O ATO
Tudo começou pelo chamar do nome. Nome feminino. Nome que soava como uma nota musical. O sopro da palavra, o sentido do desejo...
Em seguida, o olhar percorrendo todos os poros, os poros eriçados, a pele cálida, gotas de suor perfumado escorrendo no vão dos seios. A voz. O tom. O som chegando suavemente, fazendo tilintar as membranas dos ouvidos. Vida. Mais ardor que as chamas de um sol amanhecendo. Mais, muito mais que águas de cachoeira na saliva querendo desaguar em minha boca.
A extensão dos braços delicados me alcançava. Mesmo sem me tocar. Os carinhos desenhados estampavam os meus delírios. As mãos chegavam onde as estrelas brilham mais forte. As mãos que contornavam minha silhueta... que já não estava mais ali...
Os ombros penduravam as roupas que eu iria despir. Ao mesmo tempo se comunicavam com o pescoço, em um bailado sensual. Eu ensaiava os primeiros passos.
Para que saber as horas se havíamos parado o tempo?
O movimento dos lábios era um exercício de paixão, algo que fazia com que tudo flutuasse, éramos mais leves do que o ar. A união de nossos lábios o sacramento de nossas almas. Almas prontas para habitar a cama. Dominar o leito.
Suas pernas não caminhavam em vão. Vinham em minha direção, pernas com intenção de cruzar com as minhas. Suas pernas foram lapidadas em mármore celestial, os contornos delineavam caminhos paradisíacos. Seus pés pisavam sobre todos os meus pedaços, ajoelhados no púlpito de seu coração.
Porque saber do mundo, se ele foi feito para nós?
Os olhares de nossos olhos, olhares de nossos olhos, olhares de nossos olhos. Nossos olhares. Percorriam a intimidade de nossos horizontes. Penetravam e traduziam os pensamentos. Sem perguntas ou respostas. Olhares que se sabiam.
Quando minha cabeça pousou sobre o colo plácido, realizaram-se todas as ilusões planejadas em minha plantação de instintos. Olhando obliquamente os mamilos que pediam para a Lua descansar, enquanto eu acalentasse o jogo da madrugada. O sentir expandia as atitudes, refletia nos atos e repercutia nos astros. Embriagamos os deuses e desfrutamos do poder supremo de amar.
Fiz escorregar suavemente a alça do vestido, deixando-a cair sobre um terço do braço esquerdo. A aura da timidez oculta refletiu da face avermelhada. Em momento algum meus sonhos se desviaram do impossível. O impossível era o mínimo para aquele momento. O impossível surgia em seu consentimento silencioso.
A sua mão direita fez com que as garras afiadas riscassem meu peito, rasgando o tecido que cobria a parte superior de meu corpo. O beijo.
Neste momento tudo gira, exceto o universo, que fica paralisado diante da explosão de nossos átomos.
O lençol abraça as coxas torneadas, nada incomoda as ondulações da superfície inebriada. O sono furtou-se de acontecer, ofegando entre o ontem e o amanhecer.
Não tínhamos costas. Não poderíamos estar um para o outro, no inverso do que realmente somos. Fronte com fronte. Fonte que matou nossa sede. Forte como o magnetismo dos fluídos que percorriam os rios caudalosos de nossas veias incandescentes.
Qual a necessidade de água nos oceanos, quando o líquido que sorvemos abastece todos os mares de nossos portos?
Corpos.
A troca. A invasão permitida. Substâncias homogêneas. Substrato de nosso todo. O tudo.
Quando as raízes enrodilham-se sobre os troncos provocando a fusão das sementes.
Plantamo-nos um sobre o outro, realizando a fotossíntese do prazer total. Somos de nós mesmos, o nosso alimento. E eco repetido da voz da natureza gerando a recriação dos planetas. Mundos de nosso interior em órbita sobre o leito desnudado de vaidades.
Nunca mais haverá o sétimo dia para descansar...
(Autor conhecido em Off !!)
** Recebi este belissimo conto , onde, segundo o autor, a inspiração veio da poesia "Noite de Amor" **
Poeta,
Tudo começou pelo chamar do nome. Nome feminino. Nome que soava como uma nota musical. O sopro da palavra, o sentido do desejo...
