Vítima de sí
Desde sempre precisava se provar, precisava que tivesse uma característica extraordinária, queria ser extraordinária. Por tempos tornou-se inteligente, não como característica real, mas como fantasia que vestira. A idéia era fazer que os outros acreditassem nela. Falhou a inteligência, uma prova e a mascara havia caído. Por isso tudo começou, ela queria, precisava se provar ante a qualquer outro aspecto.
Beleza quem sabe? Pensou nisso assim que o conheceu. Anteriormente fora muito julgada por isso. Ela era feia. Segundo a opnião do grupo de pessoas com quem convivia. Mas não era feia como ele. E foi isso o tornou um alvo: ELE ERA FEIO.
Aquele fato começou a alegrando, ele era amigo de uma amiga de infancia, o ambiente escolar era novo e de agora em diante iria pegar o mesmo caminho, no mesmo horário, para ir ao mesmo lugar que ambos: a amiga de infancia e o menino feio. Parecia quase inevitável a convivência. E ele ser feio fazia-o ser possível . Queria se provar novamente, pra ela talvez pros outros. Seria uma prova fácil, era pra provar que era bonita ou interessante. Se a prova concretizasse sim ele estaria abaixo dela e ela seria melhor do que ele, então poderia procurar um alvo mais complicado.
O plano era conquistá-lo, sem que ninguém percebesse.
E foi assim que tudo começou. Aquele momento desgraçado da sua vida por não ter provado sua inteligencia foi passado, para provar que poderia conquistar alguém.
Primeiro passo era se aproximar, o garoto foi apresentado com um apelido, mas ela o chamava pelo nome. Decidiu que chamá-lo pelo nome mostraria respeito e por isso o fez. Andavam a três, ainda tinha a amiga. Começou conversando mais com a amiga, precisava ser natural e quando era falava pelos cotovelos e isso era fundamental pra um início fácil de amizade. A forma que encontrava de ser natural, de um modo um pouco mais plastificado sem sustos, era fingindo que o conhecia a anos. Queria provocar-lhe a sensação de confiança quando alguém conhece outra pessoa que lhe parece caso antigo.
Então começou contando causos da própria vida. Fazia isso de forma que se tornava muito engraçada, e bom humor torna as pessoas atraentes. Já tinha ouvido dizer que pessoas tristes atream pessoas tristes e pessoas felizes atraem pessoas felizes. Então adaptou-se ao meio e tornousse uma pessoa engraçada contadora de causos.
Ele ria contava outras coisas ele estava caindo, ser engraçada funcionava.
O investimento era a longo prazo mas tinha que ser preferencialmente em seis meses. Porque prestaria nova prova de inteligencia nesse tempo e aí talvez os dois se afastassem.
Fez parece interessada somente na sua amizade, deixava a amizade pura clara utilizando um falsa ingenuidade, o tocava como se fosse um irmão. Abraçava-o forte e as vezes deitava a cabeça em seu ombro, era uma aproximação sem medo, o que tornava a crer que não havia nenhum tipo de atração, eles eram tão irmãozinhos que abraços fortes não os intimidavam. Nem sequer pensavam em algum tipo de atração. Como disse ingenuidade falsa. Ela sabia que provocava atração em segredo na parte dele. Só que essa era só e unicamente um parte de todo o processo. Ela também planejava as conversas, todos os dias passava horas depois de chegar em casa planejando sobre como conduziria e sobre o que falaria em cada uma das conversas e tudo que decidia tinha valor de ilusão para ele. Conquistá-lo era tudo que se passava pela sua cabeça até quando dormia. Planejava modos de o acaso demonstrar suas qualidades também como nos estudos, e também se arrumava todo dia com o mesmo objetivo. Não, não era muito ajeitada e fazia questão disso.
Usava roupas simples , representavam uma segurança que havia nela indo além da forma de se vestir, ou outra inguenuidade útil a da própria beleza. Sabe aquela história da menina feia que acaba bonita? Era nisso que queria acreditar se vestindo mal, era isso que queria que acreditassem ela era a menina desajeitada que um dia floresceria.
