Coraçoes feridos.
Quando Daniel pensou que já tinha passado por tudo e que agora estaria tranqüilo, eis uma bomba para cair em sua cabeça, foi no inicio de junho, o frio deixava gotas geladas de orvalho sobre a folhagem, uma nevoa cobria o pasto, do alto se via a casa a varanda e as janelas fechadas. No curral o leite saia quente, os bezerros separados de suas mães, do outro lado os chiqueiros exalando um cheiro forte, a baia com os cavalos ficava do outro lado, onde o rio descia majestoso por detrás do bambuzal, à montanha iniciava no final do terreiro onde as galinhas passeavam gordas e cacarejando, os pintainhos não haviam se habituado ao frio e procurava o aconchego das asas da mãe, os cães ainda dormiam preguiçosos em seu canil. Na banqueta vendo o leite jorrar forte enchendo a vasilha fazendo borbulhas brancas. não esperava Por visitas, mas ouvia ao longe som de buzina e falas cantadas. Não imaginava quem seria, continuou o seu trabalho após verificar os animais soltar e cuidar, ainda se demorou um pouco a descer. Ouviu o trem que chegava a linha férrea ficava no final do pasto da cerca observava os passageiros pensativos e muitas vezes cruzavam os olhos com alguma mulher e ficava pensando quem seria, para onde ia e com qual propósito, sorria zombeteiro e descia para a casa grande, os pés de jabuticaba e as mangueiras ficavam a esquerda, o jambo e a pitanga do outro lado, o tronco de uma velha arvore se transformou em banco e dali podia sentir o cheiro bom de fruta e o vento que acalmava os ânimos, ouvindo o barulho da queda d’água realmente seu pequeno paraíso era aconchegante sem querer pensar no passado balançou a cabeça e desceu a rampa de terra batida, ao chegar a casa recostou no umbral e ficou olhando a cena o pai abraçado a uma linda jovem e sua madrasta sorrindo ajeitando a mesa do café era uma cena bonita, não fosse a saudade da mãe que lhe doía ate os ossos, foi chamar as irmãs para a escola e se arrumar também, dando um bom dia, parecia que ele não estava ali, e foi nesse momento que notaram sua presença. Lucia apresentou Sabrina sua sobrinha que chegara do sul passaria ali o mês após as apresentações ele seguiu para encontrar as irmãs.
Julia era a mais velha das meninas, em seus quatorzes anos era linda, mas o gênio forte causava discussões com o pai, Joice era mais nova com seus doze anos era meiga e prestativa Janaina era pequena e em seus dez anos era a inteligente da turma, a primeira aluna da classe e pouco falava a não ser o necessário, não discutia,mas não deixava de dar sua opinião em tudo, o que a madrasta muitas vezes ficava furiosa, Jeane era a caçula das meninas, tinha seus oito anos e quando a mãe partira foi a que mais sofreu, no berço dormia o pequeno Samuel seu meio irmão esse sempre acordava com o barulho das irmãs enquanto se arrumavam para irem a escola, aquela preciosidade loiro e com grandes olhos azuis, acordava sorrindo e suas mãos gordas esfregavam os olhos e agarrava o coelho chamando por Daniel, ao descer já estava com fraldas limpas e sem o pijama.
Essa era a rotina após tomar o café, levava as irmãs para a escola depois, iria para o trabalho no sitio vizinho, após sair notou alguma coisa no ar, mas não entendeu o que era.
Enquanto caminhava para a escola voltou ao tempo em que a mãe ainda era viva, quatro anos atrás tudo era diferente a mãe uma mulher linda de pele morena com longos cabelos negros, o pai sempre ausente mas ela não deixava nada transparecer, sempre tinha um sorriso nos lábios uma estória para contar, o dia com a mãe, era alegre, faziam tudo juntos e no final da semana quando estavam em casa era sempre festa, a mãe fazia bolos e biscoitos para semana isso ocupava a todos, depois se sentavam na varanda encerada e ficavam ali criando sonhos e os dedos da mãe em seus cabelos encaracolados fazia o sono chegar rápido depois não se preocupava com mais nada.