Em seguida, o olhar percorrendo todos os poros, os poros eriçados, a pele cálida, gotas de suor perfumado escorrendo no vão dos seios. A voz. O tom. O som chegando suavemente, fazendo tilintar as membranas dos ouvidos. Vida. Mais ardor que as chamas de um sol amanhecendo. Mais, muito mais que águas de cachoeira na saliva querendo desaguar em minha boca.
A extensão dos braços delicados me alcançava. Mesmo sem me tocar. Os carinhos desenhados estampavam os meus delírios. As mãos chegavam onde as estrelas brilham mais forte. As mãos que contornavam minha silhueta... que já não estava mais ali...
Os ombros penduravam as roupas que eu iria despir. Ao mesmo tempo se comunicavam com o pescoço, em um bailado sensual. Eu ensaiava os primeiros passos.
Para que saber as horas se havíamos parado o tempo?
O movimento dos lábios era um exercício de paixão, algo que fazia com que tudo flutuasse, éramos mais leves do que o ar. A união de nossos lábios o sacramento de nossas almas. Almas prontas para habitar a cama. Dominar o leito.
Suas pernas não caminhavam em vão. Vinham em minha direção, pernas com intenção de cruzar com as minhas. Suas pernas foram lapidadas em mármore celestial, os contornos delineavam caminhos paradisíacos. Seus pés pisavam sobre todos os meus pedaços, ajoelhados no púlpito de seu coração.
Porque saber do mundo, se ele foi feito para nós?
Os olhares de nossos olhos, olhares de nossos olhos, olhares de nossos olhos. Nossos olhares. Percorriam a intimidade de nossos horizontes. Penetravam e traduziam os pensamentos. Sem perguntas ou respostas. Olhares que se sabiam.
Quando minha cabeça pousou sobre o colo plácido, realizaram-se todas as ilusões planejadas em minha plantação de instintos. Olhando obliquamente os mamilos que pediam para a Lua descansar, enquanto eu acalentasse o jogo da madrugada. O sentir expandia as atitudes, refletia nos atos e repercutia nos astros. Embriagamos os deuses e desfrutamos do poder supremo de amar.
Fiz escorregar suavemente a alça do vestido, deixando-a cair sobre um terço do braço esquerdo. A aura da timidez oculta refletiu da face avermelhada. Em momento algum meus sonhos se desviaram do impossível. O impossível era o mínimo para aquele momento. O impossível surgia em seu consentimento silencioso.
A sua mão direita fez com que as garras afiadas riscassem meu peito, rasgando o tecido que cobria a parte superior de meu corpo. O beijo.
Neste momento tudo gira, exceto o universo, que fica paralisado diante da explosão de nossos átomos.
O lençol abraça as coxas torneadas, nada incomoda as ondulações da superfície inebriada. O sono furtou-se de acontecer, ofegando entre o ontem e o amanhecer.
Não tínhamos costas. Não poderíamos estar um para o outro, no inverso do que realmente somos. Fronte com fronte. Fonte que matou nossa sede. Forte como o magnetismo dos fluídos que percorriam os rios caudalosos de nossas veias incandescentes.
Qual a necessidade de água nos oceanos, quando o líquido que sorvemos abastece todos os mares de nossos portos?
Corpos.
A troca. A invasão permitida. Substâncias homogêneas. Substrato de nosso todo. O tudo.
Quando as raízes enrodilham-se sobre os troncos provocando a fusão das sementes.
Plantamo-nos um sobre o outro, realizando a fotossíntese do prazer total. Somos de nós mesmos, o nosso alimento. E eco repetido da voz da natureza gerando a recriação dos planetas. Mundos de nosso interior em órbita sobre o leito desnudado de vaidades.
Nunca mais haverá o sétimo dia para descansar...
(Autor conhecido em Off !!)
** Recebi este belissimo conto , onde, segundo o autor, a inspiração veio da poesia "Noite de Amor" **
Poeta,
Simplesmente esplendoroso, magnifíco .... tenho uma afeição muito grande por contos bem delineados, escrito com sutilidade, sensibilidade e sensualidade .... este está na medida certa ... arrisquei fazer alguns mas sou inexperiente no assunto...rs...fico honrada em ter lhe inspirado...nem sei se eu podia publicar, mas acho uma pena deixar esta obra guardada...resolvi compartilhar.
Muito obrigada por seu carinho.
Muito obrigada por seu carinho.
Beijos