Acreditava então que tudo que fazia era premeditado e o que acontecia também. Mas não, não foi assim que aconteceu ela caira também na própria armadilha.
Conquistá-lo, conquistá-lo no inicio agia fria e cauculista, mas aquela frieza caíra por terra. Mentia tanto que por vezes esquecia que estava mentindo. Simulava tanto que por vezes esquecia que estava simulando . E era nesses momentos que se tornava natural, que dizia coisas sinceras e acabava desviando a forma como queria ser vista. Sem querer, acabou que tanto fingia que acabava sendo sincera e as coisas começaram a se misturar, descontroladamente. E certo dia perdeu o controle de vez. Eles os tres ja haviam se tornado confidente, amigos e tornaram-se populares. Pessoas que tem o seu grupo adquirem uma segurança que lhes permite não ter medo do julgamento alheio de forma que enfrentam qualquer um e assim tornan-se populares.
E naquele dia ela o observou atentamente, como sempre . Já havia se tornado espécie de obsessão. E ele dera atenção e recebera de outra garota. No mesmo dia disse:
- Tenho uma notícia eu to gostando...
- Da Camila?
- É como sabia?
- Nada eu percebo essas coisas fácil.
Ela sabia, porque ela não tirava o olho dele. Ficou arrasada, então o plano acabara tinha falhado e a garota era mais bonita que ela. Nem com ele , ela podia. Mas sentiu mais do que isso, sentiu sofrimento de quem não é correspondido. Amava-o? Obvio que não, dizia a voz mais alta da sua consciencia. Nunca o amara era só um plano. Mas a voz mais alta da nossa consciencia geralmente é a mais errada. E disso é que nunca nos lembramos na hora de ouví-la.
Enfim tinha ido tudo por água abaixo e agora ela tinha decidido que não queria ser desmascarada e decidiu ser amiga. E como amiga lhe deu sinceros conselhos sobre conquistar a outra garota. Estava se recompondo estava voltando a sí.
Entretando aconteceu algo que a colocou de novo no jogo. A outra menina rejeitou o garoto. Claro era de se esperar ele era feio.
Ela sentiu-se feliz, mas fingiu tristeza ainda podia conquistá-lo, mas o amor dele por ela seria muito maior do que o que ele sentira pela outra garota, isso a reconfortou e deu novo motivo a sua prova.
Agora seria melhor, se vencesse seria melhor do que ele e melhor do que ela. Continuou, mas como antes esquecia o objetivo e por vezes era natural sem querer. Por vezes tornousse de novo vitima da própria mentira.
Já havia esquecido todo o jogo quando ele lhe disse:
- Estou apaixonado por você!
Ela fingiu susto, fingiu um pouco de medo. Mas sorte que era tudo online nesse momento, porque os olhos dela brilhavam e ela estava com uma vontade louca de gritar.
Ele estava apaixonado por ela? Ele estava mesmo? Mesmo!
Foi aí que percebeu o próprio crime , mas nunca que era vitima.
Estava constrangida e pediu uma semana pra pensar. No começo ficou radiante por ter vencido a prova era melhor do que ele. Tinha o conquistado! Estava feliz irradiava por dentro. Era só uma felicidade de ter conseguido afinal, mas continuava ardente, ela não pensava em outras coisas sentia tudo intensamente e podia ouvir musica. O corpo parecia flutuar. Algo estava errado era felicidade de mais. Se tratava de uma farsa pensou por um segundo, o desespero lhe tomou conta era tristeza oculta por não ser real. Mas ela esqueceu tão rapido quanto se tocou. Mas proibiu-se de tanta felicidade. Era feliz porque vencera e não por mais nada. Começou a enumerar defeitos no garoto na cabeça era a voz mais alta. Enumerou, enumerou até se sentir péssima então era só aquilo que conseguira? Nunca seria capaz de aceitá-lo, na verdade imagina que aceitaria se ja tinha provado. Mas algo lhe impedia de recusar. O encontrou no onibus no outro dia disposta a mostrar que nao se importava e trata-lo como sempre. O fez, mas com dificuldade. Sentiu algo que não tinha planejado.