Ainda sentia o perfume da mãe a tranqüilidade que emanava daquele colo, o carinho e a bênção de tê-la por perto. A doença chegou de repente, levando a mãe em poucos tempos, isso era uma dor inconsolável, e as irmãs não aceitavam e o pai agora era mais presente em casa e, muitas vezes ficava horas na varanda pensando com o olhar perdido em algum ponto distante. Ate resolver contar aos filhos que iria se casar novamente e que em breve haveria ali uma mulher cuidando de tudo, e foi ai que começou o seu sofrimento, ao ver as irmãs se transformando em empregadas e o medo estampado em seus olhos, perto do pai tomava os devidos cuidados de não demonstrar o que realmente sentia em relação às crianças, e quando veio a gravidez ficou pior, Daniel apenas olhava sem dizer nada, ate porque sabia que ainda não era o tempo de dizer ou fazer alguma coisa. Olhou as irmãs entrando na escola e seguiu para o trabalho, logo mais viria para buscá-las. Ao entrar no trabalho viu de longe o capataz cara fechada e o semblante dizia que alguma coisa não ia bem. Pensou em puxar conversa, mas o bom dia foi seco, prosseguiu pensando nos afazeres do dia.
Ao voltar para casa com as irmãs começou a reparar em como eram bonitas e graciosas, elas sabiam de fato o significado de encanto, duas já eram moças e outras duas caminhando para isso, as conversas mudaram e os cochichos começaram, mas elas sabiam que a ele podiam dizer o que quisesse, ele sempre fora franco e dizia abertamente sobre tudo com as irmãs, era assim que a mãe os ensinou se não pode confiar no irmão em quem iriam confiar? E ainda mais agora sem a mãe, e com o pai casado com uma megera, ao chegar a casa deixou as irmãs e antes de sair de novo foi olhar a égua que estava prenha, em breve teria um potro, almoçou e saiu rápido, ainda tinha muita coisa para ser feita. Viu no pequeno jardim entre os bancos de pedra branca que os antúrios se abriram olhou e sorriu, as flores de sua mãe continuavam a crescer e florescer, viu as margaridas e os girassóis saiu apressado, ao olhar para trás viu o pai em uma calorosa conversa com Sabrina. Foi ver a égua que estava com dificuldade e ajudou no parto, viu o pequeno tentar se firmar no chão, caindo diversas vezes, do alto da porteira, as meninas olhavam surpresas o irmão manusear os instrumentos e depois cuidar da mãe e do filhote, o pequeno potro parecia compreender o cuidado. Ao voltar viu a mesa posta para o jantar, as travessas de prata e a louça da mãe estavam ali na mesa e Lucia estava bonita em um vestido lilás que estava guardado no velho armário da mãe, e Daniel sentiu uma pontada no peito assim como as irmãs que ao ver não aceitaram, e o pai nervoso as colocou de castigo. Apesar do frio Sabrina usava um short e uma blusa de alça realçando os belos seios e as pernas grossas, o cabelo caia em uma franja sobre os olhos verdes a boca era vermelha e sensual o loiro do cabelo fazia caracóis em seus ombros dourados de sol; em seus vinte e poucos anos parecia ser experiente e mais adulta.
Foi o inicio de uma guerra, sentiu um sinal de perigo, algo estava para acontecer, mas ele não sabia o que era, estava atrasado para a escola, eram as provas finais para fechar o semestre, não podia se atrasar pegou a bicicleta e na saída encontrou Ana que seguia na mesma direção, era a amiga de todas as horas, não era possível ver um sem enxergar o outro atrás, os finais de semana iam nadar no lago perto da cachoeira, estudavam juntos e desde o primário estiveram esta sempre estava a volta de bermuda e boné como se fosse um menino, tinha sarda no rosto e grandes olhos castanhos ao sorrir fazia duas covinhas no canto dos lábios, ajeitou a mochila e aceleraram a bicicleta, o caminho ate a escola era de terra e as copas das arvores se encontravam deixando apenas os vãos para os raios de luar entrar, as porteiras e as entradas dos outros sítios eram sempre fechadas ate chegar a linha de trem onde ficava a estrada iam apostando corrida, ele sempre a deixava ganhar, não porque queria que ela ganhasse sempre, mas amava ver a amiga e os fios do cabelo castanho que conseguiam escapar do boné voando ao vento, era bonita assim e não entendia porque se escondia em roupas largas.
O final da aula era sempre assim, vinham juntos contando as lamurias do dia e o que interessava na escola, marcaram para domingo um piquenique, levariam os irmãos e podiam ficar ate mais tarde no campo perto do rio, se despediram ali mesmo no portão e aquela noite por algum motivo ainda desconhecido ficara, se olhando como se faltasse algo a dizer, ou a fazer e não sabiam o que era, disseram um tchau e ele entrou vendo a amiga entrar no portão do outro lado da rua, ao chegar a casa viu que o pai estava na sala conversando com Sabrina e que Lucia não estava ali, as meninas estavam dormindo, olhou o irmão que dormia de bumbum para cima ele ajeitou o cobertor beijando as bochechas vermelhas, foi para o próprio quarto.
