesse prazer proibido, mas também tão esperado. Encontrara nessas carícias aquela sensação esquecida , que só o desejo puro e instintivo pode proporcionar.

Olhou-o mais de perto. Quantos anos tinha? Vinte e cinco-dissera. Era impetuoso e atrevido, mas carinhoso. Seu corpo forte e másculo, de uma pele cor de mel, suavemente dourada pelo sol, faziam um lindo contraste sobre o tecido branco que o cobria.

Ele disse que a amava. Ela também o amava.

Sentou-se ao seu lado, e ficou assim, quieta. O silêncio daquele momento falava mais que qualquer palavra. Tudo já havia sido dito em sussurros e gemidos,em toques e abraços.

Estava ali apenas. Sentindo o coração pulsar descompassado, e a boca seca de um medo sem por quê, um querer adolescente.

Sorriu pra si mesma quando o ''estranho'' abriu os olhos, como um anjo despertado. Já não havia mais o tempo. Ela era apenas uma garota, com os seus dezoito anos, redescobrindo a arte de amar.

Izzie
Enviado por Izzie em 10/06/2012
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