O rosto ardeu e as pernas tremeram, tremeram e ela quase perdeu o equilíbrio. Sentiu um frio na barriga ao cumprimentá-lo e as mãos suavam. Ele era feio mas naquele momento parecia lindo. Ela corou-se de ter pensado tamanha idiotice, era uma mentira! Era uma mentira! A voz de novo berrava desesperada no cerebro. Ainda bem que era ótima atriz. Tentou ser como sempre até que cansou e quis deitar no seu ombro. POrque? Afinal ja o tinha conquistado pra que lhe deitar no ombro?
Estava cutucando furtivamente a onça com vara curta, queria que ele fizesse alguma coisa. Queria que ele a salvasse. No fundo escondia de sí mesma que queria ser salva e queria aceitá-lo, queria seus beijos e seus carinhos, queria por que o amava. Mas a voz era potente e berrava. E ele cavalheiro que era não fez nada.
E a semana foi passando tinha que rejeitá-lo mas era impossivel não tinha coragem e o ponto de interrogação continuava. Ele cantou pra ela. Ele berrou que a amava. Ela dizia pra todos e pra ela, estou brincando um pouco quero saber até onde posso controlá-lo, era mentira ela adorava cada coisa q ele fez naquela semana. Ela as vezes se pegava sorrindo lembrando do abraço gostoso que ele tinha e da musica cantada por ele. Ela o amava, mas era uma mentira.
Mas quando a semana finalmente acabou planejara muito, muito um fora espetacular algo que o faria sofrer. Só que acabou escrevendo uma carta onde o elogiava mais do que tudo, onde lhe desejou coisas boas onde deixou meio claro de que era ela que nao o merecia.
O pior é que era verdade.
Ele não sofreu ele se conformou. Isso a magoou secretamente, e se esforçou pra se senit feliz. Não estava, estava na verdade esperando a hora que ele insistisse. Só que ele nunca insistiu e foi ela que tentou reconquistá-lo, mas ele não era idiota de se deixar levar por alguem que nao o amava.
Muito tempo se passou e ela dizia pra todos dessa história como se o amor dele fosse um completo absurdo. Não conseguia esquecer. POrém teve que acontecer algo que a fizesse enchergar e se livrar da sua verdadeira mentira.
O garoto arranjou uma namorada.
Assim que recebeu a noticia, sentiu vontade imensa de chorar arrependeu-se.
Agora os olhos começaram a ver e enchergar de novo. TOda aquela idiotice de provar-se , o feitiço se voltou contra a feiticeira.
SIm ela o amava, sim o que tinham vivido não fora tão falso, era verdadeiro, lembrou-se de todos os momentos que havia perdido o controle de tudo que não fora dissimulado. Ele era o unico garoto q seguiria o seu roteiro e essa era a verdade. Tentou com outros a mesma coisa, mas nunca conseguiu o mesmo resultado.
Ela percebeu como tinha sido estupida e quantas qualidades ele tinha. O toque ingenuo era ingenuidade pensar que era só ele q sentia atração ela também adorava o abraçar, e ela o rejeitou pra provar o q? Que era bonita? Que ele era feio?
Ele ria dela ele contava piadas e fazia ela rir também. Ele seguia o roteiro sem estar ensaiado. Ela lembrou de tudo nele e percebeu que o amava, cada pedaçinho, a sau risada idiota a sua aparencia o seu cheiro. Os seus abraços. Só tinha continuado tudo aquilo porque não tinha perdido o interesse. A Amizade deles era verdadeira. Ele confiou nela de verdade e ela sentia que confiava nele.
Era tarde de mais , ele namorava era feliz e a namorada dele era sincera com ele.
E ela nunca mais conseguiu sentir tudo que sentiu enquanto caia na própria mentira.
Ela nunca chegaria aos pés dele, ela nunca mereceu o seu amor.