Estava escuro ao olhar pela janela uma lua minguava no céu as estrelas pareciam vaga-lumes perdidos no infinito, as arvores silenciosas nem um sinal de vento ouviu uma coruja piar longe, chegou mais perto da janela, mesmo com a luz apagada via o jardim em frente a casa e do outro lado o caminho que dava para o curral deitou tentando dormir.
Na manha seguinte como de costume foi cuidar dos animais, tirar o leite, e tomar seu café antes de ir ao trabalho, ao fim do dia que notou o rosto de Lucia preocupado, dali a um mês completaria dezoito anos, terminaria os estudos e ate o final do ano pensava em partir para a capital onde tentaria fazer o tão sonhado vestibular, o pai ainda não notara que o filho se tornara um homem as irmãs ao se sentarem jantavam em silencio, naquela noite elas não falaram nada ao ver a madrasta com as roupas da mãe, um conjunto verde água que realçava os olhos verdes, os cabelos presos em um coque, deixava um ar serio, era bonita, mas não boa mulher com as crianças, nem mesmo com o pequeno Samuel, se não fosse as irmãs para cuidarem dele não estaria tão belo e tão forte. Comeu devagar e observando o rumo em que as coisas estavam tomando.
Daniel estava pronto e as irmãs em uma euforia só, arrumaram a cesta e a toalha de piquenique Samuel agitava a mãozinha na esperança que não o deixasse para trás, estava frio e as bochechas gordas estavam vermelhas, ajeitado o carrinho e saíram todos os jovens ao encontrarem Ana fizeram uma festa, ela e os irmãos mais novos estavam eufóricos, sempre era bom as festas aos domingos de manha sentavam perto da grande pedra, a arvore pendia para a esquerda e os galhos caiam sobre as águas geladas do rio, era uma bela visão, corriam brincando de pega- pega e de roda, enquanto os mais velhos os observavam Samuel ria tropeçando nos próprios pés, chorando quando caia balbuciava o nome da mamãe sendo socorrido por Ana passavam a manha toda ali depois do lanche caminhavam quase uma hora para chegar em casa, na hora do café da tarde, o incrível entardecer no inverno, as nuvens róseas abraçadas em torno do sol uma bola vermelha, alguns pássaros voando tão alto parecia tocá-lo, o azul límpido do céu escurecendo, um mugido ao longe um latido um balir e um sono leve chegando. Era bom o descanso, a agitação do domingo estava no fim, naquele esconderijo no final do celeiro. Em sonhos continuava, mas em companhia de Ana, agora se transformando em uma linda mulher, aos poucos sentia o ardor e vontade de ter a amiga de infância em seus braços fazendo-a mulher, não sabia se correspondido, mas amando em silencio. Aquela tarde foi diferente algo em suas trocas de olhar dizia isso. Um alerta que veio em seus sonhos, enquanto abraçado ao corpo se entregando e as bocas se unindo, foi despertado por vozes abafadas e sussurros ofegantes, acordou devagar olhou por cima de todo o feno surpreso viu o pai com a sobrinha recém chegada de Lucia estavam ali viu o corpo nu de seu pai sentindo uma ânsia de vomito chegar, viu o corpo belo e jovem de Sabrina os lábios carnudos entreabertos os olhos verdes fechados, os seios redondos e fartos firmes empinados e um caminho de cabelos louros desciam ate o umbigo conforme se movia deixava a mostra um monte de pelos ralos e louros e uma vagina molhada implorando por ser invadida viu as nadegas se movendo e um anus rosa seu pai abrindo-a com cuidado e tentando abafar o barulho, viu seu pai em um momento de êxtase enquanto ela gemia chegando a um orgasmo sem mesmo ainda te-la penetrado, ficou olhando sentindo o vomito chegar em sua garganta, tapou o nariz e deixou que toda comida do piquenique e do café da tarde saísse sem ao menos um barulho, chorou lembrando da mãe que passava as noites em frente a janela pensando onde ele estaria e com quem, ao ver o filho ao seu lado o abraçava e dizia que pedeu o sono por uma enxaqueca, foi assim por muitos anos. Naquele instante pensou em sair dali e nunca mais voltar atrás, parou ao ver o pai penetrando aquele corpo lindo ela estendida como se fosse uma deusa e ele obedecendo aos seus comandos, ao terminar se vestiram e ela nem ao menos olhou para trás, saiu com seu rebolado em seu short curto e sua camiseta colada ao corpo, sentou-se no tronco de arvore, enquanto o pai seguia em direção a casa por outro caminho, da janela do celeiro Daniel observava a cena. Sem coragem de ir em frente. Aquela noite Lucia lhe disse que trocaria seu quarto, passaria para o andar de baixo perto da cozinha, era melhor, e Sabrina ficaria com seu quarto, ele não gostou, mas não disse nada, aquela noite ele decidiu, ele iria embora.
