Paranoia

“_O número que você ligou está fora de área ou desligado...”

Era a quinta vez que Lara ouvia essa mensagem na última hora ao tentar ligar para seu namorado Roger, a cada minuto ela ia ficando mais e mais ansiosa, pois ele já estava uma hora atrasado para o encontro, e não era qualquer encontro, era aniversário de dois anos de namoro do casal e Lara estava linda e sexy, ela usava uma cinta liga preta, com uma calcinha fio dental com rendas que deixava o mistério do mostra ou não mostra muito sedutor, usava também um corselet muito ousado e sexy que empinava seus seios e afinava a sua cintura deixando-a muito sedutora e atraente.

Seu perfume, se pudesse descrever, diria que era a essência do pecado com notas sutis de provocação e sex appeal, o nome dele era Code Armani, e ela havia ganhado de Roger que, aliás, tinha um bom gosto para perfumes e sempre trazia algum de suas viagens pela Europa em turnê com a banda de Heavy Metal em que ele trabalhava.

Lara ia mais uma vez á janela e olhava os carros passando na rua, a cada farol que iluminava a penumbra da rua seu coração acelerava e ela achava ser seu amado, mas não era, e Lara já pensava na possibilidade de ter acontecido algum acidente ou algo que não o deixasse chegar a tempo, ela quase que preferia pensar que tinha sido isso em vez do que ela mais temia, que ele estivesse nos braços de outra no dia de seu aniversário de namoro.

Roger era um homem de 35 anos, guitarrista, com o corpo esculpido em músculos e rabiscado em tatuagens nas costas que o deixavam ainda mais atraente e másculo, cabelo bem curto e olhos castanhos que hora queriam ser verdes, olhar tão profundo que deixava qualquer mulher tonta, a sua voz era grave e encorpada, e de alguma forma excitava Lara como nenhum homem até hoje havia conseguido, mesmo por telefone.

Telefone,_” pra que ele tem esse maldito celular se quando mais preciso ele não atende???”

Lara retocava a maquiagem, pois seus olhos já haviam lacrimejado um pouco e nesse momento ela pensava que ele podia nem vir, e sua noite de amor e o namoro estariam com os minutos contados, ela era apaixonada por aquele homem, precisava mais dele que de oxigênio, e por mais que ela quisesse imaginar que ele só estava preso no trânsito, sua mente a torturava com imagens de seu amado beijando e tocando outras mulheres, hora era uma loira, em outra uma ruiva, morena, negra, ela conseguia ter ciúmes de mulheres do mundo todo, pois sabia que se ele quisesse ele podia tê-las, não havia como não se sentir insegura, ela sabia que seu homem na verdade sempre foi de todas, e ela o queria só pra ela...

Ele já estava uma hora e meia atrasado, e Lara começava a perceber que ele realmente podia não vir, mas como? _“Como ele podia deixar de vir no dia de nosso aniversário de namoro?” Ela havia produzido o quarto com velas, música, perfumado o travesseiro dele, jogado pétalas no chão, Lara era tão romântica e queria muito seduzir aquele homem e tê-lo só pra ela, mesmo escutando uma vozinha em seu ouvido que dizia “_ Ele está com outra, ele está com outra, ele não te ama”...

Ela começava a desmontar toda a produção e tirava seu salto agulha, quando ouve um bater na porta, e na hora seu coração disparou, pela intensidade e masculinidade da batida ela sabia, era ele, ele veio!!! Desceu as escadas jogando o cabelo pra um lado e pra outro preparando o seu olhar mais sedutor e um sorriso forçado, pois a vontade que ela tinha era de lhe dar uns bons tapas e depois surrá-lo com beijos ardentes, e foi isso que ela fez, quando ele entrou, ela pulou em seus braços o pôs contra parede e o beijou intensamente, e ele retribuiu e a apertou num desejo e tesão intenso que havia entre os dois.

Lara queria muito saber onde ele estava até aquela hora, mas ela precisava tanto sentir que ele era seu, que não perguntou nada, apenas fez amor com ele, como se fosse a primeira e última vez, o cheirou todo buscando o perfume de outra mulher, olhou o pescoço, a camiseta e outras partes mais, tentando achar qualquer vestígio que alguma mulher havia passado pelo seu homem, não encontrou nada, e após o sexo selvagem e romântico que tiveram, ele mesmo se explicou e disse que ficou preso no trânsito e também que havia parado em um shopping pra comprar seu presente de namoro, outro irresistível perfume. Lara queria tanto acreditar na inocência de seu amado que tentou esquecer toda aquela história e dormiu abraçada com ele.

No meio da noite ela acordara se perguntando:

"_ Por que o celular dele estava desligado?"

"_ Não era horário de pico , como ele podia ter pego tanto trânsito assim?"

"_ Por que o sorriso dele me faz pensar que ele me traiu? Será paranoia?"

Afim de buscar respostas, ela aproveitou que ele estava dormindo e fuçou em sua carteira, procurando um recibo do cartão de crédito de algum motel, ou algo de outra mulher, e logo lembrou que precisava mais que tudo ver o celular dele, percebeu que ele não estava com celular e isso a deixou ainda mais encucada, desceu até a garagem, foi até o carro e viu o celular no porta luvas, desligado óbvio, ela queria apenas saber se ele havia estado com outra mulher, ou se era apenas paranoia de sua cabeça. Ao ligar o celular e ver as mensagens a última dizia assim:

“Fizemos amor como nunca antes, eu te amo” Ass: Rebeca

A paranoia tinha um nome, e era Rebeca.

Moral da História:

Desconfiança pode ser paranoia ou a paranoia pode ser sua intuição lhe alertando da dolorida verdade.

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Leticia Nassinger
Enviado por Leticia Nassinger em 27/05/2012
Código do texto: T3691432
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