Pensou nas irmãs, pensou nas lembranças da mãe, ajeitou as coisas no outro quarto e dormiu.
Na manha quando entrou para o café e buscar as irmãs disse ao pai sua decisão, este não disse nada e ao ver o filho saindo apenas disse boa sorte.
Na fazenda foi falar com o capataz, que o aceitou e foi junto com os outros peões que aprendeu grande parte do que precisava saber, não deixava de cuidar das irmãs e não se importava de acordar mais cedo e acompanhar as irmãs e tão pouco de buscá-las sentia falta de Samuel, mas isso teria que esperar o domingo.
O mês de julho chegou com uma chuva forte, e as férias da escola, a poeira das ruas sendo lavadas e um cinza escuro tomando o dia, triste e sem rumo sentia as aflições da nova fase adulta, alcançara a tão sonhada maior idade, e Ana lhe fez uma surpresa, dera de presente uma cinta com a fivela com um cavalo sendo domado, e também recebeu naquela noite o seu primeiro beijo de Ana e assim escutou risadas eram suas irmãs chegando e lhe dando cartas e abraços, Lucia fez um jantar e um bolo de surpresa a ele, ao entrar depois de tanto tempo viu o pai em sua velha cadeira, sentiu o mesmo nojo de quando viu a cena no celeiro, Sabrina estava de cabelos presos e com uma calça colada ao corpo, uma blusa de linha moldando o corpo bem feito.
Sentaram-se todos comendo com alegria e os sorrisos de suas irmãs, eram também sua alegria, Samuel em sua saudade aprendeu a dizer eu quero o Daniel, e isso foi ouvido em segredo ate cair em seus braços e não querer mais sair. Daniel pegou o violão e tocava as canções que as irmãs pediam, e quando Lucia pediu que cantasse uma canção ele notou o olhar triste da madrasta, a musica falava de uma suposta traição e uma despedida. Ele em reposta cantou algo que insinuava que o que aqui se faz aqui se paga. Ela então estava desconfiada e ele sabia a verdade. Após as crianças em suas camas ele foi levar Ana e os irmãos que já estavam com sono ate a casa e assim voltaria para o alojamento onde os peões o esperavam para sair e curtir a noite.
Acordou estava escuro, as nuvens estavam amarelas e róseas, o sol não demoraria a sair. Ele lavou o rosto com força para tirar as marcas da noite passada, sentiu uma pontada de remorso ao pensar em Ana que não saberia do ocorrido a noite passada, ao conhecer catlyn uma menina da cidade, experiente e selvagem que o seduziu fazendo-o um homem, o bar a cerveja o calor daquele corpo, não tinha como sair fora, mas em todo tempo pensou em Ana que naquela hora dormia tranqüila esperando que no dia seguinte o veria tão seu. O que não seria mentira, o sentimento era só dela e não seria de nenhuma outra mulher. Isso ele tinha certeza, pensou em sua mãe, o que ela diria e como reagira ao saber da verdade sobre o pai. Não chegou a nenhuma conclusão, mas entendeu como os corações são feridos e como não existe cura para esse mal.
Saiu em seu domingo de folga foi ver as irmãs e o pequeno Samuel, ao chegar viu que algo não ia bem, as irmãs saíram para se encontrar com ele ainda era cedo e elas apenas disseram que Lucia não estava bem , ao saber do pai o que acontecera ele disse que já sabia e contou ao pai o que vira um dia de tarde no celeiro a um mês atras. Naquela noite Lucia fingira que dormia e o pai ao estar certo que dormia, saia da cama, e ela ouviu passos no lado de fora, e viu pela janela o que já desconfiava, Sabrina trancava a porta e dizia que não acordava com batidas na porta, a menos que tenha dormido o sono que costumava dormir, ali ela viu a mentira, saiu devagar seguindo os dois no escuro, ao chegar ao celeiro a porta estava trancada por dentro, mas muitas vezes notou Daniel indo buscar as irmãs que se escondiam por uma passagem secreta, e foi por ali que ela entrou, ao ver a cena pensou em reagir, mas o baque foi muito forte e ela caiu batendo a cabeça em uma ferramenta tombando para um monte de ferro ao lado das sacas de milho.
Ao verem ela em sangue e desmaiada pensaram que ela estava morta, abriram a porta, Sabrina saia correndo e o pai tentando socorrer Lucia. Não fora grave, mas Lucia levou pontos na cabeça e esteve desacordada por toda madrugada, ao abrir os olhos estava pálida e começou a soluçar chorando compulsivamente, sentiu o abraço das enteadas que seguravam em sua mão dizendo que tudo ia ficar bem. Quando se acalmou foi ao quarto ajuntando as roupas e colocando em uma mala, e foi nesse estante que Samuel chegou, não queriam ficar longe do irmão, ao ver Sabrina sentada nos degraus da escada ficou admirado, como ela podia ser tão fria, estava ali esperando o que? E ao fazer a pergunta ouviu o relato de sua triste estória, ela era noiva e feliz, mas a tia em seu desvario e bebedeira ficou com ele e por não ser correspondido suicidou, não era justo que ela não pagasse, ela fez morrer o único homem que ela amou, e, a diferença de idade a impedia de assumir, mas continuava mantendo o caso, ao saber daquela estória triste ele se sentou e começou a pensar, agora varias coisas faziam sentido.
O pai estava ali, sentado na sala cabeça entre as mãos, Sabrina nos degraus, Lucia de malas prontas, as irmãs apreensivas, Samuel chupando seu dedo gordo e não havia uma explicação. Ao abraçar as irmãs, ele então começou a dizer ao pedir que Lucia esperasse para ouvir o relato que ele tinha a fazer.
Quando minha mãe era viva, muitas vezes ela passava horas na janela esperando meu pai chegar, frio, calor La estava ela, e ele sempre ausente, minha mãe morreu de aneurisma, ela se foi jovem, não queria nos deixar, mas não tinha mais vontade de viver, e quando ela leu na carta o caso de vocês Lucia ela chorou tanto que as veias de sua cabeça se romperam, eram detalhes que ela não merecia saber, e ela acordava cedo para ajudar meu pai nas despesas da casa, ela era a mãe e mulher exemplar, e tudo que você fez as minhas irmãs minha mãe nunca faria, você é ma ate mesmo com seu próprio filho, agora diante do que me contou a Sabrina, o suicídio do homem que ela amava, e tem meu irmão, que não quero ver indo embora, você fez tudo isso porque pensou que essa casa era de meu pai, e que ele tinha algum dinheiro, mas não é verdade, essa casa era de minha mãe e ela deixou para nos, e o dinheiro que meu pai recebe é pensão de meus avos que nos envia todo mês, e meu pai o que ganha é quase nada. Ela deixou tudo por amor, e morreu por esse amor. Então de hoje em diante eu quero paz na casa de minha mãe e nossa também, hoje eu quero que você pense bem, pois nosso irmão não tem culpa de nada e você não tem condição, Sabrina, arrume suas coisas e vou te levar a estação e você Lucia desarrume a mala porque eu sei que não é isso que meu pai quer e isso é assunto entre vocês dois, acredito que você como não foi boa mãe, também não foi boa esposa, nem boa madrasta, então sente-se e converse vocês dois. Enquanto eu levo Sabrina e vocês meninas vão tomar cuidar do almoço e de Samuel e quando eu voltar espero que tudo esteja resolvido, só não quero mais, minhas irmãs sendo mal tratadas e meu pai sendo esse homem sem identidade.
Ao sair viu Lucia pedindo perdão a Sabrina e sentando-se ao lado do pai, olhou com um olhar de vitoria para os céus, onde quer que estivesse sabia que ela estava em paz.
Ao voltar encontrou Ana em seu portão com olhos vermelhos, ele havia esquecido do compromisso, mas sabia que ela o entenderia, afinal os amigos se entendiam sempre, ela estava em seus braços e enquanto falavam das coisas do coração, esqueceu a noite passada, ali estava uma estória começando e ao entrar com ela na varanda da casa viu o pai e a madrasta no tronco da arvore, as crianças estavam na sala o aquecedor estava ligado e Samuel dormia no sofá as irmãs desenhavam e escreviam; um cheiro bom de bolo e café vinha da grande cozinha.
E aqueles corações feridos estavam cicatrizando e recomeçando uma nova vida.